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Dead Space Remake preserva a tensão e diversão do jogo original
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Dead Space Remake preserva a tensão e diversão do jogo original

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Tecmundo
31/01/2023 19h01
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Espaço... a fronteira final. Essas são as viagens da nave USG Ishimura em seu remake quase 15 anos depois para explorar novos gráficos, novos áudios, novas fases e desafios, audaciosamente indo onde o Dead Space original... bom, até que já esteve, mas agora com muitas melhorias e cara nova!

Nessa época em que temos mais remakes e remasterizações do que nunca, e a linha entre ambos parece bastante tênue, a desenvolvedora Motive jogou bastante seguro ao refazer a aventura de Isaac Clarke para a atual geração de hardware. Ainda que o jogo tenha sido totalmente refeito no motor Frostbite, nostalgia acaba sendo a palavra-chave por aqui. Entenda no nosso review completo a seguir!

Antes de experimentar o remake, eu tinha zerado a trilogia original de Dead Space na época de seu lançamento, e creio que o contexto daquela época importa bastante como ponto de partida. Afinal, quando o primeiro game chegou às lojas, faziam apenas três anos que Resident Evil 4 tinha reinventado o horror de ação completamente nos videogames graças à sua vibrante nova perspectiva com câmera over the shoulder para tiroteios mais empolgantes em terceira pessoa.

Os videogames passariam os próximos anos tentando copiar ou evoluir as ousadas ideias de um dos melhores jogos de todos os tempos, e a saudosa desenvolvedora EA Redwood Shores (posteriormente Visceral Games) foi certamente um dos seus alunos mais aplicados. Afinal, o próprio criador Glen Schofield admite a influência direta dessa joia da Capcom, além do cinema sci-fi misturado com horror psicológico, como o do clássico Solaris.

Mas o jogo passava longe de ser uma cópia escarrada de Resident Evil 4 em um novo ambiente. O engenheiro Isaac Clarke tinha uma movimentação mais moderna, fluída e completa, e as armas que ele encontrava pelo caminho eram usadas para desmembrar os monstros estrategicamente. Muito do horror vinha da atmosfera e do som, departamentos primorosos e que foram bem honrados no remake. Assim, a ideia da nova desenvolvedora Motive parece ter sido preservar e potencializar nesses acertos, mas sem reinventar a roda. Em time que está ganhando... se mexe só um pouquinho.

Ainda que eu ache mais interessante quando um remake faz uma reimaginação ou reavaliação drástica da obra original, como aconteceu recentemente com Resident Evil 2 (modernizando totalmente as mecânicas e reinventando fases antigas) e Final Fantasy 7 Remake (discutindo abertamente em seu novo texto a essência e utilidade de um remake de forma metalinguística), também existe valor em recriar uma experiência com o máximo de polidez possível, e Dead Space cumpre muito bem essa cartilha.

Para nós aqui do Brasil, agora temos legendas em português em todos os diálogos e textos localizados, o que abrilhanta ainda mais as variadas adições narrativas. Um dos principais elementos dignos de nota é que Gunner Wright, intérprete de Isaac Clarke no segundo e terceiro jogos, agora fala e reage explicitamente aos outros personagens, o tornando mais carismático. Isso era algo que inexistia em absoluto no primeiro game!

Isso beneficia muito a narrativa como um todo e torna ainda mais prazeroso aprender sobre o seu enredo, desde a ameaça dos necromorfos que infestam a nave até a misteriosa ligação com a Igreja da Unitologia. A adição pontual de missões secundárias aqui e ali, somadas a diálogos inéditos e aprofundamento dos personagens, me lembra um pouco a tendência cinematográfica moderna de lançar "versões do diretor" expandidas. É como se Dead Space sempre devesse ter sido experimentado dessa forma, mas cortes da época nos tenham privado desse conteúdo.

Nessa espécie de "refilmagem", um fator que altera drasticamente o ritmo para a melhor é a quase completa ausência de loadings, que só acontecem caso você perca uma vida em combate. De resto, o mundo inteiro é interconectado entre si tanto por um elegante sistema de portas e chaves de acesso como pelo monotrilho que transporta rapidamente o nosso herói de um ponto ao outro da Ishimura.

Para os mais impacientes, o marcador de objetivos está a um clique de distância de apontar para o caminho mais rápido até o próximo ponto principal da trama e de resolução do capítulo, mas desta vez, mesmo quando você muda de "fase", sempre estará com o resto da Ishimura à disposição para explorar! Isso acaba gerando um impacto positivo na estrutura do gameplay, agregando mais liberdade apenas para quem estiver disposto a abraçá-la. É o melhor dos dois mundos.

Quem jogou o game original deve lembrar que uma de suas maiores conquistas técnicas era a direção e design de som. Até mais do que a ótima arte, era o áudio quem mais e melhor criava a sensação de que a própria Ishimura era um organismo vivo e personagem ativo da história, sempre com os sons dos motores, máquinas e criaturas se misturando numa macabra sinfonia de tensão permanente. Naturalmente, isso tudo foi atualizado em ótimos resultados para garantir ainda mais imersão e tridimensionalidade aos elementos.

Eu joguei no PlayStation 5 e curti também como o controle DualSense foi bem utilizado em suas mecânicas de vibração, talvez uma das melhores da geração até agora! Por lá, eu também tive duas opções de performance, a resolução (com direito a 4K e ray tracing a 30 fps) e desempenho (60 fps, mas sem ray tracing), ambas disponíveis também no Xbox Series X de acordo com a produtora, mas ausentes na mais humilde versão para Series S.

Ambas as alternativas cumprem muito bem o seu papel e a escolha fica mais a gosto do freguês, ainda que eu me sinta mais inclinado a recomendar os 30 fps porque o jogo continua fluído o bastante e sem prejuízo aos combates ao mesmo tempo em que você curte o melhor visual possível para aumentar o terror e suspense. É uma aula de otimização bem feita!

Entretanto, nem tudo são flores. A qualidade de imagem sofre um pouco e a EA já afirmou que está trabalhando no problema, que consiste em uma resolução dinâmica agressiva e o uso exagerado do VRS (Variable Rate Shading), que deveria economizar recursos em cenas escuras, mas causa uma grande bagunça visual, dando a impressão de Dead Space rodar em uma contagem de pixels muito abaixo da exibida no display – especialmente na versão de PS5.

Outras adições dignas de nota incluem a adição de modos de tiro alternativos a certas armas e, principalmente, a forma como ficou mais evidente nos corpos dos monstros o quão impactante o seu golpe foi, com os seres perdendo pedaços da pele antes mesmo dos membros serem partidos de vez.

Os segmentos em gravidade zero também ficaram mais divertidos e com controles mais livres, bem na linha daqueles implementados na sequência direta. Por fim, há várias melhorias pontuais de qualidade de vida no HUD e sistema de inventário melhor otimizado, além de aprimoramentos nas árvores de habilidades dos nódulos, que agora não premiam mais espaços inúteis. São várias gratas melhorias aqui e ali que engrandecem o pacote como um todo!

Dead Space era um clássico do terror de sobrevivência espacial e, sem surpresa, continua sendo exatamente isso. A Motive conseguiu preservar bem as nossas memórias mais queridas ao mesmo tempo em que realizou uma série de pequenos e médios aprimoramentos a fim de modernizar a experiência.

Para os leitores mais velhos, é quase como revisitar jogos queridos na coletânea Super Mario All Stars, onde gráficos e sons retrabalhados são a tônica. Ou seja, ainda que se trata de um remake, não é algo inovador, transgressor ou iconoclasta, mas sim uma obra que singra confortavelmente por um espaço já conhecido fazendo adições onde pode. Uma missão menos simples do que parece, e uma missão que o estúdio cumpre com louvor.

Dead Space foi gentilmente cedido pela EA Games para a realização desta análise.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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