É possível uma estrela se tornar um planeta? A ciência responde!
Tecmundo
As estrelas estão a milhões de anos-luz de distância, contudo, elas continuam brilhando e criando um espetáculo visual para os amantes do céu noturno. Como algumas brilham de forma tão intensa, há quem acredite que elas estão queimando em uma temperatura tão alta e, quem sabe, talvez possam explodir em algum momento no futuro e se transformar em outro objeto cósmico mais poderoso, como um planeta.
Mas isso não é verdade. Para a maioria dos astrônomos e cientistas da área, não é possível que uma estrela se transforme em um planeta, como a Terra, Marte, Júpiter, ou outro. A realidade é que o processo de nascimento de um corpo celeste tão massivo é muito mais complicado do que se pode parecer.
Os pesquisadores apontam que talvez exista apenas um tipo de estrela que pode se 'transformar' em um planeta: são as anãs marrons — transformar não é a palavra correta, na realidade, elas compartilhariam algumas características de planetas. Mas alguns cientistas nem as consideram como uma estrela real; outros não consideram que ela se transformaria em um planeta.
Para explicar um pouco melhor se é possível que uma estrela se torne um planeta, o TecMundo reuniu informações de astrônomos e especialistas da área. Confira!
De acordo com o professor de física Dr. Christopher S. Baird, da West Texas A&M University, nos Estados Unidos, talvez seja possível que uma estrela se 'transforme' em um planeta.
Contudo, apenas se for uma estrela anã marrom, um objeto celeste que não é nem considerado como estrela por alguns astrônomos; o argumento mais comum é que elas não são massivas o suficiente para iniciar o processo de fusão nuclear do hidrogênio que acontece em uma estrela comum. Inclusive, outros cientistas apontam que as anãs marrons nunca se tornariam um planeta por que ficam no centro do nosso Sistema Solar.
As estrelas regulares podem até ajudar a oferecer elementos pesados para a formação dos planetas, contudo, elas não se transformam em planetas.
O fato é que para muitos astrônomos, uma anã marrom é considerada um objeto astronômico estranho, já que são muito mais massivas que alguns planetas, mas menos do que a maioria das estrelas comuns; por exemplo, em média, ela possui até 13 vezes mais do que massa de Júpiter. Além disso, ela não conseguiria passar pelo mesmo processo de fusão nuclear que as estrelas regulares, pois sua massa não seria o suficiente para fundir o hidrogênio comum.
“Alguns cientistas não consideram as anãs marrons estrelas verdadeiras porque não têm massa suficiente para iniciar a fusão nuclear do hidrogênio comum. Ao mesmo tempo, outros cientistas também não consideram as anãs marrons como verdadeiros planetas porque normalmente ficam no centro do sistema solar, assim como uma estrela”, descreve Baird em seu site.
Como são extremamente massivas, estrelas comuns podem sustentar o processo de fusão nuclear e transformar o seu 'combustível' interno, hidrogênio, em elementos mais pesados, como hélio, carbono e ferro. No final da vida, essas estrelas explodem e espalham diversos materiais cósmicos na região, então, os gases liberados durante a explosão podem auxiliar na formação de outras estrelas.
Já as anãs marrons não são massivas o suficiente para fundir o hidrogênio comum, por isso, elas acabam realizando a fusão do deutério (uma versão mais pesada do hidrogênio). Além disso, assim como os planetas, as estrelas marrons esfriam a medida que continuam a envelhecer. É por isso que alguns cientistas, como o Dr. Baird, acreditam que elas podem se compartilhar algumas características com planetas, mas outros não concordam.
As estrelas comuns e anãs marrons se formam a partir do gás restante das explosões estelares, já os planetas se formam a partir da junção de elementos mais pesados. De qualquer forma, a formação de planetas é um processo complexo que envolve mais do que os elementos que restaram de uma estrela que explodiu.
A ilustração representa uma anã marrom; diferentemente das estrelas, os planetas não emitem luz, mas refletem a luz das estrelas que orbitam, como a Terra faz com o Sol.
O que pode acontecer, assim como já aconteceram diversas outras vezes, é que os elementos pesados liberados durante a explosão estelar podem auxiliar na formação de um planeta. Mesmo assim, os pesquisadores consideram que uma estrela comum nunca poderá se transformar em um planeta de uma forma direta.
De acordo com a doutoranda em astronomia Kovi Rose, na Universidade de Sydney, na Austrália, é possível que, no futuro, algumas anãs marrons sejam reclassificadas como planetas. Ela afirma que os cientistas poderão passar por um processo como aconteceu com plutão, quando ele foi rebaixado para planeta anão; ou seja, os pesquisadores podem começar a compreender que as anãs marrons são outra coisa, como planetas.
“Os cientistas acreditam que os planetas, incluindo aqueles em nosso sistema solar, provavelmente começam como grãos de poeira menores do que a largura de um fio de cabelo humano. Eles emergem de um gigantesco disco em forma de rosquinha composto de gás e poeira que circunda estrelas jovens. A gravidade e outras forças fazem com que o material dentro do disco colida. Se a colisão for suave o suficiente, o material se funde, crescendo como bolas de neve em rolagem", a NASA explica em uma publicação sobre planetas.
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