Nova camada do núcleo da Terra pode ter sido descoberta
Tecmundo
O núcleo da Terra está aparecendo bastante no noticiário ultimamente.
No fim de janeiro, um estudo publicado na revista Nature sugeriu que a parte mais central do planeta pode ter parado gradualmente de girar e invertido o sentido de rotação.
Agora, uma nova pesquisa encontrou evidências de que pode existir uma camada nesse núcleo que até então era desconhecida, mais interna que o próprio núcleo interno — hoje, a ciência reconhece que existem apenas quatro camadas no núcleo da Terra: crosta, manto, núcleo externo (líquido) e núcleo interno (sólido).
Segundo o estudo de pesquisadores da Universidade Nacional da Austrália (ANU), publicado na revista científica Nature Communications, a descoberta do "núcleo interno mais interno" pode ajudar a responder algumas questões sobre o planeta.
Os cientistas explicam que se trata de uma bola formada por uma liga de ferro e níquel, encontrada por meio de uma análise de ondas sísmicas que vibravam em toda a Terra, indo e voltando em um movimento de ricochete, por até cinco vezes — ondas causadas por terremotos.
Ao analisar as ondas, os pesquisadores perceberam a presença de uma camada interna no núcleo mais interno da Terra e que essa camada estava mudando o tempo das ondas sísmicas que passavam por ela. Eles acreditam que essa bola metálica pode ter se formado após um evento global que aconteceu no planeta em algum momento no passado.
Para realizar a descoberta, o estudo utilizou dados de centenas de sismômetros instalados em diversos continentes.
“Como os radiologistas que fazem imagens dos órgãos internos de um paciente, os sismólogos usam ondas sísmicas de grandes terremotos para estudar o interior profundo da Terra. Os terremotos são nossas fontes, e os sismômetros que registram movimentos do solo ou vibrações que se movem pela Terra são nossos receptores", escrevem os sismólogos Thanh-Son Pham e Hrvoje Tkalcic, autores do estudo, em um artigo escrito para o site The Conversation.
Conforme os pesquisadores explicam, o estudo pode ajudar a entender a evolução da Terra e da vida no planeta, pois são as correntes de convecções geradas no interior do planeta que criam o campo geomagnético ao redor da Terra — é justamente esse campo que nos protege contra a radiação vinda do espaço, capaz de permitir a vida como conhecemos. A corrente de convecção é gerada quando o núcleo interno da Terra se expande para fora e começa a solidificar o líquido do núcleo externo.
Os cientistas acreditam que a Terra é formada por apenas quatro camadas, mas a nova pesquisa afirma que existe uma quinta.
A diferença da quinta camada para o núcleo interno não é tão visível, mas a expansão das redes continentais de análise de dados promete melhorar a nitidez das observações do interior da Terra. Assim, o estudo pode ajudar e incentivar outras pesquisas a entender a história evolutiva do núcleo interno e a sua conexão com o campo magnético.
"Este núcleo interno é como uma cápsula do tempo da história evolutiva da Terra — é um registro fossilizado que serve como porta de entrada para os eventos do passado de nosso planeta. Eventos que aconteceram na Terra centenas de milhões a bilhões de anos atrás", disse o sismólogo e professor Hrvoje Tkalcic, em comunicado da ANU.