O 'cronômetro da morte': entenda como funciona o envelhecimento celular
Tecmundo
Pensei em muitas maneiras sobre como eu poderia iniciar este texto, pois o envelhecimento vai muito além de um conceito biológico indesejado. Socialmente, o envelhecimento também assume o mesmo papel catalítico, indicando o início do fim de uma existência. Mas será que é isso mesmo?
O envelhecimento é um processo natural que ocorre desde o momento em que as primeiras células, herdadas dos genitores, se uniram em prol da formação de uma nova vida. Entretanto, como algo que nem existe, ainda, já deu início na contagem regressiva?
Os processos de envelhecimento são bastante complexos e não totalmente esclarecidos. Sabe-se, por exemplo, que as células dos seres vivos não envelhecem todas ao mesmo tempo. Você pode ter uma pele de 20 anos e rins que podem parecer ter eras, sem nenhuma contradição biológica.
Sendo assim tão intrincados os processos de envelhecimento, existem diferentes teorias sobre o tema. Enquanto algumas dão conta de um processo biológico natural, outras incluem interferências sociais sobre o envelhecimento cognitivo e psicológico, que desencadeiam estresse sobre as células incentivando a senescência.
Seja de dentro para fora, ou vice-versa, envelhecer é algo que irá acontecer com todos, e por isso, pesquisas tem andado em duas frentes: compreender como o envelhecimento acontece e como frear, ou parar, esse processo. E vamos começar de dentro para fora.
O núcleo da questão
Em uma pesquisa recente, publicada na Revista Nature Aging, pesquisadores da Weil Cornell Medicine parecem ter encontrado uma relação entre a expansão do nucléolo celular e a abertura de um cronômetro de envelhecimento e morte.
Os testes e observações foram realizadas com células de leveduras. A escolha por essa classe celular foi realizada por sua similaridade funcional com células humanas e de outros seres vivos.
A observação demonstrou alguns fatores interessantes em relação aos processos de senescência dessas células, como, por exemplo, uma expansão do nucléolo, tornando o mais acessível para invasão de outros elementos nucleares.
Essa permeabilidade da estrutura acaba contribuindo para desestabilização do DNA ribossomal (rDNA) guardado, até então, a salvo de interferência externa. Quando o nucléolo expande, o cronômetro mortal é disparado, e as células parecem não serem capazes de se reproduzir mais do que cinco vezes antes de morrerem.
De modo a desvendar se o processo de envelhecimento e o start mortal realmente poderia ser desencadeado pela expansão do nucléolo e desestabilização do rDNA, o grupo decidiu fixar as paredes do nucléolo no núcleo da célula.
Exemplificando de uma maneira bem simples, seria como ter um balão dentro do outro. O balão interno teve as paredes "coladas" ao balão externo para que tivesse uma limitação de até onde ele poderia ser inflado.
O resultado dessa tentativa foi bastante satisfatório. Os dados mostraram que manter o nucléolo estável e pequeno, sem esse acréscimo de expansão, manteve a célula viva e se reproduzindo por mais tempo.
Mas isso está longe de ser tão simples ou uma resposta definitiva para o envelhecimento. O primeiro impasse é saber quando o nucléolo irá expandir. As observações demonstraram que o crescimento não é algo gradual, sendo assim, algum gatilho dispara a necessidade desse aumento, mas ainda não se sabe o motivo.
O rDNA contido nessa estrutura também é algo bastante sensível e difícil de ser reparado, pois possui sequências muito repetitivas, que comando a formação dos ribossomos e síntese de proteínas. Ao longo dessas replicações, ele pode acumular erros na sequência.
E sabemos que erros sequenciais em conjunto com "células imortais" são a receita para doenças graves.
Contudo, a ideia dos pesquisadores é utilizar a nova descoberta para aumento da longevidade de células-tronco, por exemplo, dando a elas maior oportunidade de replicação, desenvolvimento e "construção" de tecidos desejados.
Saber como frear esse processo de envelhecimento celular também contribuíra para que o rDNA possa se manter estável e funcional, evitando, talvez, doenças crônicas comuns ao envelhecimento como cardiopatias, doenças neurodegenerativas, dentre outras.
Ainda que para o grupo da Weil Cornell Medicine, outros fatores de envelhecimento celular, como encurtamento dos telômeros ou oxidação celular também possam ter relação com essa perda de estabilidade dos nucléolos, a pesquisa continua apenas nos primeiros achados, havendo necessidade de mais investigação.
Até termos uma terapia capaz de frear o envelhecimento, que tal pensar em outras maneiras de envelhecer com qualidade?
Se você é jovem ainda, amanhã será um jovem com mais experiência de vida
Qual tal pensar em alguns métodos para ter um envelhecimento saudável mantendo a qualidade de vida? Claro que os joelhos podem ranger e as costas podem reclamar, mas é importante pensar e praticar estratégias para que esse seja um processo agradável.
Com o envelhecimento do nosso corpo, mediado por processos internos e externos, como exposição a luz solar, produtos e substâncias químicas, além do estresse do dia-a-dia, são fatores que contribuem para a aceleração ou retardo da senescência.
Manter uma alimentação balanceada, exercício físico, sono e descanso de qualidade, além de visitas regulares ao seu médico podem ser boas estratégias para manter não apenas seu corpo, como sua mente mais ativa e jovem, fazendo com que nosso cronômetro biológico possa atrasar, ao menos um pouco.
Fatores genéticos também podem estar associados à rapidez com a qual nossa contagem regressiva é iniciada, então, cabe a nós fazer o que nos é possível enquanto há tempo, e sempre há tempo. Que tal começar hoje a envelhecer com mais qualidade?
Mas se isso ainda não te convenceu, pode se interessar em outros estudos sobre como "reverter" o envelhecimento. Envelheça com qualidade e conhecimento continuando a acompanhar o TecMundo. Nos vemos na próxima!