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O melhor RPG de Natal que você não jogou — e talvez nem jogará
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O melhor RPG de Natal que você não jogou — e talvez nem jogará

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Tecmundo
25/12/2023 18h00
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É Véspera de Natal, no ano de 1997, e luzes festivas iluminam a neve de Nova York. Embora a descrição se pareça bastante com o começo de um filme clássico do período natalino, como Esqueceram de Mim, ela se refere ao cenário de um jogo bastante único desenvolvido pela Squaresoft — que anos depois se tornaria a imponente Square Enix.

O título em questão trata-se do icônico Parasite Eve, um jogo de terror e RPG lançado em março de 1998 para o PlayStation 1. Com uma mistura um tanto inusitada de elementos, especialmente para sua época, a obra despontou no mercado como a aposta da Squaresoft para competir com o titânico Resident Evil, trazendo uma narrativa fortemente influenciada pelo gênero da ficção científica.

Mesmo sendo lançado em um ano muito competido, com lançamentos como The Legend of Zelda: Ocarina of Time, Final Fantasy VII e Metal Gear Solid, o estreante Parasite Eve ainda se consagrou como o sétimo jogo mais vendido do Japão no período. Contudo, apesar da boa recepção crítica e comercial, o brilho do título acabou sendo ofuscado, levando a franquia a ser “deixada de lado” com o passar dos anos.

Abaixo, o Voxel relembra o legado de Parasite Eve, um dos melhores jogos de terror e RPG que você provavelmente não jogará — e explicamos o porquê!

Sumarizar Parasite Eve é uma tarefa um tanto quanto ingrata, ainda que possível: a trama segue Aya Brea, uma policial de Nova York, que testemunha um caso de combustão espontânea múltipla durante uma apresentação no Carnegie Hall. Além dela, apenas a atriz principal sobrevive, mas transformada em uma criatura completamente deformada.

Com uma trama bastante cinematográfica, repleta de suspense e elementos de horror, o grande trunfo de Parasite Eve é a origem de seus monstros: a biologia humana. Com as devidas extrapolações fantasiosas, o jogo coloca as mitocôndrias — “as geradoras de energia da célula,” como diz a clássica frase — para justificar transformações e até habilidades especiais baseadas em energia. 

Aya BreaAya Brea, em Parasite Eve.

Nessa mistura de elementos, Parasite Eve também destaca a própria cidade de Nova York, no maior clima natalino, como um de seus protagonistas. O jogador poderá explorar mapas com cenários pré-renderizados de diversas localidades reais, como o Museu Americano de História Natural, Central Park e o Chrysler Building, permitindo um maior nível de imersão.

Antes abarrotadas de turistas e moradores, essas regiões inóspitas tornam-se convidativas para a exploração, junto da belíssima direção de arte de Tetsuya Nomura.

Central Park, em Parasite Eve.Central Park, em Parasite Eve.

Para completar, a trilha sonora de Parasite Eve impressiona qualquer um. Há toques de ficção-científica e orquestras tradicionais, deixando o jogador sempre curioso ou tenso durante a jogabilidade. A composição é obra de Yoko Shimomura, que também participou no desenvolvimento de outras obras, como Street Fighter 2, Final Fantasy XV, e múltiplos jogos na franquia Kingdom Hearts.

Mas há de ser claro: apesar de seu contexto e ambientação, Parasite Eve não possui temas muito natalinos. De tudo, sua narrativa subverte a agitação festiva com uma ameaça desconhecida, capaz afetar qualquer cidadão na cidade em ataque, de uma maneira bastante assustadora. Portanto, é justamente nessa proposta inusitada que o título se destaca — e merece nossa atenção!

christmasTrecho de "Feliz Natal", em Parasite Eve.

Diferente da fórmula já consagrada da Squaresoft, com tradicionais batalhas por turnos, Parasite Eveé um RPG com elementos mais ativos de ação — algo inovador, na época. Nele, Aya deve esperar a Barra de Tempo Ativo (AT) carregar antes de atacar ou usar itens, mas ainda pode se movimentar na arena. Ao utilizar uma arma de fogo, por exemplo, a agente pode selecionar um número limitado de alvos, determinado pelo equipamento em uso.

battleSistema de batalha em Parasite Eve.

E por falar em equipamentos, há de se mencionar outra novidade em Parasite Eve: seu sistema de personalização de armas. Nele,é possível modificar armas com variados tipos de peças encontradas no cenário, permitindo mais ataques por vez, novos modos de disparo, ou alterar o tipo de munição usada, por exemplo. Há um sistema similar para os itens de proteção, como coletes, bem como para as habilidades especiais e status da personagem.

Confira uma demonstração do inventário e combate de Parasite Eve, logo abaixo:

Apesar de inovador, porém, o sistema de combate e personalização de armas não foi tão bem recebido pelos jogadores mais puristas de RPG, ou fãs ávidos do Survival Horror — gênero praticamente recém-nascido, na época. Para esse grupo, a falta de maior comprometimento com apenas um dos gêneros acabou por atrapalhar a experiência, embora rica em narrativa. Essa característica, em especial, viria mudar bastante nas sequências de Parasite Eve.

Em dezembro de 1999, Parasite Eve II chega às prateleiras, aprimorando boa parte das críticas feitas ao seu antecessor — além de trazer um enorme salto gráfico. Nele, a câmera está mais similar a títulos clássicos do survival horror, como Resident Evil e Silent Hil, utilizando ângulos fixos e, por vezes, acompanhando a personagem. A trama do jogo traz de volta Aya Brea, três anos após os eventos do primeiro jogo, agora como uma agente especialista em combater monstros mitocondriais.

Nessa sequência, tudo está maior, melhor e mais nítido — com a possível exceção da trama. Diferente do título original, que é uma espécie de sequência criativa a um livro homônimo escrito por Hideaki Sena, Parasite Eve II toma maior liberdade e desenvolve sua própria narrativa. Nele, Nova York e suas ruas frias dão lugar ao Oeste Americano moderno, com boa parte da jogatina se passando em uma pequena cidade esquecida no árido Deserto de Nevada.

Embora tenha seus méritos criativos, como as nada amigáveis transformações e nível implacável de violência, Parasite Eve II talvez peque em não respeitar sua originalidade e tentar competir com a natureza de Resident Evil — o que lhe rendeu comparações injustas. Para acompanhar e dar seguimento a trama de grandes proporções vistas no primeiro jogo, a sequência falha em trazer um enredo menos crível, sendo quase megalomaníaco, com direito a laboratórios secretos e muito mais. Ainda assim, é um jogo extremamente divertido e assustador.

O combate de Parasite Eve II está mais dinâmico, não exigindo mais a Barra de Tempo Ativo para atacar com armas de fogo, apenas para utilizar habilidades especiais e itens táticos. O sistema de equipamentos também foi simplificado, embora ainda suporte certas modificações menores, agradando os jogadores mais fãs de survival horror.

Confira o sistema de batalha de Parasite Eve II abaixo:

Com recepção positiva da crítica especializada, Parasite Eve II vendeu cerca de 1,04 milhões de unidades até 2004. Entretanto, sua presença no mercado não conseguiu competir com outros gigantes, como Resident Evil 3: Nemesis, que vendeu mais de 1 milhão de cópias apenas no Japão, após um mês de seu lançamento. O desempenho certamente afetou a franquia, que recebeu somente mais uma sequência.

Em 2009, a Square Enix decidiu apresentar a franquia Parasite Eve para um novo público, já que ela não recebia um jogo há dez anos. Para isso, a empresa optou por desenvolver The 3rd Birthday, um título conceitual envolvendo viagens no tempo, projeções de consciência e diversos outros clichês que enterraram grandes franquias, como Dino Crisis — que descanse em paz. Como se a ousadia não fosse suficiente, a empresa escolheu o PSP como o lar principal para o título, algo que poderia economizar no orçamento, mas também limitar severamente sua jogabilidade.

E foi o que aconteceu: The 3rd Birthday teve uma mudança completa em sua jogabilidade, deixando de ser um survival horror com elementos de RPG para tornar-se um cover-shooter, aquele subgênero de ação quase extinto, em que os personagens se escondem atrás de barreiras para trocar tiros. A dinâmica narrativa também tornou-se confusa, com elementos propositalmente desconexos para criar a impressão de complexidade, enquanto a jogabilidade basicamente se refletia em uma grande guerra contra minhocas-temporais.

A combinação, naturalmente, não agradou os jogadores de longa data, e nem atraiu um novo público para a franquia. A recepção de The 3rd Birthday foi ligeiramente positiva, graças aos gráficos e à trilha sonora obtidos no console, mas seu número de vendas refletiu a decepção do público, tendo apenas 350 mil unidades vendidas até 2011.

Parte disso, talvez, se deva ao nível polêmico de sexualização de Aya Brea presente em todo o jogo. Sem qualquer propósito prático ou narrativo, The 3rd Birthday possui um sistema de danos às roupas, que poderia ser utilizado para representar feridas, sujeira e rasgados tradicionais. Porém, essa implementação serve apenas para reduzir as vestes da protagonista em trapos cada vez menores, exibindo artificialmente partes do seu corpo de maneira nada natural ou crível. Há, inclusive, recompensas secretas que envolvem cenas da personagem tomando banho — um desrespeito total à sua imagem como heroína, reduzida a artifício sexual.

ayaAya Brea é descaracterizada no novo sistema de roupas de 3rd Birthday.

Por conta dos problemas de The 3rd Birthday, sua existência é praticamente ignorada pelos fãs da franquia, já que ele nem mesmo carrega o seu nome no título — assim, para todos os efeitos, é tratado com um spin-off indesejado.

Atualmente, não há formas acessíveis de jogar Parasite Eve, ou suas sequências, em consoles da nova geração. Em meios oficiais, só é possível encontrar os títulos da franquia na loja online do PlayStation 3, ou nos custosos discos originais. Assim, o caminho restante é através da emulação, que permite experimentar os jogos com diversas melhorias.

Futuro da franquia 

Em 2022, a Square Enix decepcionou milhares de fãs com o registro de novas marcas registradas no Japão, sugerindo que Parasite Eve poderia retornar para a nova geração. Infelizmente, os documentos se revelaram, na verdade, como parte de um projeto de NFTs proprietário da empresa.

Desde então, não há indícios de que Parasite Eve retorne tão cedo — e, até lá, resta jogar como for possível.

NFT Collectible Art Project
SYMBIOGENESIS
Untangle the Story
Spring 2023#SYMBIOGENESIS #symgeNFT #NFT #NFTProjects pic.twitter.com/Kk1JvMdQx4

E você, já conhecia Parasite Eve? Nos conte nas redes sociais do Voxel!

Diferente da fórmula já consagrada da Squaresoft, com tradicionais batalhas por turnos, Parasite Eve é um RPG com elementos mais ativos de ação — algo inovador, na época. Nele, Aya deve esperar a Barra de Tempo Ativo (AT) carregar antes de atacar ou usar itens, mas ainda pode se movimentar na arena. Ao utilizar uma arma de fogo, por exemplo, a agente pode selecionar um número limitado de alvos, determinado pelo equipamento em uso.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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