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O que são as 'fazendas de likes' e para que eles servem?
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O que são as 'fazendas de likes' e para que eles servem?

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Tecmundo
16/07/2024 19h15
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©Imagem: GettyImages
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A cena parece de um filme de ficção científica: um ambiente precário com inúmeros celulares antigos lado a lado, todos conectados para se manterem com bateria. Na frente deles, pessoas repetem a mesma tarefa sem parar, tocando na tela para gerar curtidas ou comentários.

Esses locais existem de verdade e são as fazendas de cliques, uma prática que serve para inflar números nas redes sociais que burla regras das plataformas e traz vários riscos. Só que a promessa de números inflados ainda atrai e torna esse tipo de serviço bastante requisitado.

O que são as click farms?

Fazendas de likes, fazendas de cliques ou click farms são serviços que prometem aumentar números em sites ou redes sociais a partir de tráfego falso, disfarçado de usuários de verdade.

Elas são usadas para ações como curtir publicações, escrever resenhas positivas, fazer comentários elogiosos ou críticos em uma postagem, clicar em anúncios e se cadastrar em plataformas

A tática é usada por influenciadores digitais, contas corporativas e até políticos que desejam inflar seguidores, comentários, curtidas ou compartilhamento — o famoso engajamento.

"Na maior parte das plataformas, é essa métrica que determina o sucesso de um conteúdo. Os algoritmos entendem que, quanto mais engajamento uma publicação tiver, mais relevante ela é. E, sendo assim, a distribui para mais pessoas", explica Gabriela Pederneiras, coordenadora de Social Media na NZN.

De acordo com Pederneiras, isso é especialmente relevante em estratégias que visam vendas. Afinal, o engajamento é a “prova” que parte do público foi impactado pela publicação e que ela fez sentido para ele de alguma forma. Portanto, o usuário começa a construir um relacionamento com a marca, que pode culminar em uma venda.

Como funcionam as fazendas de cliques?

Essas “fazendas” são estabelecidas de duas maneiras. Elas podem ser bots , robôs programados para repetir uma tarefa digitalmente a partir de contas falsas ou roubadas, por exemplo.

Só que a visão mais conhecida — e que beira o surreal — envolve várias pessoas em computadores ou smartphones, todos conectados a contas diferentes em uma rede social. Os funcionários normalmente estão sob péssimas condições de trabalho e são mal remunerados, mas repetem a mesma tarefa sem parar.

Além desses exemplos, alguns serviços são remotos, com funcionários nas suas próprias casas e com operações que variam em estrutura. A contratação é por “pacote”, de acordo com a quantidade e a complexidade da ação.

Só que o resultado pode ser tão artificial quanto as contas. "As click farms dão um engajamento falso para o criadores. Por mais que eles atinjam números mais rápidos, esses resultados são vazios e não convertem numa futura venda nem geram comunidades", reforça Gabriela.

Em 2023, o fotógrafo Jack Latham publicou um livro chamado "Beggar’s Honey” (O Mel do Pobre, em tradução literal) com seus registros de fazendas de likes.

Ele encontrou várias em locais como Tailândia, Vietnã e Hong Kong , com diferentes configurações de aparelhos, e fez cliques impressionantes.

Algumas fazendas de cliques encontradas por Latham. (Imagem: Jack Latham/Huck Mag)

Fonte:  Jack Latham/Huck Mag 

Apesar da estrutura precária, o conhecimento desses profissionais em redes costuma ser alto. Responsáveis por fazendas sofisticadas sabem que é preciso cuidado em ações artificiais, pois o comportamento massivo levanta suspeitas da plataforma.

Até por isso, a tarefa não é automatizada para um robô e envolve múltiplos aparelhos e pessoas. Há quem use softwares para mascarar o IP ou até os endereços MAC, além de trocar contas com frequência para evitar o rastreio.

Prejuízo para todos os lados

Só que usar fazendas de likes traz riscos e possíveis prejuízos. Segundo Fabio Assolini, diretor da Equipe Global de Pesquisa e Análise da Kaspersky para a América Latina, quem utiliza este recurso pode ser penalizado com um limite no alcance ou até o banimento da conta.

Botnets podem ser usadas em fazendas de cliques. (Imagem: Getty Images)

Fonte:  GettyImages 

Além disso, o perfil do influenciador pode ser usado para disseminar links para sites maliciosos ou ser invadido pelos operadores dessas fazendas. "A principal dica neste caso é não utilizar o recurso, visto que pode causar danos desde reputacionais até de vazamento de dados", aconselha.

A prática traz ainda questões éticas, já que esse engajamento artificial pode inflar publicações fraudulentas, mentirosas ou enganatórias. Fazendas de likes ainda podem ser usadas em campanhas de difamação, política e spam .

O que dizem as plataformas

Em nota enviada ao TecMundo, a Meta, dona do Facebook, WhatsApp, Instagram e Threads, salientou que é importante que as interações "sejam genuínas". Ela diz trabalhar para "manter a comunidade livre de comportamentos inautênticos" e reforça que esses serviços violam os Termos de Uso.

"Investimos recursos significativos para combater esses tipos de abuso em nossas plataformas e, quando detectados, consideramos todas as opções aplicáveis, incluindo a suspensão e a remoção das contas", disse um porta-voz da companhia.

Já o TikTok encaminhou links para as diretrizes da comunidade e um relatório de aplicação dessas regras em 2023. "Permanecemos firmes em nosso compromisso de identificar e remover prontamente todas as contas, conteúdos ou atividades que buscam impulsionar artificialmente a popularidade na nossa plataforma", diz trecho do documento.

Apesar de existirem caminhos que parecem mais fáceis, eles não trazem o mesmo resultado do trabalho duro de criação de conteúdo nessas plataformas.

"Não existe fórmula mágica para crescer nas redes sociais. O mais importante é identificar seu público, estipular um nicho de conteúdo e fazer publicações de qualidade e relevantes levando esses dois fatores em consideração", finaliza Gabriela Pederneiras, a especialista em redes sociais.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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