Octopath Traveler II é uma joia que foi lapidada com muito carinho
Tecmundo
Poucas empresas de videogame conseguem aproveitar toda a capacidade do HD-2D com tanta maestria como a Square Enix. Isto já foi constatado em 2018 com o primeiro jogo da série Octopath Traveler.
Lembro-me como se fosse ontem, quando vi pela primeira vez aquele visual robusto, cheio de vida e, ao mesmo tempo, uma pegada bucólica, que te prende de uma forma inexplicável.
Eu joguei cerca de 60 horas do primeiro título. Me diverti muito, mesmo com os problemas de roteiro e de narrativa. E mesmo com aquele final inesperado e, que no meu ponto de vista, deixou muito a desejar.
Independentemente disso, todo o resto superou minhas expectativas de uma forma bruta. Quando foi anunciado o segundo jogo, eu já comecei a sonhar nas possíveis melhoras.
Quando temos uma continuação de um game que teve o seu devido sucesso, geralmente esperamos novidades e algo que possa elevar a série de uma forma jamais vista. Ainda mais com um hiato de 5 anos, que no mundo dos games é praticamente um bom tempo.
Só que não foi isso que aconteceu. Pelo menos, a impressão que eu tive é que a empresa tentou polir ainda mais tudo o que deu certo no primeiro game.
Vale destacar que o segundo jogo não é uma continuação do primeiro. Em Octopath Traveler II nós temos oito novos personagens, com oito novas histórias e, lógico, as iniciais dos oito nomes equivalem a OCTOPATH, assim como no primeiro título.
Diferentemente do primeiro jogo, Octopath Traveler II foi lançado não só para Switch, mas também para PS4, PS5 e PC. Inicialmente, o primeiro game chegou apenas para Nintendo Switch, mas depois recebeu um port para PC, Stadia e Xbox One.
Isto mostra um pouco de como o jogo cresceu sem ao menos existir uma expectativa muito grande sobre ele. A confirmação do segundo título para os consoles da Sony mostra como o jogo tornou-se um monstro dentro do universo do RPG.
Algo que marcou o primeiro game da série foi o sistema de batalhas. Em Octopath Traveler II não tivemos uma evolução, mas uma continuação do que deu certo, com um polimento e um balanceamento muito maior.
Com isso, o jogador consegue se divertir e, ao mesmo tempo, ter um desafio à altura, fazendo com que o jogo seja muito instigante. As premissas do primeiro jogo seguem por lá.
As mecânicas Break e Boost seguem presentes. Para quem não conhece, cada inimigo possui um escudo que é quebrado por certas armas e feitiços. Quando isto ocorre, o jogador perde sua ordem no combate, ficando para trás.
Eu gosto muito deste requisito, que coloca a estratégia de combate em algo relevante ao longo dos confrontos. Ele é determinante para o seu sucesso nas lutas.
O Boost potencializa suas ações de ataque e pode ser utilizado da forma que você bem entender. Toda vez que ocorrem ações na batalha, o jogador acumula pontos para utilizar ao longo do seu ataque.
Com o passar do tempo, o jogador acumula experiência e sobe de nível, como num bom RPG. Aqui fica a dica. Ao longo da história e do cenário é possível desafiar personagens. “Perca” tempo e enfrente-os. Você pode ganhar características novas para o seu personagem.
Como disse anteriormente, em Octopath Traveler, o que mais me deixou triste foi a narrativa e o roteiro. Tudo era arrastado, tirando muito do interesse no jogo. Isto interferia diretamente na identidade como um todo.
A sorte é que todo o resto me interessou demais, caso contrário, era bem provável que eu tivesse deixado o jogo de lado. Já, em Octopath Traveler II, o ponto negativo foi corrigido e tornou-se seu verdadeiro trunfo.
As histórias de todos os personagens são intrigantes. Desde Hikari, um guerreiro que fugiu do seu reino devido a revolução feita por seu irmão, até Osvaldo, um mago que foi culpado pela morte da sua esposa e filha, sendo preso em terras geladas.
Os roteiros te envolvem da melhor forma possível, com narrativa e cortes nos momentos corretos, como uma bela história contada no cinema. Tudo é muito bem amarrado. tudo muito bem contado.
Isto é fundamental para que o envolvimento com as histórias ocorra da melhor forma possível e o jogador possa criar uma empatia com os personagens presentes no enredo. Ao longo de cada aventura você pode adicionar três integrantes à sua jornada.
Esta possibilidade aumenta em muito o fator replay de cada história, já que com a diversidade de cada personagem é possível construir diversas frentes para batalhar.
A interação entre os personagens não é densa, pesada, como no primeiro título. Ela realmente agrega, tornando toda a narrativa mais atraente e interessante. Impressiona como cada personagem possui um enredo diferente do outro, assim como as características de cada um durante as batalhas.
Algo que pode ser contestado é a liberdade que você tem ao longo das aventuras. Uma das características de Octopath Traveler II é dar uma imensidão de possibilidades, como um jogo de mundo aberto.
Mas é apenas impressão. Em cada um dos cenários existe uma dificuldade. Indiretamente eles te forçam a seguir certos caminhos, para que o jogador esteja pronto para os mais complicados.
Para finalizar, vale destacar que cada personagem pode interagir de duas formas com os NPCs do jogo. Sem contar que elas aparecem durante os dois modos em que se pode jogar, diurno e noturno.
O tempo pode ser seu amigo ou inimigo. Digo isto porque os inimigos também mudam, dando uma cara diferente em toda a aventura. Portanto, prepare-se para muito desafio.
A Square Enix tem uma verdadeira jóia nas mãos. Uma pedra preciosa que foi lapidada há 5 anos da melhor forma possível e que pode ter cada vez mais seu destaque no mundo dos games.
Vale destacar também que a equipe por trás do jogo, o trio Square Enix, Aquare e Team Asano, tem tudo para ser um dos mais importantes para quem curte RPG nos próximos anos, devido à excelência e confiança no que foi e é produzido.
Octopath Traveler II é um jogo fundamental para quem curtiu o primeiro game e também para quem é apaixonado por RPGs
"História que são um verdadeiro colírio para os nossos olhos"
Octopath Traveler II foi enviado gentilmente pela Square Enix para a realização deste review, que foi feito no Nintendo Switch