Urano e Netuno: estudo revela as 'cores reais' dos dois planetas
Tecmundo
Um estudo publicado hoje (5) na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society está mudando a forma pela qual conhecemos o planeta Netuno. "Embora as imagens familiares de Urano pela Voyager 2 tenham sido publicadas em uma forma mais próxima da cor 'verdadeira', as de Netuno foram, na verdade, esticadas e aprimoradas e, portanto, tornadas artificialmente muito azuis", dizem os autores.
Segundo o líder da pesquisa, Patrick Irwin, professor da Universidade de Oxford na Inglaterra, os dois planetas têm, na realidade, um tom de azul esverdeado parecido. No entanto, as primeiras imagens de Netuno, transmitidas no verão de 1989 pela sonda Voyager 2 foram escurecidas para realçar suas nuvens, faixas e ventos .
Na época, os cientistas planetários já conheciam o procedimento de saturação da cor do gigante azul, e as imagens foram divulgadas com legendas explicando isso, afirmou Irwin em comunicado. No entanto, "essa distinção foi perdida com o tempo".
Comparação entre as imagens da Voyager 2 e as do estudo atual
Para restaurar as cores de Netuno ao seu estado original, a equipe utilizou novas imagens do Telescópio Espacial Hubble da NASA e do Very Large Telescope da Agência Espacial Europeia (ESA). Com seus instrumentos mais modernos que os da Voyager 2 (que é de 1977), foi possível obter um espectro das "verdadeiras cores aparentes" dos dois planetas.
Depois, os cientistas retomaram as imagens originais da Voyager 2 e as reequilibraram à luz dos novos dados, obtidos em comprimentos de onda ultravioleta, visível e infravermelho próximo. A cor azulada da atmosfera dos planetas deve-se a uma camada de metano , que absorve o tom avermelhado da luz solar.
O estudo conclui que a cor de Urano é ligeiramente mais branca, possivelmente porque a característica "estagnada e lenta" de sua atmosfera possibilita uma acumulação da névoa de metano. Isso aumenta a extensão que reflete porções vermelhas da luz solar.
O estudo também abordou outro mistério sobre mudança de cor, porém de Urano , que ocorre durante a sua órbita de 84 anos ao redor do Sol. Para isso, os autores compararam as imagens do planeta gelado com as medições do seu brilho registradas pelo Observatório Lowell, em Flagstaff nos EUA, entre os anos de 1950 e 2016, nos comprimentos de onda azul e verde.
Esses dados mostraram um Urano mais esverdeado nos seus solstícios (verão e inverno), quando um dos polos do planeta, que gira praticamente de lado, está apontado para o Sol, o que pode ser atribuído à presença de partículas de gelo de metano acumuladas.
A situação muda durante os equinócios, quando o Sol incide diretamente sobre o equador, e a tonalidade volta ao azul mais claro. Ainda conforme o estudo, o metano tem, perto dos polos, metade da abundância exibida no equador de Urano.
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