Home
Entretenimento
O que as séries de televisão falam sobre o jornalismo?
Entretenimento

O que as séries de televisão falam sobre o jornalismo?

publisherLogo
Tecmundo
07/01/2022 21h30
icon_WhatsApp
icon_Twitter
icon_facebook
icon_email
icon_WhatsApp
icon_Twitter
icon_facebook
icon_email
PUBLICIDADE

Nós, os viciados em série, podemos listar mil argumentos para tentar explicar por que gostamos tanto de assisti-las. Uma das razões poderia ser explicada assim: elas parecem nos dar um gostinho, por algumas horas, de como é estar na pele de alguém com uma vivência tão diferente da nossa.

Há séries muito famosas que se centralizam em nichos do campo de trabalho. Mad Men, por exemplo, fala sobre como era a realidade das agências de publicidade durante os anos 60. Já ER nos ajuda a entender a rotina de um hospital americano público – diferente de Grey’s Anatomy, cuja abordagem do exercício da medicina parece estar no campo dos hospitais privados.

E talvez poucos ambientes tenham rendido tantas séries quanto o das redações jornalísticas. Daria para dizer que, assim como ocorre em torno dos médicos e do trabalho policial (já notou quantas séries sobre delegacias e investigações policiais existem?), o trabalho do jornalista também é cercado por uma forte mística. Basta lembrar que o próprio Superman é um jornalista, e sua paixão, Lois Lane, é sua colega de trabalho na redação do Planeta Diário.

Mas nenhuma profissão do mundo é estanque. E com o jornalismo, que lida justamente com as novidades, não poderia ser diferente. Há uma quantidade de séries novas e antigas que discutem o universo jornalístico (e da mídia como um todo, de forma mais ampla) que nos mostram o quanto a visão que a própria ficção tem sobre este ofício mutável foi se alterando ao longo do tempo. Neste texto, você vai lembrar ou conhecer alguma dessas séries, para assim compreender o que elas falam sobre esta profissão.          

The Mary Tyler Moore Show

Fonte: CBSFonte: CBS

Para começar, uma “vovó” das sitcoms: a série The Mary Tyler Moore Show, exibida pela CBS entre 1970 e 1977, conquistou o coração de muitos espectadores da época – especialmente as mulheres. Isto porque a protagonista, a Mary do título, se tornou uma espécie de heroína. A moça tinha 30 anos e ainda não havia casado (para os padrões da época, era praticamente uma solteirona). Depois de terminar com o noivo que a enrolava, ela se candidata para um emprego de assistente de produção de um telejornal.

Ainda que a série foque mais na jornada pessoal de Mary Tyler Moore, ela faz um interessante apanhado histórico sobre o trabalho jornalístico – como a importância de um telefone (de disco!) na redação de um telejornal. A série era vista como muito antenada, pois chegou a discutir temas como aborto, divórcio, métodos contraceptivos e as diferenças salariais entre homens e mulheres.

NewsRadio

Fonte: NBCFonte: NBC

A NBC focou na realidade do rádio dentro desta sitcom produzida entre 1995 e 1999, e com boa parte do elenco provinda do humorístico Saturday Night Live. A história começa com a chegada de um diretor de redação, Dave Nelson (vivido por David Foley, do programa canadense de humor Kids in the hall) para coordenar a equipe da segunda maior rádio de Nova York.

Em NewsRadio, há uma abordagem que é relativamente recorrente sobre o jornalismo, mostrando os profissionais que representam publicamente os veículos (como os locutores e apresentadores dos telejornais e locutores de programas de rádio) como pessoas egocêntricas e que não gostam de ser criticadas, enquanto os trabalhadores dos “bastidores” (como produtores e pauteiros) fazem a parte pesada e nunca ganham reconhecimento. Nesta série da NBC, o diretor é mais experiente que todos os funcionários, mas mesmo assim fica tendo que conquistar o respeito deles.

How I Met Your Mother

Fonte: CBSFonte: CBS

Muita gente adora essa sitcom da CBS, exibida entre 2005 e 2014. Se é o seu caso, talvez você lembre que a personagem Robin, vivida por Cobie Smulders, é uma jornalista que passa a série toda buscando algum reconhecimento na carreira, mas só arranja empregos ruins.

A representação do jornalismo nessa série, no fundo, é bastante crítica: Robin atua como repórter e âncora de telejornais, mas as matérias que consegue cobrir são sempre inúteis. Por inúteis, entenda amenidades como notícias sobre bichinhos, cachorro-quente e curiosidades sem impacto de fato na vida de ninguém. Portanto, embora seja uma série de humor, How I Met Your Mother acaba fazendo um comentário pertinente sobre a verdadeira função dessa profissão – que vai muito além da oportunidade de "aparecer na TV”.

The Newsroom  

Fonte: HBOFonte: HBO

Sem dúvida, esta é a série mais completa (e complexa) sobre a realidade da rotina dos jornalistas. Isto porque ela é focada muito mais nas questões da profissão do que nos dramas pessoais dos personagens (embora eles também apareçam na série).

The Newsroom foi produzida pela HBO entre 2012 e 2014 e trouxe várias discussões relevantes sobre as dificuldades que os jornalistas têm em seu dia a dia. Não por acaso, os episódios são tensos (a série é um drama) e exigem muita atenção do espectador. 

A partir dos debates mantidos pelo âncora Will McAvoy (Jeff Daniels) com sua equipe, conseguimos ter um bom relance dos dilemas diários destes profissionais – tais como a delicada relação com as fontes de informação, a dependência de bons índices de audiência e os desafios de produzir telejornais em uma época já regida pela internet.

A série, aliás, nutre uma certa visão do que alguns autores chamam de “jornalismo utópico”: a ideia do jornalista como alguém que sempre faz um trabalho importantíssimo à população, e é capaz de mudar os rumos da nação. Por isso mesmo, é um profissional que costuma sacrificar a própria vida. Não por acaso, em The Newsroom, as relações pessoais de Will McAvoy, e de boa parte dos demais personagens, são completamente desastradas.

Great News

Fonte: NBCFonte: NBC

E sabe aquele ditado que diz o humor, às vezes, é a única forma de falar umas verdades? Great News, produzida pela veterana Tina Fey, é uma sátira ao jornalismo que se leva a sério demais. Isto porque tudo na série (produzida entre 2017 e 2018 e disponível na Netflix) é equivocado: a protagonista (uma repórter que tenta se dar bem profissionalmente e acaba tendo que ser colega da própria mãe) é atrapalhada, os chefes são incompetentes, o âncora é antiquado, a coâncora é uma socialite de verdade (ela é vivida por Nicolle Richie).

Ao fazer rir por meio do ridículo, a série faz exatamente o oposto de The Newsroom: trata o jornalismo e a comunicação como um ambiente de pessoas deslumbradas que, na verdade, não fazem algo tão importante assim.

The Morning Show

Fonte: Apple TVFonte: Apple TV

Atualmente em exibição, a incensada The Morning Show, do Apple TV+, tem como trunfo tentar trazer assuntos do momento para o debate. A série gira em torno de um tradicional programa matinal (algo como um Mais Você, da Globo, com um pouco mais de toque jornalístico) que sofre um abalo quando seu âncora mais querido é acusado de ter seduzido mulheres no local de trabalho, tirando proveito de sua condição de poder.

The Morning Show, portanto, tematiza a questão do jornalismo após o escândalo do #MeToo, movimento encabeçado por mulheres após a veiculação de reportagens que denunciavam as décadas de episódios de assédio e violência sexual cometidos pelo produtor de cinema Harvey Weinstein. 

Não por acaso, as duas protagonistas são duas mulheres – inclusive, com posturas opostas. Alex (Jennifer Aniston) simboliza a vaidade das apresentadoras e apresentadores que mais estão preocupados em ser queridos pelo público do que em fazer jornalismo; já Bradley (Reese Whiterspoon) é o estereótipo do jornalista idealista e abnegado, com noções rígidas sobre a diferença entre o certo e o errado.

Succession 

Fonte: HBOFonte: HBO

Parece estranho incluir a cultuada série sobre os milionários de Succession nesse texto? Até pode ser, mas vale lembrar que a família Roy é dona de um conglomerado de mídia poderosíssimo. A série da HBO, em exibição desde 2018, fala o tempo todo sobre os perrengues da família na hora de tomar suas decisões sobre o futuro de seus negócios.

Uma das temáticas centrais, aliás, é a teimosia do patriarca Logan Roy ao seguir investindo em mídias tradicionais (como jornais e televisão) enquanto direciona pouca atenção (e dinheiro) às mídias digitais. Os “dinossauros”, tal como Logan, estão já tão desatualizados e precisam ser enterrados para dar espaço aos novos? Em Succession, isso serve para pensar tanto nos personagens quanto no próprio jornalismo.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
icon_WhatsApp
icon_Twitter
icon_facebook
icon_email
PUBLICIDADE
Confira também