Na quinta temporada, 'Sessão de Terapia' amadurece e oferece experiência única na TV brasileira
Contigo!
Sessão de Terapia continua sendo uma série fora do padrão da TV brasileira em todos os sentidos.
Na quinta temporada, a série dirigida e protagonizada por Selton Mello segue completamente fora da curva e da caixinha. Com tramas que se desenrolam de maneira horizontal (episódio a episódio) e vertical (a cada paciente atendido pelo protagonista, Caio), a produção foge de duas armadilhas simultâneas.
A primeira delas é tentar forçar um grande drama contínuo e bombástico para segurar a audiência a cada fim de episódio. O drama de pano de fundo é apresentado delicadamente e de maneira progressiva a cada episódio. O foco é sempre no paciente da vez - com entradas ocasionais da história do psicólogo.
A segunda é cair na tentação da maratona. Mesmo sendo lançada no Globoplay, o formato de distribuição mudou: agora são cinco episódios por semana. O que funciona muitíssimo bem é justamente fugir da ideia de assistir um após o outro e ver um episódio por dia, na sequência da semana. Em tempos de pandemia, em que os dias se confundem, ter uma marca clara (e afetiva) de qual dia da semana é excelente.
Mas dentro da ficção, a série também parece ter amadurecido. Na temporada anterior, momentos panfletários com pouca naturalidade roubaram a emoção, mas aqui as questões políticas e sociais são completamente amarradas ao drama íntimo e pessoal de cada paciente atendido - e o elenco afiadíssimo amplifica os temas.
É curioso que Rodrigo Santoro seja o ator que menos se destaca, já que é o "maior" nome ali, o que deve ocorrer pela natureza mais silenciosa do personagem. Letícia Colin brilha como sempre, natural e impactante. Christian Malheiros entrega um personagem duro por fora e suave e vulnerável por dentro, enquanto Luana Xavier navega com perfeição entre a extroversão sorridente e o sofrimento. Miwa Yanagizawa é destruidora como uma enfermeira traumatizada que enterrou as dores ao longo da vida. Cada um empresta ao seu dia da semana um clima bem específico.
Selton Mello conduz a série e impressiona com a enorme distância entre o psicólogo com voz serena e sorrisos discretos do consultório e o paciente às vezes agressivo e explosivo.
Decisão acertada também foi evitar colocar a pandemia como tema principal. A série parece se passar em um momento utópico em que a vida consegue andar de maneira mais ou menos normal - com máscaras e procedimentos, mas sem que uma terapia presencial seja preocupante. Personagens falam em encontros com a família, em festas e idas ao shopping para andar e comer. Não se fala em vacina ou número de mortes.
Por enquanto, a temporada está na segunda metade, com mais dez episódios pela frente, disponíveis toda sexta-feira no Globoplay.
SESSÃO DE TERAPIA
Série Globoplay/ GNT - 20 episódios
Cotação: Ótimo