A escultura em formato de brinquedo erótico que enfureceu Paris
Aventuras Na História
Em outubro de 2014, uma curiosa intervenção artística em Paris, capital da França, foi capaz de dividir opiniões pelos controversos olhos de alguns curiosos; intitulada 'The Tree' ('A árvore', em tradução livre do inglês), a peça de 24 metros ocupava a praça Vendôme, em uma área conhecida por edificações de luxo ao redor.
Contudo, a tal escultura, confeccionada pelo artista norte-americano Paul McCarthy, que poderia ser uma representação minimalista de um pinheiro, na verdade, tinha uma forma idêntica ao de um brinquedo sexual, conhecido como plug anal.
Com base sólida como uma raiz própria para remoção, centro estreito e corpo que afunilava do meio até a ponta de cima, todas as características poderiam ser atribuídas a uma árvore ou ao tal objeto obsceno, levantando dúvidas da comunidade local.
McCarthy, por sua vez, não deixou claro o teor da criação, mas já possuía um histórico de obras provocativas — mesmo que estas não expressassem diretamente seu real significado. Criava-se então um mal estar local com protestos, vandalismo e até agressões físicas, justamente quando a cidade recebia a Feira Internacional de Arte Contemporânea.
A obra, confeccionada com um material que possibilita que a obra seja inflada, chegou a sofrer tentativas de rasgos e até caiu devido a um grupo de pessoas não identificadas que cortaram os cabos de sustentação da obra. Ainda pior foi um episódio relatado pela RFI, onde o autor recebeu um tapa no rosto de um rapaz enquanto instalava.
Retirada da obra
Após os constantes ataques e represálias com a obra exposta a menos de uma semana, McCarthy decidiu desfazer a intervenção, esvaziando a peça para evitar novos danos, como disse em entrevista a RFI: “Eu não quero me envolver com esse tipo de confronto e com violência física, nem continuar colocando a obra em risco”.
Ao veículo francês, ele respondeu às acusações de associações católicas e conservadoras, que expressaram em redes sociais o descontentamento ao classificarem a obra como "uma provocação" e "humilhação" para o povo local: “Em vez de gerar uma reflexão profunda sobre o significado dos objetos, nós assistimos a violentas reações”.
Mesmo com a retirada da instalação, os atos de vandalismo foram condenados pela então prefeita da cidade, Anne Hidalgo, que não apenas autorizou a realização da Feira com a chamativa escultura, mas manifestou apoio ao autor.
Paris não vai sucumbir às ameaças daqueles que, atacando um artista ou seu trabalho, atacam também a liberdade artística. A arte tem seu lugar em nossas ruas e ninguém pode fazê-la sumir", concluiu.