Filme de Pier Paolo Pasolini volta a chocar espectadores ao estrear na Disney+
Aventuras Na História
Visto por muitos como uma obra política em sua época, e hoje considerado por outros como um filme de terror perturbador, 'Salò' ou 'Os 120 Dias de Sodoma' (1975), dirigido pelo italiano Pier Paolo Pasolini, tem gerado grande impacto no público do Disney+ desde sua inclusão inesperada na plataforma. Conhecida por seu conteúdo familiar, a presença de 'Salò' no catálogo surpreendeu e chocou muitos assinantes.
Adaptação livre do romance do Marquês de Sade retrata a rotina de quatro libertinos italianos, ricos e corruptos, durante a fascista República de Salò (1943-1945). Eles sequestram 18 adolescentes e os submetem a quatro meses de violência extrema, sadismo e tortura sexual e psicológica. A narrativa é dividida em quatro segmentos, inspirados na “Divina Comédia” de Dante: o Anteinferno, o Círculo de Manias, o Círculo de Excremento e o Círculo de Sangue.
Após algumas exibições, 'Salò' foi proibido em vários países, incluindo a Itália e o Brasil, devido às suas representações gráficas de violência, tortura, abuso sexual e assassinato de jovens. Apesar da polêmica, muitos críticos elogiaram o filme pela força de sua crítica ao fascismo e ao autoritarismo.
A inclusão do filme no Disney+ gerou reações diversas nas redes sociais. Um internauta escreveu no X (ex-Twitter): “Meu Deus, acho que nem eu concordo com isso! Será que sou conservador ou medroso por pensar na possibilidade da minha irmã assistir enquanto estava assistindo 'Moana'?”. Outro comentou: “Um dos maiores erros da minha vida foi ter assistido à cena do jantar.”
Impressão antiga
'Salò' não é estranho ao choque do público brasileiro. Segundo 'O Globo', em 1988, com o fim da censura no Brasil, o filme foi exibido no circuito cinematográfico do Rio, levando muitos a acreditar que se tratava de uma história bíblica devido ao título. O advogado Ari Lourenço relembra: “O filme tem cenas dantescas. Fui iludido pelo título, descobri que Pasolini tinha feito um filme sobre 'Sodoma e Gomorra', de que a Bíblia fala. Não tem nada de artístico, só mostra cenas de perversão sexual. Saí decepcionado, e este é o pior filme de Pasolini.”
A controvérsia em torno de 'Salò' continua a evidenciar a tensão entre arte, moralidade e a percepção pública, destacando a capacidade do filme de provocar debates intensos mesmo décadas após seu lançamento.