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'O Diabo no Tribunal': Os bastidores do caso de possessão que abalou os EUA
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'O Diabo no Tribunal': Os bastidores do caso de possessão que abalou os EUA

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Aventuras Na História
17/10/2023 22h28
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©Divulgação / Netflix
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"Meu nome é David Glatzel, e eu tinha 11 anos quando fui possuído pelo demônio”. É assim que começa o mais novo documentário da Netflix intitulado ‘O Diabo no Tribunal’. 

A produção aborda os bastidores de um suposto caso de possessão que deu origem a um dos casos de homicídio mais famosos dos Estados Unidos, que ficou conhecido como ‘O Diabo Me Fez Fazer’.

A história desse caso ficou mundialmente famosa em 1980 e também foi retratada no terceiro filme da franquia ‘Invocação do Mal’, que é o mais recente, até então.

Cena do filme 'Invocação do Mal 3' - Crédito: Divulgação / Warner Bros

O caso do julgamento de Arne Cheyenne Johnson foi o primeiro processo judicial nos Estados Unidos cuja defesa tentou provar a inocência do réu alegando possessão demoníaca. Isso foi feito na tentativa de livrar Arne a culpa do assassinato de Alan Bono.

Entretanto, o documentário não tenta escolher um lado, mas conta também a raiz da história de David Glatzel, que afirmou ter hospedado um espírito maligno quando ainda era uma criança, e que diz que a família inteira presenciou.

Entre os relatos exibidos na produção, estão diversas pessoas que, de certa forma, se envolveram com o caso: policiais, jornalistas, familiares de David, o próprio David, Arne e o neto de um dos casais mais famosos do mundo: Ed e Lorraine Warren.

David explica a atual exposição: "Quero que minha família seja retratada da maneira correta". Ele explica que muito fora criado acerca da imagem dos Glatzel. "Não estou feliz com isso, então gostaria de esclarecer as coisas".

O caso de David

Em 1980, quando ainda tinha 11 anos, David Glatzel teria sido supostamente possuído por um demônio. Ele conta que tudo começou quando ajudava a irmã com a mudança para a casa nova. Ele disse que sentiu uma presença diferente e logo notou que foi empurrado. Ali, começaria o pesadelo da família Glatzel.

Então fui jogado pra cima da cama. Eu vi uma imagem. Seus olhos eram pretos como um pedaço de carvão", contou David.

Ele relata que a imagem vista falou para ele tomar cuidado, já que essa coisa queria sua alma.

Foto tirada pela família Glatzel durante momento de suposta possessão - Crédito: Divulgação / Netflix

Pouco depois, coisas diferentes começaram a acontecer na casa da família. Com medo de estarem sendo assombrados por fantasmas, chamaram um casal de investigadores paranormais, os Warren. É a partir desse momento que a família começa a presenciar as possessões de David. O menino xinga, se bate, tenta agredir os outros, e, de acordo com ele, não conseguia lembrar de nada do que acontecia.

Após um exorcismo realizado na igreja da cidade de Brookfield, Connecticut, quando todos achavam que o pesadelo, que chegou a durar meses, havia acabado, outro momento turbulento aconteceria.

No momento em que o menino fora exorcizado, um demônio teria escapado e entrado no corpo de Arne, que, no processo, teria pedido para a entidade deixar o cunhado em paz.

Em uma antiga entrevista de Lorraine Warren, exibida no documentário, a médium explica com a situação com as seguintes palavras: "Lembre-se de que, ao desafiar o demônio, ele não age naquele momento específico. Ele espera até você ficar mais vulnerável".

O documentário da Netflix apresenta áudios e fotos reais do caso, o que faz com que quem esteja assistindo se sinta ainda mais imerso na narrativa arrepiante.

‘O Diabo Me Fez Fazer’

Depois de 5 meses, quando tudo já estava mais calmo na família, e Arne e Debbie já estavam morando juntos (Debbie era a irmã mais velha dos Glatzel), durante uma discussão, Arne acabou aplicando quatro golpes de faca em Alan Bono, o patrão de Debbie.

Entretanto, ele afirma que não se recorda daquele momento. Os policiais envolvidos no caso e o advogado de defesa de Johnson afirmam que o homem estava desnorteado quando foi encontrado, a caminho da casa da família da namorada — o que David acredita que era uma tentativa da entidade de terminar o serviço e matá-lo.

Arne Cheyenne Johnson, que alegou possessão - Crédito: Divulgação / Netflix

Ele, então, disse não se lembrava do que aconteceu e relatou que o Diabo o teria feito cometer tal crime. O juiz responsável pelo caso definiu que a defesa, com esse argumento, nunca poderia ser provado, o que seria inviável em um tribunal.

Arne foi condenado a uma sentença de 10 a 20 anos por homicídio culposo (quando não há intenção de matar), mas acabou cumprindo somente 5 anos. O caso ainda é um dos mais controversos na interseção entre o paranormal e o mundo legal.

Os Warren

O casal de investigadores paranormais esteve presente durante quase todo o processo de “descoberta” da suposta possessão que teria passado de uma pessoa para outra. Além de acompanharem o caso de David, os Warren alegaram que haviam coletado evidências substanciais de atividade paranormal relacionada ao caso. Lorraine, em particular, afirmou ter entrado em contato com a entidade demoníaca envolvida, que teria sido a responsável por possuir Arne.

Eles foram a mídia falar sobre o caso e, inclusive, após a condenação de Arne, levaram a matriarca da família Glatzel, Judy, para falar nos programas de TV, tentando defender o ponto de que o então jovem era inocente. Tempo depois, escreveram um livro sobre o caso de David e prometeram à família uma boa quantia em dinheiro para usar a história deles.

No entanto, isso não aconteceu: “Meu pai e minha mãe receberam US$ 4.500, mas Ed e Lorraine Warren receberam US$ 81.000 e pouco. Ainda ganham dinheiro com os filmes ‘Invocação do Mal’”, disse um dos irmãos de David, Alan Glatzel. Enquanto Ed faleceu em agosto de 2006, Lorraine veio a óbito em 2019.

Encenação?

Em contrapartida, existem também aqueles que imaginam que tudo o que foi dito pelos Warren não passou de uma manobra para ganhar dinheiro em cima da fragilidade da família, que passava por um momento difícil.

O irmão mais velho de David, Carl, é contrário ao trabalho de Ed e Lorraine, e afirma que aquilo foi um método usado pelo casal para se aproveitar de seus pais e do irmão.

Minha preocupação era: por que falar sobre o assunto com a gente aqui? Mande as crianças para baixo. Mas [eles] queriam ter certeza de que ouviríamos, e nós ouvimos. Como se guiassem o que fazer. Toda noite tinham as câmeras prontas. Microfones prontos. Virou um espetáculo”, desabafou Carl.

O próprio David contou no documentário que se sentiu enganado pelo casal. Os Warren afirmaram que ele seria uma pessoa rica ao contar a história que o assombrou, mas, isso só serviu para colocá-lo em uma posição desconfortável e relembrar de todo o trauma vivido.

David assumiu: “Os Warrens ganharam muito dinheiro conosco. Se eles puderem lucrar com você, o farão. Não vão recusar o acordo”.

Outra coisa que chamou a atenção de Carl, que acreditava que tudo foi armação, compreende uma descoberta feita por ele após a morte da mãe. “Após meus pais morrerem, eu e minha esposa conferimos os pertences. Minha mãe anotava tudo. Ela tinha TOC. Ela fazia anotações num pedaço de papel, calendário ou o que fosse”.

A família anotou o remédio hoje, e está tudo bem’. Descobrimos que ela colocava Sominex na nossa comida. Acho que minha mãe usava Sominex para controlar nós garotos e o meu pai”, completou.

Ele ainda afirma que o remédio pode causar ganho de peso, mudança de humor e alucinações. Assim, acredita que o irmão possa ter ingerido o suficiente ao longo dos anos para ter sofrido com algumas sequelas.

Esse continua sendo um dos casos mais controversos da Justiça americana, principalmente por misturar o sobrenatural com o mundo real, com um processo que até hoje pode ser considerado não resolvido.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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