O outro filme sobre ditadura que se destacou no Oscar
Aventuras Na História
Ainda Estou Aqui concorre neste domingo, 2, em três categorias do Oscar 2025: Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz (pelo papel de Fernanda Torres como Eunice Paiva).
O filme, dirigido por Walter Salles, conta como Eunice Paiva lutou por Justiça por seu marido, o engenheiro e ex-deputado Rubens Paiva — que foi preso, torturado e morto por militares durante o período ditatorial brasileiro.
O longa, que mostra ao mundo uma visão única e emocionante de uma família afetada pelos Anos de Chumbo, não é a primeira produção sul-americana com a temática a concorrer ao maior prêmio da indústria cinematográfica.
Em 2023, o filme 'Argentina, 1985' também foi indicado ao prêmio de Melhor Filme Internacional; relembre!
Argentina, 1985
Disponível no Prime Video, da Amazon, 'Argentina, 1985' retrata o julgamento de militares acusados de cometer horrores durante a ditadura militar argentina. "A história verídica dos promotores públicos Julio Strassera e Luis Moreno Ocampo que ousaram investigar e processar a ditadura militar mais sangrenta da Argentina em 1985", destaca a sinopse.
A partir da segunda metade do século passado, o Brasil foi apenas o primeiro país a sofrer com regimes ditatoriais no chamado Cone Sul do continente. Além de nosso país, que viveu o regime entre 1964 e 1985, também tiveram os casos de Bolívia (1964), Argentina (1966 e depois 1976), Chile e Uruguai (1973), destaca artigo publicado no portal da USP.
No caso da Argentina, o primeiro período começou em 1966 e durou sete anos, quando Juan Domingo Perón voltou ao poder. Juan chefiou a Argentina por cerca de uma ano, até María Estela Martínez de Perón, a Isabelita Perón, servir como a 38.ª Presidente da Argentina.
Em 24 de março de 1976, porém, um Golpe de Estado derrubou Isabelita e recolocou os militares no poder — onde ficaram até dezembro de 1983. Sendo considerado um dos regimes mais violentos da América Latina, pois acredita-se que mais de 30 mil pessoas foram vitimadas pelos militares.
Como mostrado no filme, Luis Moreno Ocampo foi um advogado argentino que atuou como o primeiro Procurador-Chefe da Corte Penal Internacional. Ocampo esteve envolvido no famoso julgamento de abril de 1985 que revelou os horrores da ditadura argentina.
Segundo matéria da BBC, a audiência envolveu nove líderes das três primeiras juntas militares que governaram o país após o golpe de Estado de 1976. Eles eram acusados por crimes que iam desde homicídio e tortura até privação ilegítima de liberdade.
Pouco antes do julgamento, importante ressaltar, diversos testemunhos sobre o período foram ouvidos pela Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas (Conadep) — criada Raúl Alfonsín.
Todos os dias era como se um prédio tivesse caído em cima de você. Você saía de lá meio destruído, não havia risadas, não havia nada. Em um velório, por exemplo, se conta uma piada, ali não havia chance de piada alguma. Tudo o que foi dito era tomado pelo que era... terrível", descreveu Marcelo Pichel, jornalista que cobria os depoimentos na época, à BBC.
Os julgamentos só terminaram em dezembro daquele ano. Como resultado, Jorge Rafael Videla Redondo e Emilio Eduardo Massera foram condenados à prisão perpétua; Orlando Agosti, a quatro anos e seis meses de prisão; Roberto Viola, a 17 anos; e Armando Lambruschini, a oito anos.
Já Omar Graffigna, Fortunato Galtieri, Jorge Anaya e Basilio Lami Dozo foram absolvidos. Vale lembrar que, posteriormente, alguns dos condenados receberam indultos; assim como alguns dos absolvidos acabaram condenados por violações de direitos humanos.
No que diz respeito ao Oscar de 2023, 'Argentina, 1983' acabou perdendo o prêmio de Melhor Filme Internacional para o longa alemão 'Nada de Novo no Front', original da Netflix que se passa na Primeira Guerra Mundial.
