Oppenheimer: o 'pai da bomba atômica' que inspirou um dos mais aguardados filmes do ano
Aventuras Na História
Todos os anos, alguns filmes em específico chamam bastante atenção nas grandes mídias e, nos últimos anos, vem se percebendo um aumento específico no interesse de filmes que contem histórias reais. Sabendo disso, não surpreende que 'Oppenheimer' seja considerado, sim, um dos mais aguardados em 2023, que será lançado, no Brasil, no dia 20 de julho.
Dirigido por Christopher Nolan — renomado diretor da trilogia Batman e de 'Interestelar' (2014) —, 'Oppenheimer' conta a história do físico J. Robert Oppenheimer (interpretado por Cillian Murphy), quando "trabalha com uma equipe de cientistas durante o Projeto Manhattan, levando ao desenvolvimento da bomba atômica", de acordo com a sinopse.
Mas afinal, quem foi de fato Oppenheimer, considerado hoje por muitos o 'pai da bomba atômica'?
Julius Robert Oppenheimer
Nascido na cidade de Nova York no dia 22 de abril de 1904, Julius Robert Oppenheimer era filho de um rico comerciante de tecidos alemão, Julius S. Oppenheimer, e da artista Ella Friedman, ambos descendentes de famílias judaicas. Em 1922 ingressou na Universidade de Harvard e, a partir de sua formatura em 1925 — com o título “summa cum laude” ("a maior das honras", em português) —, começou o que levaria seu nome a marcar a história.
Logo após a graduação, viajou para a Inglaterra com objetivo de conduzir pesquisas relacionadas especialmente a matemática e física no Laboratório Cavendish, da Universidade de Cambridge e, em 1926, foi para a Universidade de Göttingen, onde obteve seu PhD aos 22 anos. Foi lá que, com o professor Max Born, publicou importantes contribuições para o que se tornaria a nova Teoria Quântica.
Depois de muitas pesquisas em astrofísica, física nuclear, espectroscopia e teoria quântica de campos, ao longo daquela década ainda contribuiria com a teoria da chuva de raios cósmicos e, já na década de 1930, também foi o primeiro a escrever textos sugerindo a existência de buracos negros.
Projeto Manhattan
Em 1940, Oppenheimer se casou com Katherine Harrison, uma estudante de esquerda da Universidade de Berkeley, onde lecionava, com quem teve seu primeiro filho, Peter, no ano seguinte. Porém, como se sabe, nessa mesma década teria início um dos períodos mais conturbados que a humanidade já presenciou: a Segunda Guerra Mundial.
Com o começo do embate, envolveu-se ativamente nos trabalhos que já vinham sendo desenvolvidos no Laboratório de Radiação Lawrence para a produção de uma bomba atômica. Lá, foi convidado para assumir os trabalhos de cálculo de nêutrons e, em 1942, foi nomeado diretor científico do polêmico Projeto Manhattan, que desenvolveu as primeiras bombas nucleares que a humanidade já viu.
No comando do Projeto Manhattan, Oppenheimer foi responsável pela construção de laboratórios em Los Alamos, no Novo México, e levou para lá as maiores mentes da física na época, administrando, assim, mais de três mil pessoas. Em 1944, ainda em Los Alamos, nascia sua filha mais nova, Katherine, de acordo com o portal Opera Mundi, do UOL.
O trabalho desenvolvido pelo Projeto Manhattan trouxe frutos: no dia 16 de julho de 1945, ocorreu a primeira explosão nuclear que a humanidade presenciava, denominada Trinity, em Alamogordo. E todos já sabemos, também, dos impactos que isso teve na Segunda Guerra Mundial.
Conflitos
Com o fim da guerra, em 1947, e já lamentando o impressionante número de mortes que provocara, foi nomeado presidente do Comitê Consultivo da Comissão de Energia Atômica, posição esta que ocupava quando manifestou oposição ao desenvolvimento de outro tipo de bomba, ainda mais destrutiva que a que havia colaborado: a bomba de hidrogênio. Esta, por sua vez, era defendida pelo físico Edward Teller, que acreditava que a arma fosse fundamental para os Estados Unidos combaterem o comunismo — neste momento, já considerado um inimigo da nação americana.
Sob o argumento de que "é melhor a derrota na guerra do que a vitória obtida às custas de um enorme desastre humano", ele e outros célebres físicos se reuniram em uma tentativa de pressionar o governo estadunidense a interromper o desenvolvimento da temível Bomba-H.
Como já mencionado, nesse período o comunismo era tomado como uma grande ameaça entre os Estados Unidos. Então, em 1953, no auge da chamada "ameaça vermelha", em meio à Guerra Fria, foi vítima do forte macartismo — perseguição sistemática aos comunistas — daquela sociedade e época e, acusado de ter inclinações de esquerda, perdeu seu acesso aos documentos da Comissão de Energia Atômica (CEA). Eventualmente, foi declarado inocente, mas ainda teria seu acesso aos segredos militares impedido, sendo assim, demitido da CEA.
Por fim, entre 1947 e 1966, Oppenheimer atuou como Diretor do Instituto de Estudos Avançados de Princeton, até que se afastou após ser acometido com um câncer de garganta, doença esta que vitimou-o no dia 18 de fevereiro de 1967, em Princeton, Nova Jersey.
Arrependimento
Ainda hoje, sabe-se que a bomba nuclear de Oppenheimer é um dos tipos de armamentos mais letais e destrutivos já desenvolvidos pela humanidade. E o próprio físico conhecido como o 'pai da bomba atômica' reconhecia a magnitude do feito, que matou entre 150 e 250 mil pessoas no Japão, mas sem a menor gota de orgulho — muito pelo contrário, abominava a criação, e por isso era contrário à Bomba-H.
De acordo com texto da BBC, depois que as bombas de Hiroshima e Nagasaki explodiram, Oppenheimer declararia que vieram à sua mente as palavras exatas do texto sagrado hindu Bhagavad Gita: "Agora eu me tornei a morte, a destruidora de mundos". Foi dessa forma, amargurado com o legado que deixara para o mundo, que 'o pai da bomba atômica' deixou o mundo.