Primeira capital do país: a Bahia sob o olhar da arte
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Aventuras Na História
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Mesmo antes da chegada da família real portuguesa ao Brasil, em 1808, e a abertura dos portos no processo de ocupação, a Bahia já havia sido visitada por artistas e exploradores — sobretudo holandeses — que reproduziram paisagens e personagens da região.
Salvador, a primeira capital da colônia (de 1549 e 1763) foi a mais retratada, especialmente a partir da transferência da corte, quando o interesse artístico e documental dos estrangeiros pelas terras e populações baianas aumentou.
Cenas de Salvador
Este foi o recorte escolhido para o novo livro organizado pelo editor e curador Pedro Corrêa do Lago, 'Iconografia Baiana na Coleção Flávia e Frank Abubakir' (Editora Capivara).
Entre as 269 imagens e análises cuidadosas, há raros óleos, aquarelas, gravuras e alguns dos primeiros mapas do Brasil. A pintura abaixo, Mulher em Caminho de Terra, foi feita em 1864 pelo francês Jean-Baptiste Grenier, que destacou a escala de tamanho entre a pessoa e a parte verdejante da obra.
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Já o quadro Vista do Porto de Salvador, do italiano Joseph Léon Righini (que estampa a capa desta matéria), evidencia a beleza extensa do lugar.
Carta geográfica
Das raridades cartográficas da maior coleção privada do país que reúne a iconografia baiana entre os séculos 17 e 19, destaca-se o Plano da Cidade da Bahia no Brasil, elaborado pelo engenheiro holandês Joos Coecke durante a ocupação de 1624, quando seus conterrâneos tomaram Salvador por um ano, até serem expulsos pelos portugueses.
Esse mapa, com impressionante precisão, a ponto de corresponder à cartografia atual da cidade, faz parte do atlas Hollandia Ichonographia Aggerum at Castellorum in Hollandia, que contém uma série de 80 desenhos de castelos, fortificações e batalhas da Guerra dos Oitenta Anos (sobre a independência dos Países Baixos), além do único da publicação a representar uma cidade americana.
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"Criado em um momento em que a cartografia luso-americana era assunto político, de caráter restrito e controlado por Portugal, este documento holandês é uma das melhores representações de Salvador conhecidas até hoje. De perspectiva zenital, comum em plantas da capital nessa época, o mapa destaca a posição dos holandeses e do dique por eles construídos no perímetro urbano, bem como indica a localização de igrejas, mercados e fortes", explica o professor e historiador, mestre e doutor em História pela Universidade Federal da Bahia, Daniel Rebouças, sobre uma das joias iconográficas reveladas no novo livro.
Aquarela, bico de pena e lápis
"Os desenhos, guaches e aquarelas foram as principais formas de registro visual dos viajantes que passaram pelo Brasil, sobretudo no século 19", lembra Daniel, autor dos textos de abertura dos capítulos de Iconografia Baiana.
Segundo ele, desenhar fazia parte da formação básica do Exército, da Marinha e das pessoas instruídas em geral, nos principais países europeus. "Assim, esses estrangeiros nos deixaram muitas aquarelas que formam, inegavelmente, uma preciosa documentação da nossa paisagem e cotidiano, repleta de detalhes que, por vezes, não ficaram evidentes em outras fontes", afirma.
Um dos integrantes da Marinha inglesa, William Smyth, de passagem pelo Brasil em 1834, chamou a atenção dos curadores pelo belo enquadramento que fez em sua obra Ladeira da Fonte dos Santos Padres.
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Ele mostra o centro antigo de Salvador tomado do sopé da Ladeira do Taboão, limite das freguesias do Pilar e do Passo, na esquina da Rua Conde d’Eu, numa composição de fotógrafo antes da fotografia, de uma rara sofisticação dentre os artistas de sua época", ressalta o soteropolitano João Dannemann, especialista em conservação, restauro e História da Arte.
Informações sobre costumes também podem ser percebidas com precisão na obra do inglês. "Ela se destaca expondo o dinamismo urbano e social de Salvador em 1834, em uma aquarela muito bem acabada, onde aparece um grande número de tipos, de classes e profissões sociais variadas", diz Daniel.
Idealização europeia
Na coleção Flávia e Frank Abubakir, as gravuras representam um grande espaço — não apenas como produções avulsas e independentes, mas também como livros ilustrados. É o caso da versão em francês do famoso Viagem Pitoresca Através do Brasil, publicado em 1835 pelo alemão Johann Moritz Rugendas.
Essa obra, porém, de acordo com estudiosos, não deve ser vista como um reflexo do olhar do viajante. "Textos e imagens passaram por uma grande interferência do editor Godefroy Engelmann e de jovens litógrafos franceses, que jamais tinham pisado no Brasil", alerta Daniel, nos fazendo refletir sobre a exuberante natureza retratada, por exemplo, na obra Foz do Rio Cachoeira, feita no sul da Bahia.
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"É preciso ter em mente que as paisagens atendiam a uma construção, em grande medida, idealizada. Visavam gerar a fascinação do público europeu, diante da vida selvagem vibrante e, ao mesmo tempo, calma".
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