The Chosen: entenda por que Maria Madalena tem um nome diferente na série

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A partir do próximo mês, os brasileiros poderão assistir nos cinemas os novos episódios de 'The Chosen', série inspirada na vida e a trajetória de Jesus Cristo e seus discípulos, que está agora em sua quinta temporada.
Com um total de oito episódios — que serão exibidos nos cinemas em sessões especiais de dois episódios cada, começando no dia 10 de abril —, a nova temporada, intitulada 'Última Ceia', tem como centro a Semana Santa, um dos períodos mais significativos de toda a narrativa cristã, antes da crucificação de Jesus.

Uma questão que sempre volta à tona, é que uma personagem importante da Bíblia é chamada de uma forma diferente da que está na liturgia: em 'The Chosen', Maria Madalena é chamada de Lilith.
Mas afinal, sendo esta uma série tão popular, por que se desviou daquilo que está escrito na Bíblia? Entenda!
Liberdade criativa
Antes de mais nada, é importante mencionar que, por mais que 'The Chosen' se inspire no texto bíblico, existe o que chamamos de liberdade criativa. Por isso, o criador e diretor da produção, Dallas Jenkins, bem como seu roteirista, Tyler Thompson, tomaram uma série de liberdades poéticas, em prol não só da narrativa, mas também de uma nova interpretação sobre essas histórias.
Um exemplo é no caso do apóstolo Mateus que é retratado como uma pessoa autista na série, mesmo que a liturgia não possua qualquer menção a isso.

Maria Madalena
Em 'The Chosen', Maria Madalena (interpretada por Elizabeth Tabis) possui uma história comovente. Ela perdeu o pai ainda quando criança, e foi abusada sexualmente por um soldado romano. Após isso, precisou conviver com sete demônios em seu corpo, que ninguém conseguia exorcizar — exceto o próprio Jesus (Jonathan Roumie).
Foi após esse encontro que, conforme relatou Jenkins ao podcast Deep Dive, Maria Madalena passou a adotar o nome Lilith, como forma de "esquecer seu passado, de negar quem ela realmente era".
Escolhemos o nome Lilith por causa de sua associação com mitologias demoníacas judaicas. Também porque a palavra hebraica 'lilit' tem associações com noite e escuridão, e queríamos retratar Maria como alguém que estava presa na escuridão espiritual, separada de Deus, de si mesma e dos outros", relatou Thompson em entrevista ao portal The Chosen Br.

Apagamento histórico
Embora hoje considerada uma santa, e uma figura tão importante quanto os 12 apóstolos na liturgia cristã, Maria Madalena é um dos personagens mais controversos da Bíblia. Isso começou em meados do século 6, quando o papa Gregório, em um sermão, erroneamente a confundiu como uma prostituta.
Desde então, ela foi frequentemente retratada e mencionada como uma "pecadora arrependida", o que apagou seu papel e relevância na narrativa bíblica.

Esse equívoco histórico foi corrigido pelo papa Francisco, que ocupa a função ainda hoje. Em 2016, foi instituído no Vaticano a celebração litúrgica de Santa Maria Madalena, conferindo a ela as mesmas deferências dadas às demais festas dos apóstolos.
Com isso, Francisco pôde corrigir a memória da primeira e maior discípula de Jesus, tratando-a como uma apóstola, bem como os outros 12 homens que foram honrados por todos os últimos séculos como seguidores de Cristo.


