Up da vida real: O paraquedista que saltou de uma casa com balões
Aventuras Na História
Lançado em 2009, 'Up: Altas Aventuras' é um dos grandes filmes feitos pela Pixar; vencendo dois prêmios do Oscar no ano seguinte: Melhor Filme de Animação e Melhor Trilha Sonora.
No enredo, Carl Fredericksen é um vendedor de balões que ao lado de sua esposa, Ellie, sonha em se mudar para o Paraíso das Cachoeiras — entretanto, eles nunca conseguiram realizar tal plano.
Com a morte da esposa, por velhice, Carl é pressionado a vender sua residência, devido ao crescimento e modernização da cidade. Após um incidente, ele passa a ser considerado uma ameça pública. É dito que ele deve ser internado em um asilo, portanto, perderá seu imóvel.
Assim, para cumprir a promessa que fez com a esposa e realizar o sonho de ambos, cria um dirigível improvisado de sua casa usando inúmeros balões de gás. As aventuras que faz ao lado de Russel, um jovem escoteiro, e Dug, um golden retriever com uma coleira que lhe permite 'falar', dão o tom desta magnífica produção.
Com uma bilheteria mundial de 731 milhões de dólares, UP: Altas Aventuras se tornou a quarta maior renda de filmes da Pixar; e também fez com que muitas pessoas sonhassem em ter uma casa voadora que fizesse viagens ao redor do mundo.
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Up da vida real
No dia 22 de outubro de 2018, a cidade de São Pedro, no interior de São Paulo, viveu um momento mágico que, até então, só era proporcionado pelo mundo do cinema: uma casa guiada por balões.
Ao todo, 66 pessoas, entre técnicos, produtores, profissionais de diversas áreas e voluntários trabalharam para tornar real a experiência vivida por Carl Fredericksen e Russel em Up: Altas Aventuras.
"Quando assisti ao filme pela primeira vez surgiu o desejo de realizar esse projeto. Hoje eu consigo ver a importância dos sonhos, mais do que quando era criança, porque muitos deles se realizaram. Acredito que nos sonhos acessamos lugares inconscientes que têm a ver com a nossa essência, e acordamos inspirados. E este é o projeto que eu estou fazendo com uma conexão mais forte com o sonhar", disse Luigi à GQ.
Para construir a casa voadora, da qual Cani saltaria de paraquedas, o desafio foi grande. Demorou diversos meses para que o projeto saísse do papel. Segundo Luigi, três anos antes do salto, ele já havia conversado com Gilsom Figueiredo, profissional de efeitos especiais em TV e cinema, sobre a possibilidade de replicar o imóvel dos Fredericksen.
Como produtor estou acostumado a receber encomendas inusitadas. Logo, pensei que o fator mais delicado seria o peso da casa, mas o resto foi diversão", disse o profissional.
A casa feita por Gilsom pesava, vazia, 120 quilos — posteriormente, foram somados o peso de Cani e de uma cama, totalizando 210 quilos. "Por conta de toda essa conexão minha com o sonho, eu escolhi a cama para fazer esse voo comigo na casinha voadora", disse o paraquedista ao Canal OFF.
"A cama é a fonte da minha criatividade, da minha inspiração. Porque tudo o que eu faço começa com o sonho. E ter o privilégio de ter uma cama dentro da casa voadora, para mim tem um significado especial. Porque é com o sonho que tudo começa", completa.
Como cada balão é capaz de erguer até 339 gramas, foram necessários quase mil balões de látex resistentes para a aventura. Também foram usados 42 cilindros de gás hélio para enchê-los — o que foi feito com a ajuda de voluntários do batalhão de tiro de guerra de São Pedro e pessoas com experiência em enchimento de balões para festas. Ao todo, as 10 estações de trabalho demoraram cerca de 4 horas para encher todos.
"Tivemos que criar todos os processos do zero, ninguém ali fez uma casinha voar com balões de festa antes. Trabalhamos a noite e fizemos uma ordem de produção para não enrolar as mil linhas", explicou Luigi à GQ.
O voo da casa ainda contou com a ajuda do piloto de balão Feodor Nenov, que revelou os dois grandes desafios da missão: ter equipamentos adequados e condições meteorológicas favoráveis. "Tivemos tudo isso", comemorou.
A casa voadora dos Fredericksen estava presa em um balão de ar quente com uma corda de 150 metros, o que foi feito para ajudar a cenografia a pousar após o pulo de Luigi. "Desde o início tivemos esta preocupação com a preservação do meio ambiente e o respeito às regras do espaço aéreo, como é algo inédito precisaríamos prever qualquer incidente", finalizou o paraquedista.