Veja a história do brasileiro executado na Indonésia que vai virar série
Aventuras Na História
Um caso brasileiro será adicionado a lista de séries baseadas em crimes reais. José Padilha e Marcos Prado estão encarregados de dirigir uma nova série dramática para a Max, que abordará a vida do brasileiro Marco Archer, conhecido como Curumim.
Archer foi sentenciado à pena de morte por tráfico de drogas na Indonésia e foi executado em 2015.
O projeto, concebido por Prado, também contará com sua contribuição nos roteiros, ao lado de L.G. Bayão e Daniel Belmonte. A produção será realizada pela Zazen. Em 2016, Marcos Prado já havia lançado um documentário sobre o caso.
Em "Curumim", ele explorou toda a trajetória do brasileiro, oferecendo detalhes sobre seus últimos anos de vida. Para ficar por dentro da história da futura série, relembre o caso de Marco:
Condenação
O cidadão brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos, foi submetido à execução na madrugada de um domingo, 18 de janeiro de 2015, na Indonésia – 15h31 de sábado, 17, pelo horário de Brasília. O método de execução de condenados à pena capital no país é o fuzilamento.
O praticante de voo livre foi detido em 2004 ao tentar entrar na Indonésia transportando 13 quilos de cocaína ocultos nos tubos de uma asa delta. A substância foi detectada por meio de raio-x no Aeroporto Internacional de Jacarta.
"Eu tive um acidente com parapente em Bali em 1997. Fiquei em coma três meses. A conta do hospital ficou em US$ 250 mil. Aí o seguro do Brasil só cobriu parte. Me deixaram ir embora, mas fiquei devendo US$ 55 mil. Não tinha como pagar e fiz essa besteira. A dívida ficou em Cingapura e eu estou aqui, condenado à morte", disse ele em 2010, durante entrevista à Folha de S. Paulo.
Na entrevista, o brasileiro também discutiu sobre o flagra e a fuga. Ele afirmou que fugiria para o Timor-Leste.
"Lá em Bali eles têm vergonha de abrir a mala das pessoas. Em Jacarta também. Achei que ia ser tranquilo. Mas no dia em que cheguei tinha aviso de bomba. Aí revistaram e acharam a droga na asa delta. Consegui escapar, mas me pegaram após 18 dias. Estava numa praia em Sumbawa [leste do país] e iria pegar um barco para o Timor Leste", explicou.
Embora tenha conseguido escapar do local, Archer foi recapturado duas semanas depois. A Indonésia pune o tráfico de entorpecentes com pena de morte.
"Eles abrem a porta às 6h. Aí tem academia lá, tem esteira lá, levanto uns pesinhos... Tem cantina, é bem legal. Essa é considerada a melhor prisão da Indonésia. Tem preso francês, holandês, australiano, paquistanês. Umas 260 pessoas", disse ele sobre a prisão.
Apelo político
A então presidente Dilma Rousseff emitiu uma nota na época expressando sua "consternação e indignação" com a execução de Marco Archer Cardoso Moreira na Indonésia, repercutiu o g1 na época.
Segundo a nota, o embaixador do Brasil em Jacarta teria sido convocado para consultas. Na linguagem diplomática, convocar um embaixador para consultas representa uma forma de protesto contra o país onde está sediado o embaixador.
Na sexta-feira, Dilma fez um apelo telefônico ao então presidente da Indonésia, Joko Widodo, para poupar a vida de Archer, mas não obteve sucesso. Widodo afirmou que não tinha autoridade para reverter a sentença, "pois todos os procedimentos legais foram seguidos de acordo com a lei indonésia e os brasileiros receberam o devido processo legal", de acordo com um comunicado da Presidência.
Sérgio Danese, secretário-geral do Itamaraty, se encontrou em Brasília com o embaixador da Indonésia no Brasil, Toto Riyanto, para expressar a "profunda inconformidade" com a setença. O Itamaraty reiterou que a execução da sentença de morte lança uma "sombra" sobre as relações entre os dois países.
A execução
Em entrevista à GloboNews, o ex-cônsul do Brasil em Bali Renato Vianna explicou que Archer e os outros condenados à morte seriam transferidos para um local próximo à penitenciária e fuzilados por 12 atiradores.
Questionado sobre brasileiros anteriormente condenados pelo mesmo motivo na Indonésia e que conseguiram evitar a pena de morte, Vianna observou que, naquela época, as punições não eram tão severas em relação às drogas.
As leis da Indonésia contra o tráfico de drogas estão entre as mais rígidas do mundo e contam com o apoio da população.
"Com essas execuções, enviamos uma mensagem clara aos membros dos cartéis de drogas. Não há perdão para os traficantes", disse Muhammad Prasetyo, procurador-geral da Indonésia, à imprensa local.