De chacota a ícone LGBTQ+: Relembre a carreira de Jorge Lafond, a Vera Verão
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Um dos maiores nomes da comunidade LGBTQ+ brasileira, o ator Jorge Lafond (1953 - 2003)
completa 20 anos de falecimento nesta quinta-feira, 11. O artista teve sua carreira marcada pela personagem Vera Verão, uma das integrantes mais populares do humorístico A Praça é Nossa, do SBT.
Apesar de atualmente ser reconhecido como uma personalidade importante na história da comunidade LGBTQ+, nem sempre Jorge Lafond foi visto desta forma. Isso porque por anos seu nome e o de Vera Verão foram usados para ofender homens gays, principalmente negros e afeminados. No entanto, os episódios de preconceito foram ressignificados e sua trajetória artística e de luta pela diversidade, se tornaram protagonistas.
Lafond era formado em artes cênicas pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro e desde os 9 anos fazia aulas de balé clássico e dança contemporânea africana. Nos anos 70 integrou o corpo de balé do programa Fantástico, na TV Globo e também viajou trabalhando com grandes nomes do balé, como Mercedes Baptista.
Nos anos 2000, Lafond chegou no auge da fama e por pouco não entrou para o elenco da segunda temporada do reality show Casa dos Artistas, do SBT. Na época, o ator liderou uma enquete do Programa do Silvio Santos, a qual tentava descobrir qual celebridade o público queria acompanhar a rotina.
Em 2002, por exemplo, Jorge foi convidado para desfilar como Rainha de Bateria da escola de samba Unidos de São Lucas. O pedido veio 12 anos depois do ator chocar Carnaval carioca ao desfilar apenas de tapa-sexo na Beija-Flor, que naquele ano tinha como enredo "Todo Mundo Nasceu Nu".
CASO CHOCANTE DE PRECONCEITO
Mesmo com toda a popularidade conquistada através de seus trabalhos, Lafon não estava imune ao preconceito. Em 2003, ele foi alvo de uma situação polêmica envolvendo o padre Marcelo Rossi, no programa Domingo Legal, do SBT. Na ocasião, o religioso se incomodou de dividir o mesmo palco com o artista e pediu para tirá-lo do local, para que ele pudesse se apresentar.
"Me magoou muito. Se eu tivesse mandado ele para aquele lugar eu não estaria estressado como ainda estou", afirmou Lafond em entrevista para o TV Fama, revelando em seguida que o mesmo já havia acontecido em uma rádio.
Dias depois Jorge foi internado devido a estresse e acabou falecendo com problemas cardiorrespiratórios. Seu enterro foi um verdadeiro evento, chegando a reunir mais de 5 mil pessoas no cemitério do bairro do Irajá, no Rio de Janeiro. Famosos como Alcione e Emílio Santiago participaram da homenagem.