Pelé e Maradona: rivalidade ou amizade? Entenda a relação dos craques
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É inegável que Edson Arantes do Nascimento, ou Pelé, e Diego Armando Maradona estão no topo da lista de melhores jogadores da história de qualquer pessoa que goste de futebol. Infelizmente, hoje o mundo do esporte não conta mais com a presença de nenhum dos craques.
Pelé faleceu nesta quinta-feira, 29, depois de uma batalha contra um câncer no cólon. Já Maradona, morreu no dia 25 de novembro de 2020. O argentino nos deixou após uma parada cardíaca. A autópsia determinou um “edema agudo de pulmão secundário a uma insuficiência cardíaca crónica reagudizada”.
O que muitos não entendem é: como era o relacionamento entre Pelé e Maradona?
Dois ídolos máximos do futebol, não foram nem um pouco contemporâneos. Pelé se aposentou no ano de 1977, no New York Cosmos, dos EUA, marcando 35 gols em seu último ano de atividade, fazendo com que a equipe norte-americana fosse campeã.
Já Diego estreou com apenas 15 anos no time de primeira divisão da Argentina, o Argentino Juniors, em 1976. Mesmo time no qual fez sua categoria de base. No dia 20 de outubro começou a carreira brilhante do craque, que entrou no segundo tempo contra o Talleres.
Então, como nunca se enfrentaram nos campos, ninguém sabe exatamente quando começou a rivalidade entre os dois maiores nomes do futebol. Estudiosos da bola acreditam que até 1998, a rivalidade não existia. Os argentinos tratavam Pelé como o maior da história indiscutivelmente, enquanto Maradona era seu herdeiro.
O ponto principal da rivalidade futebolística veio em 2000, quando a Fifa criou o prêmio de melhor jogador do século 20. Pelé, venceu entre os especialistas escolhidos pela entidade, enquanto Maradona, levou no voto popular.
Com respeito mútuo entre os dois, enfrentamentos e reconciliações, eles acabaram se tornando dois dos principais personagens do esporte, e até quem não se importava com a bola rolando, conhecia o nome de Pelé e Maradona.
Se entende que a rivalidade entre os dois nunca foi pessoal, mas sim, resultado do grande embate entre Brasil e Argentina. Considerada uma das maiores do futebol, o desentendimento entre brasileiros e hermanos é longo. “Essa rivalidade vem desde antes de o Maradona nascer. Quando aparece no Brasil um menino negro de 17 anos, ganhando a Copa do Mundo de 1958, os argentinos passam a esperar o seu messias”, contou o jornalista da ESPN Celso Unzelte à CNN.
Porém, foi por conta de Pelé e Maradona que o futebol sul-americano ganhou força mundialmente.
Pelé é três vezes campeão do mundo. Sua primeira conquista foi com apenas 17 anos, no ano de 1958. Além dessa, o eterno Rei levantou a taça do mundial outras duas vezes, nos anos de 1962 e 1970. Sendo essa última, talvez, uma das mais marcantes.
Enquanto isso, Maradona conquistou apenas um título. Em 1986, de forma controversa, a Argentina se consagrou campeã do mundo por conta da genialidade de Diego. O problema, que faz muitos dos amantes do futebol terem um pé atrás com ele até hoje, foi que, nas quartas de final, contra a Inglaterra, aconteceu o famoso gol “La Mano de Dios”.
Na ocasião, o camisa 10 viu a bola sendo escorada pelo zagueiro inglês, e com punho cerrado, enfiou a mão na bola de forma descarada para fazer o gol que daria a vitória aos argentinos. E ele nunca fez questão de esconder. “Eu marquei um pouco com a cabeça e um pouco com a mão de Deus”, disse assim que saiu do campo, classificado.
A relação fora das quatro linhas dos dois, diferente da dentro de campo, era movimentada. Entre farpas e elogios, os dois levaram a vida. Maradona sempre afirmou que Pelé era o melhor jogador da história, mas tinha duras críticas ao camisa 10 brasileiro.
Diego acusava Pelé de “ter deixado Garrincha morrer na ruína”, se referindo à forma como Mané morreu: sozinho e pobre, mesmo sendo considerado um dos maiores heróis do futebol. Além disso, Maradona não gostava da forma como o Rei era isento e não usava de sua influência para conseguir melhorias no esporte, principalmente para os jogadores.
No ano de 2005, Maradona ganhou seu próprio programa de televisão, o La Noche del 10. O primeiro convidado? Pelé. Em uma conversa bem sincera, os dois falaram sobre futebol e sobre drogas. Diego, já teve problemas com cocaína e se recuperou, enquanto o Rei relembrou os problemas envolvendo seu filho Edinho, preso por associação com tráfico.
Mesmo com muitos altos e baixos na relação, o que prevalecia entre Pelé e Maradona era o afeto. Os dois entendiam a importância um do outro para o futebol e nunca deixaram de esconder a admiração que sentiam. Quando Diego morreu, o Rei fez uma linda homenagem em seu Instagram. “Eu perdi um grande amigo e o mundo perdeu uma lenda”, escreveu ele. O termo “grande amigo” já havia sido usado pelo craque para descrever o hermano, no aniversário dele.
Hoje, o que fica de Pelé e Maradona é o legado. Durante muitos anos, eles foram a inspiração máxima de todos os brasileiros e argentinos, até mesmo quem não era daqui, entendia o tamanho dos dois jogadores. Porém, essa inspiração não acabará com a partida dos dois maiores e melhores atletas que o esporte bretão já viu.
Pelé e Maradona são eternos.