Alejandro Claveaux luta pelas causas LGBTQIA+ em nova série: “Precisamos normalizar”
Contigo!
Intérprete de um astro sertanejo que vive romance gay com um segurança na série Rensga Hits (Globoplay), Alejandro Claveaux levanta a bandeira da luta pelo respeito e igualdade para a comunidade LGBTQIA+ dentro e fora das telas.
Ao que atribui tanto sucesso de Rensga Hits?
“Acredito que o sucesso da série se dê majoritariamente por ser uma história de sonhos, busca pelo sucesso. Outro ponto forte são as canções originais, que além de muito bem produzidas, ajudam a contar essa história. Também discute outras questões muito relevantes da nossa sociedade atual, como a trama do Deivid que é um cantor muito famoso e reprime sua sexualidade por medo de perder espaço na cena musical. Outro fator, não menos importante, é que a série exalta a força feminina no segmento sertanejo.”
Você é de Goiânia, cidade onde a série é ambientada, e já nasceu cercado dessa cultura sertaneja que dá o clima da produção. Como foi se reconectar com as raízes?
“Há tempos, estava esperando uma oportunidade de filmar em Goiânia, tenho inclusive um projeto de uma série para filmar por lá. Por ser de Goiânia, pude ajudar na prosódia dos outros atores e até descobri que, quando me chamaram para fazer a série, não sabiam que eu era de lá. Achei engraçado!”
O meio sertanejo ainda é muito machista e, consequentemente, homofóbico. Qual a importância de ter um casal gay inserido nesse universo e levantar a discussão?
“Um dos motivos de eu ter topado fazer a série foi o fato de poder levantar essa bandeira. O Brasil tem uma das maiores populações LGBTQIA+ no mundo e, ao mesmo tempo, é o país que mais mata essa população. Precisamos normalizar o afeto, o carinho e as escolhas de cada um. Espero profundamente que a trama do Deivid possa ajudar nesse processo.”
Por muito tempo, artistas LGBT precisaram esconder suas identidades e relações amorosas para não perder oportunidades de trabalho. Sente que esse cenário está se transformando?
“Eu espero que sim. O cenário está mais favorável, mas ainda temos muitas transformações a serem feitas, principalmente no campo estrutural.”
Você e o Samuel (de Assis, ator e par romântico de Alejandro na série) são amigos há muito tempo. Essa intimidade e cumplicidade entre vocês facilitou a criação desse casal na ficção?
“Com certeza! O fato de ele ser um excelente ator, somado à nossa intimidade e amizade favoreceu muito o processo todo. Batalhamos para que as cenas tivessem verdade e o mesmo espaço que as tramas dos casais héteros tinham na trama. Pensamos em normalizar a relação dos dois, afinal de contas, não vejo diferença entre o amor de um casal gay ou hétero.”
Mesmo diante de um retrocesso político que vivemos, sente que o País está mais aberto para personagens e narrativas LGBT na tela? O beijo já deixou de ser um tabu ou incômodo?
“Acho que o beijo ainda incomoda muita gente, mas num País muito dividido e polarizado como o nosso, é natural esse incômodo quando se trata de normalizar afeto e relações amorosas. A série veio para fomentar essa discussão, precisamos de mais projetos nesse sentido.”
Você teve o ano agitado com outros trabalhos, como a novela Cara e Coragem (Globo) e Maldivas (Netflix). O que guardou de mais especial de cada um?
“Procuro escolher personagens que me tragam desafios. O capitão, de Maldivas, e o Samuel, de Cara e Coragem, são completamente diferentes entre si e do Deivid, de Rensga, e isso me instiga. Maldivas foi filmado na pandemia, quando não tínhamos vacinas, foi um período apreensivo e, ao mesmo tempo, estávamos felizes por estar no set de filmagem novamente.”
Suas redes sociais são lotadas de elogios. Considera-se alguém vaidoso? Quais são os cuidados com o corpo e aparência?
“Vaidoso todos somos em um nível, mas o meu corpo está sempre à disposição do meu trabalho. Tem projetos em que o personagem pede certos cuidados e outros momentos que preciso estar diferente. Nesses casos, a minha vaidade desaparece.”
Quais os próximos projetos daqui para frente? O que mais sonha em realizar?
“Tenho o filme Duas Irmãs, que produzi e no qual atuei no início da pandemia, e que entrou na mostra competitiva do Festival do Rio. Também tenho muita vontade de fazer uma série em língua espanhola.”