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No ar em 'Cara e Coragem', Claudia di Moura expõe importância da representatividade negra na TV
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No ar em 'Cara e Coragem', Claudia di Moura expõe importância da representatividade negra na TV

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10/08/2022 19h20
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Ela não se assusta com a passagem do tempo. Aos 57 anos, Claudia Di Moura sabe que suas conquistas aconteceram no momento certo e celebra a participação na segunda novela global após a estreia em Segundo Sol (2018), que lhe rendeu uma indicação ao prêmio Melhores do Ano. Mãe de três filhas, a atriz baiana vive a poderosa Martha em Cara e Coragem e torce por mais oportunidades para a arte negra na tela.

Em Segundo Sol, você deu vida a uma empregada doméstica e, agora, uma empresária. Qual a importância de personagens negros em papéis de poder?

"Essa é a dimensão qualitativa da representatividade. Queremos não apenas ser vistos, mas também escolher de que modo somos vistos. Queremos mais atores negros em tela, mas também em papéis que não reiterem estereótipos racistas e que sirvam de referência construtiva. Isso não significa que devemos ser sempre os mocinhos, imaculados. Queremos personagens complexos, mas não mais submissos, não mais escravizados. Não queremos nossa existência condicionada a uma situação de vulnerabilidade social e de subserviência em nenhuma esfera, mesmo que na ficção."

Como lidou com todo o impacto e a visibilidade que recebeu na TV? Como sua vida mudou?

"Sou privilegiada de ter recebido tanto carinho do público e dos colegas de trabalho desde minha chegada à televisão. Mas isso não mudou minha identidade ou minhas pautas. Pelo contrário, fazer parte da Rede Globo, que tem 200 milhões de espectadores diários no mundo inteiro, só reafirma o compromisso de ser fiel às minhas convicções."

Dar um passo tão importante na carreira sendo uma mulher mais madura foi difícil?

"Minha vivência não reforça essa ideia, já que é justamente neste momento da minha vida que as maiores oportunidades têm começado a aparecer. O início da minha trajetória na televisão se deu no tempo certo e me encontrou mais segura para administrar as repercussões que a visibilidade tem me trazido. Não me preocupo com as marcas que o tempo vá deixar em mim, mas sim com as marcas que eu quero deixar no tempo."

Como decidiu ser atriz?

"Ser atriz foi uma maneira de tentar sobreviver ao silenciamento do racismo. Minha família é um verdadeiro fã-clube, sempre presente e carinhosa. O amor dos meus e das minhas é meu amuleto".

 

Sabemos que ser artista no Brasil não é só fama e glamour. Já passou por dificuldades na profissão?

"Fama e glamour nem sequer fazem parte da vida da maioria dos artistas brasileiros, que lutam diariamente por subsistência e dignidade, especialmente quando não se é branco. Já tive, sim, dificuldades ao longo da carreira, mas meu empreendimento em moda impediu que, em momentos de crise, eu fosse refém de projetos que não condizem com a minha verdade. Só assim eu pude me manter no controle da minha carreira de atriz e torná-la muito coerente e consistente."

Cara e Coragem é um marco na representatividade feminina e negra no elenco e produção. Como é fazer parte dessa história? O mundo está avançando nesse sentido?

"Cara e Coragem definitivamente é uma obra feminina, escrita, dirigida, produzida e protagonizada por mulheres. Isso é uma conquista histórica e exemplar, resultado de uma luta centenária contra o machismo que domina os meios de produção. No que toca à representatividade negra, a novela acerta ao trazer a família Gusmão para vestir a nossa pele. Fico na expectativa de que as discussões provocadas por essa escalação se avolumem e ajudem a tornar decisões criativas como essa mais e mais recorrentes."

Como é a convivência com Taís Araujo e Ícaro Silva, que vivem seus filhos na ficção?

"Existe entre nós um senso de admiração, carinho e respeito mútuos. Mas compartilhamos traços identitários que nos aproximam, para além de interpretarmos uma família. Temos visões complementares sobre nossas experiências na tela e fora dela."

Como é a Claudia mãe na vida real?

"Sigo aprendendo sempre. Quando me enxergo nas minhas filhas, sinto cada vez maior a minha responsabilidade em escolher melhor as palavras e ações, porque eu continuo sendo um modelo, tanto nos meus acertos quanto nas minhas falhas. Em contrapartida, elas são únicas e independentes e isso multiplica a minha garra e a minha autoestima. Sou filha das minhas filhas, meu amor por elas me acolhe, e o amor delas me alimenta."

O que ainda espera realizar na carreira e na vida pessoal?

"Quero projetos cada vez mais autorais, papéis cada vez mais desafiadores, histórias cada vez mais apaixonantes. Quero abraços demorados e sorrisos infinitos. Liberdade, leveza, alegria e estar sempre rodeada daqueles a quem quero bem. Desejos maiores que os medos, firmeza nos passos, doçura nos gestos. É isso que a vida espera de mim."

 

 

Entrevista publicada na CONTIGO! Novelas número 169. Já disponível nas bancas digitais. 

 

Leia a matéria original aqui.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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