Lana Del Rey fala sobre críticas e entrega detalhes de seu novo álbum: "Não preciso experienciar nada mais"
Hollywood Forever TV
Prestes a lançar seu novo disco, Did You Know That There’s a Tunnel Under Ocean Blvd, que chega ao público em 24 de março, Lana Del Rey estampa a capa global da Rolling Stone. Apontada como “a maior compositora do século 21” pela revista, em entrevista exclusiva à publicação do Reino Unido, a cantora de 37 anos se abre e fala sobre críticas no início da carreira, saúde mental, relacionamento abusivo e entrega detalhes de seu — aguardado — novo trabalho.
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Del Rey, que não se sentia entusiasmada há mais de uma década, passou por um período difícil, que finalmente chegou ao fim há três meses. “Você pode rezar e rezar para se sentir aliviado, mas sem explicações, de repente, tudo decola”, disse a cantora. O desanimo começou com as críticas que recebeu no início da carreira, com seu disco de estreia Born To Die (2012).
Segundo à Rolling Stone, apesar da boa recepção que teve com os fãs, o pop orquestral inspirado pelo hip hop não foi visto com bons olhos pelos jornalistas de música da época, que detonaram a artista. “Eu pensei: ‘Isso soa muito diferente agora. As baladas eram como hits pop.’ Por isso, em vez de ser avaliada como uma artista baseada na razão, do cotidiano, fui avaliada em um nível padrão, o que foi desafiador”, Lana relembrou. “Lidar com uma crítica tão dura faz com que progredir de forma alegre seja difícil”.
Para a cantora, talvez a mudança cultural da sociedade, que agora é mais aberta para assuntos como saúde mental e traumas, possa ter contribuído para a sua felicidade. “É quase como se ninguém pudesse fazer algo errado, a não ser que você seja o Kanye falando sobre nazistas, o que, vocês sabem, é um problema”, disse ela, se referindo às falas polêmicas do rapper Kanye West.
“Mas tirando isso, você pode dizer: ‘Bem, quando eu tinha 10 anos, uma árvore caiu e desde então sinto que não posso andar até aquela loja…’ Todos têm essas histórias específicas, mas cheias de nuances, que são universais para as pessoas. Acho que isso está relacionado à mudança e à suavização da cultura, sem que eu soubesse sobre isso.”
RELACIONAMENTOS CONTROVERSOS
A partir do álbum Ultraviolence, lançado em 2014, Del Rey começou a receber diversas críticas e foi acusada de romantizar relacionamentos abusivos. No entanto, está foi uma forma da cantora expor o que viveu — e sentiu. “Uma coisa da qual nunca me livrei são esses relacionamentos normais, mas controversos”, Lana explicou.
“Não é como se, quando você se torna uma cantora, as pessoas começassem a ser boas com você. Isso nunca acontece. As pessoas ainda são elas mesmas. Acho que é por isso que algumas consideram meu trabalho polarizador, porque ou você esteve em uma dinâmica controversa na família e nas relações interpessoais, ou não esteve. Então, se você não esteve, talvez use as palavras e frases que ouvi: ‘glorificando a submissão,’ ‘fragilidade forçada.’ Ok. Eu chamaria isso de ver a luz no fim do túnel, talvez?”.
“Você está escrevendo o que aconteceu, mas tenta se colocar para cima, talvez melodicamente no refrão,” Lana disse.
Lana conta que um relacionamento em específico a fez perceber que ela vivia uma relação tóxica. “A lição foi tão chocante e eu sequer consegui aliviar minha dor. Mas percebi que apenas uma pessoa com aquela aparência específica, estatura e disposição alegre que consideravam que ele tinha — que dava a impressão de que eu não era a pessoa positiva — apenas esse tipo de pessoa poderia me fazer perceber que eu precisava de uma base, para sempre poder voltar para mim mesma.”
Ao ser questionada sobre o motivo do amor romântico estar tão presente em seu trabalho, Lana responde: “Todos se encontram de alguma forma. Algumas pessoas se encontram por meio do trabalho, viagens. Acho que minha forma de me encontrar, aprender mais de mim mesma, é estar com outras pessoas. Sobre o lado romântico das coisas, se você é monogâmico e está com apenas uma pessoa, há muita importância nisso.”
DID YOU KNOW THAT THERE’S A TUNNEL UNDER OCEAN BLVD
Seu novo álbum, Did You know that there’s a tunnel under Ocean Blvd, traz uma versão mais direta e crua de Del Rey. As canções, conforme destaca Jack Antonoff, são frequentemente acompanhadas por uma “voz de Deus, alegria e esperança.” Sobre a faixa A&W, lançada recentemente, o produtor musical — que trabalhou em algumas músicas — admite: “É estranho não saber como você deveria se sentir.”
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“Essa sensação continua no disco inteiro. Você poderia dissecar os sons, se vêm do gospel ou de sintetizadores antigos. Mas no estúdio, era sobre encontrar o que era chocante naquele momento.”
O título do álbum refere-se a um túnel real localizado embaixo da Ocean Boulevard, no centro de Los Angeles, em Long Beach. No final dos anos 1960, ele foi fechado ao público, mas antes funcionava como um acesso subterrâneo à praia e vendedores de algodão-doce e suvenires trabalhavam no local. A ideia do título era não soar tão literal, como explica Del Rey: “Seria um conceito preocupante estar trancada com todas essas coisas bonitas, sem ter acesso a ninguém, exceto a família?”
“Isso era uma dúvida, porque é algo muito plausível de acontecer com a música, com a percepção das pessoas sobre como a música pode ser”, ela à Rolling Stone. “Chegaria a um ponto em que o trabalho me tornaria um navio sequestrado, e apenas minha família teria acesso a esse túnel metafórico.”
Dedicado à família, o disco foi inspirado por pessoas que Lana admira, sejam elas artistas como a romancista Sylvia Plath, ou pessoas de seu cotidiano, como suas amigas. Aliás, de acordo com a cantora, alguns versos das canções vieram de conversas reais com sus amigas. “Se pensam que minha música é boa, é porque outras pessoas se envolveram nas canções. Muitas pessoas”, afirma.
Segundo a publicação, Mike Hermosa, ex-namorado de Lana Del Rey, participou como produtor do disco e foi um dos responsáveis pela existência do álbum. Todo domingo, ele tocava guitarra ao lado de Del Rey — que gravava secretamente. Em um momento, ele pediu para ela cantar junto e assim surgiu “Did You Know.”
“A música é como um pequeno pássaro que está sempre no meu ombro. Mesmo quando estou dando um tempo, alguém chega e toca uma pequena canção e eu penso: ‘Merda, está acontecendo de novo.’”
O ex-casal gravou músicas no celular em todos os domingos que conseguiram, cinco delas estão presentes no álbum. “Quando terminamos, fiquei tipo: ‘Em algum ponto vamos precisar conversar sobre o fato de você ter feito metade desse álbum”, disse a cantora.
Lana, que descreve o Did You know that there’s a tunnel under Ocean Blvd como o disco mais fácil de sua carreira, garante que a obra é algo diferente de tudo que já fez e está animada com essa nova fase.
“Não importa o que aconteça a partir daqui, eu já aprendi tudo. Aprendi tudo que precisava saber, não preciso experienciar nada mais. Estou realmente feliz que passei por todos esses períodos turbulentos, às vezes causados por mim mesma, ou impostos a mim por outras pessoas. Isso mostra que eu tenho sorte por meu coração não estar fragmentado por todo o mundo, pedaços com pessoas a quem ele não pertence. Minha mente está sã e não deixará minha teimosia fazer o que quiser.”
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