29 anos sem Senna: relembre os carros guiados pelo brasileiro na Fórmula 1
Sportbuzz
A morte de Ayrton Senna, um dos principais pilotos de Fórmula 1 do mundo, completa 29 anos nesta segunda-feira, 1º de maio. No GP de San Marino, em 1994, o mundo automobilístico se despedia de um grande ídolo, o tricampeão da categoria e herói brasileiro.
Depois do impressionante acidente na curva Tamburello, em Ímola, o brasileiro perdia a vida. Porém, a carreira de 10 anos de Senna na Fórmula 1 foi recheada de ação, conquistas, recordes e rivalidades que levaram o esporte a novos patamares em termos de popularidade e cobertura da mídia em todo o mundo.
Assista a entrevista na íntegra:
No entanto, não basta apenas um piloto habilidoso do outro lado do volante para dar diversos títulos ao país. O carro que é pilotado é fator fundamental para que a conquista chegue, e foi em grandes máquinas que Senna fez sua história.
Diante disso, o SportBuzz relembra aqui quais foram os carros que já tiveram o privilégio de serem pilotados por Senna na Fórmula 1. Confira:
Toleman TG183B - 1984
Na África do Sul e na Bélgica, Senna chegaria no sexto lugar, mas a corrida final do TG183B seria uma que entraria para a história. O inesquecível Grande Prêmio de San Marino de 1984 foi o único evento de F1 que Senna nunca conseguiu se classificar.
Assim, o TG184 foi apresentado para o próximo evento na França, o quinto na temporada. Sua performance mais famosa aconteceria na corrida seguinte, com Senna no volante.
Toleman TG184 - 1984
Com Senna ainda considerado como um novato na modalidade, ele deu seu cartão de boas-vindas ao mundo das corridas no Grande Prêmio de Mônaco de 1984.
O novo carro da equipe estava um passo à frente dos demais e Senna teria uma chance imperdível de mostrar seu talento. Começando em 13° com bastante chuva, Senna teve uma corrida memorável.
O brasileiro passou Alain Prost pouco antes da bandeira vermelha ser acenada na volta número 32. Senna comemorou uma vitória, mas as regras diziam que as posições deveriam voltar como estavam antes da corrida ser paralisada.
Dessa forma, Senna teve que se contentar com a segunda posição em vez da primeira, mas a mensagem ao mundo da Fórmula 1 havia sido dada.
Lotus 97T - 1985
A rápida ascensão de Senna continuou com o Lotus 97T preto e dourado em seu segundo ano. A Lotus não era a equipe que tinha sido no final da década de 1970 e ainda estava sofrendo com a morte do chefe Colin Chapman, em 1982, mas a primeira temporada de Senna marcou o ressurgimento da equipe.
O 97T fabricado pela Renault seria competitivo do que os demais e Senna, que substituiu Nigel Mansell, depois que ele foi para a Williams, venceria sua segunda corrida com a equipe, dominando as fortes chuvas para vencer com mais de um minuto para o segundo colocado no Grande Prêmio de Portugal.
Ao longo do ano, sete pole-positions ajudaram o piloto a fazer a reputação como um dos mais incríveis nas classificatórias, característica que continuaria sendo um de seus maiores atributos ao longo da carreira.
Lotus 98T - 1986
Com o companheiro de equipe de 85, Angelo de Angelis, saindo para a Brabham, Senna vetou a contratação do piloto britânico Derek Warwick e o pouco conhecido Scot Johnny Dumfries assumiu o papel de segundo piloto da Lotus.
Na temporada que foi muitas vezes considerada o auge da era turbo, houve pressão sobre a Lotus e a Renault para fazer de Senna um candidato ao título. O motor EF15B da Renault seria um dos mais potentes que já rodaram em um carro de Fórmula 1.
Apesar de Senna ter conquistado oito poles ao longo da temporada, a Lotus não conseguiu converter essa força em uma busca pelo título. O brasileiro teria que se contentar com vitórias na Espanha e em Detroit.
Assim, ele terminou no pódio em outras seis ocasiões, mas questões relacionadas à confiabilidade do carro fizeram o brasileiro ter que se contentar com um quarto lugar no Mundial de Pilotos.
Lotus 99T -1987
Outro famoso esquema de cores substituiu o visual John Player Special da Lotus, com a pintura azul e amarela da Camel começando a aparecer em 1987. A Honda, que se tornaria uma parte essencial da carreira de Senna, entrou como fornecedora de motores.
Assim, o 99T foi equipado com uma suspensão ativa, o que ajudou Senna a alcançar vitórias em circuitos de rua como Mônaco e Detroit, mesmo que o sistema tenha contribuído para um carro que era difícil de montar para muitos dos cursos daquele ano.
Senna conquistaria apenas uma pole position ao longo desta temporada, mas apesar das falhas da 99T, o carro era competitivo o suficiente aos domingos para terminar o Mundial de Pilotos na terceira colocação.
McLaren MP4/4 - 1988
A crescente de Senna continuou com uma mudança para a McLaren na temporada de 1988. Foi neste ano que Senna correu naquele que seria o melhor carro de sua carreira.
Alguns consideram o MP4/4, com motor Honda, projetado por Steve Nichols, o melhor carro de Fórmula 1 já feito até hoje.
Nesse carro, Senna teve uma de suas performances mais lendárias, no Grande Prêmio de Mônaco. Ele superou Prost por 1.427 segundos e mais tarde comparou a volta a uma experiência fora de seu corpo.
Em sua determinação de humilhar Prost, Senna ignorou as chamadas durante a corrida para desacelerar e bateu enquanto liderava confortavelmente, sendo obrigado a abandonar a corrida.
Esse abandono não importou muito no grande esquema da temporada, onde o MP4/4 venceu 15 das 16 corridas daquele ano. Sete pertenceram a Senna e foram suficientes para o seu primeiro título.
McLaren MP4/5 - 1989
Dominando da temporada, a McLaren pôde desenvolver o MP4/5. Os motores com turbocompressor foram banidos e os motores com aspiração natural se tornaram obrigatórios, o que significa que este carro teve um motor Honda V10.
O MP4/5 é personagem de um dos momentos mais famosos da história da F1, um importante momento na lendária rivalidade entre Senna e Prost.
Enquanto os companheiros de equipe disputavam posição na penúltima corrida, o Grande Prêmio do Japão, eles fizeram contato e pararam na chicane final na volta 46.
Prost se retirou da corrida no local, mas o carro de Senna foi empurrado de volta para a pista de corrida e o brasileiro acabou vencendo. No entanto, Senna foi desqualificado por conta de sua largada irregular e Prost foi nomeado campeão da temporada.
Senna venceu seis corridas contra quatro de Prost, mas o francês ficou com o título. A relação dos dois havia ficado insustentável, e Prost se mudou para a Ferrari para a temporada de 1990.
McLaren MP4/5B - 1990
Com a saída de Prost, Senna mirou no seu segundo título mundial, com Gerhard Berger tomando o lugar de Prost. Prost levou o designer Nichols com ele para a Ferrari e a McLaren entrou no ano com uma versão modificada do MP4/5, chamada MP4/5B
Mais uma vez, ele desfrutou de uma vantagem de velocidade na qualificação, o que combinava perfeitamente com Senna, mas a Ferrari daquele ano não ficava muito atrás.
Senna venceu novamente seis corridas e voltou à penúltima corrida, no Japão, com a chance de conquistar o título.
Outro momento histórico aconteceu. Senna teve um início lento da pole position e Prost assumiu a liderança na corrida até a curva 1, mas seus carros não iriam além disso, pois Senna bateu em Prost enquanto o francês se aproximava do destro.
Os dois pilotos tiveram que sair da corrida e Senna foi declarado campeão mundial.
McLaren MP4/6 - 1991
Tendo um motor Honda V12, a McLaren foi referência para o resto das equipes da Fórmula 1 novamente em 1991 e continua sendo o último carro de F1 a vencer um campeonato mundial com uma transmissão totalmente manual ou um motor V12.
A vitória mais memorável da campanha do tri de Senna foi sua primeira no Grande Prêmio de Interlagos. Ele perdeu a terceira e a quinta marcha nas voltas finais e ficou tão exausto com o esforço de se manter na corrida que teve que ser arrastado para fora do carro depois da bandeirada.
O MP4/6 seria o último carro vencedor de Senna, já que o período de domínio da McLaren chegou ao fim e não venceria um título de novo até 1998. Senna correria com uma versão modificada do carro nas duas primeiras corridas da temporada seguinte.
McLaren MP4/7A - 1992
Este carro estava originalmente programado para ser apresentado na quarta corrida do ano, mas um novo poder crescente provocou uma mudança de planos.
O Williams FW14, projetado por Adrian Newey, desenvolvido pela Renault, era um grande carro. Depois de ver a Williams vencer as duas primeiras corridas, o chefe da McLaren, Ron Dennis, antecipou o lançamento do MP4/7A.
Com um novo carro, Senna conquistou três vitórias, sendo Mônaco, Hungria e Itália, em sua temporada menos competitiva desde que deixou a Lotus. A primeira dessas vitórias o viu segurar Mansell pelas ruas de Monte Carlo, uma clássica batalha da Fórmula 1.
McLaren MP4/8 - 1993
Sem contar com a Honda, o carro da McLaren em 1993 tinha um motor Ford. Mesmo que Prost e sua Williams finalmente tivessem vencido a temporada confortavelmente, Senna alcançou ótimos resultados no início do ano, vencendo três das seis primeiras corridas e liderando o campeonato até a sétima corrida.
Porém, o carro diminuiu o ritmo, enquanto a Williams foi ficando mais forte. Senna passou oito corridas seguidas sem ir ao pódio, tornando esse, o período de seca mais longo de toda a sua carreira.
Uma de suas três vitórias é sem dúvida a do Grande Prêmio da Europa de 1993 no circuito britânico de Donington Park. Com chuva, Senna ultrapassou Michael Schumacher, Karl Wendlinger, Damon Hill e Prost na primeira volta.
Ele ainda terminaria a sua vitoriosa passagem pela McLaren com vitórias nas últimas duas corridas, Japão e Austrália, antes de mudar para a Williams, que agora era a força dominante na Fórmula 1.
Williams FW16 - 1994
O carro projetado por Newey foi uma evolução da Williams de Prost em 1993, com um título confortável, mas sem o fator X. O sistema de suspensão ativo que a Williams havia colocado nos dois anos anteriores tinha sido banido e a pré-temporada logo revelou deficiências no FW16.
Senna abandonou as duas primeiras corridas, vencidas por Michael Schumacher, da Benetton. A frustração de Senna no início do ano foi intensificada por uma suspeita de que a Benetton estava utilizando um software ilegal de controle de tração em seu carro, uma alegação nunca comprovada.
Foram feitas alterações no FW16 para a terceira corrida, o Grande Prêmio de San Marino em Ímola, mas o mundo nunca chegou a ver se a tal mudança poderia ter reacendido a chama no Mundial de Pilotos. Depois de conquistar a pole e liderar no início, Senna bateu na curva Tamburello no início da sexta volta.
*Texto inicialmente publicado em 2021