A época obscura em que o futebol feminino era proibido por lei no Brasil
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Como a lei foi aplicada na prática ao longo das décadas?
A legislação não ficou apenas no papel e foi aplicada de forma concreta por federações, clubes e órgãos esportivos. Partidas eram proibidas, campos negados e equipes femininas dissolvidas à força, mesmo quando havia público e interesse crescente. Em muitos casos, mulheres que insistiam em jogar eram ridicularizadas ou ameaçadas.
Além disso, a CBF e entidades regionais usavam o decreto como justificativa para não organizar competições oficiais. Isso criou um ciclo de invisibilidade, no qual a ausência de campeonatos era usada como argumento para dizer que o futebol feminino “não existia”.
Quem foram as mulheres que resistiram à proibição?
Mesmo sob repressão legal, diversas mulheres desafiaram a norma e continuaram jogando de forma clandestina. Times amadores surgiam em bairros, fábricas e escolas, muitas vezes disfarçados de eventos recreativos para evitar punições. Essas jogadoras foram fundamentais para manter viva a prática do esporte.
Figuras como Léa Campos, primeira árbitra de futebol reconhecida internacionalmente, também enfrentaram resistência institucional. Sua trajetória simboliza a luta feminina contra um sistema que barrava não apenas atletas, mas qualquer mulher que quisesse ocupar espaço no futebol.
Quando e por que o futebol feminino voltou a ser permitido?
A proibição só foi oficialmente revogada no fim da década de 1970, em meio a mudanças sociais e pressão internacional. Em 1979, o Conselho Nacional de Desportos retirou o futebol da lista de práticas proibidas para mulheres. No entanto, o simples fim da lei não significou apoio imediato.
Durante os anos seguintes, o futebol feminino continuou sem estrutura, calendário regular ou investimento. O atraso acumulado por quase quatro décadas fez com que o Brasil começasse muito atrás de outros países que nunca proibiram a modalidade.
Quais foram as consequências desse período para o esporte?
Os efeitos da proibição foram profundos e duradouros. A falta de formação de base, campeonatos e visibilidade atrasou o desenvolvimento técnico e profissional do futebol feminino. Muitas atletas talentosas jamais tiveram a chance de seguir carreira, pois o ambiente simplesmente não existia.
Além disso, a percepção cultural de que futebol “não era coisa de mulher” foi reforçada por anos de repressão estatal. Esse estigma ainda influencia salários, patrocínios e cobertura da mídia, mesmo décadas após o fim da proibição oficial. O vídeo abaixo postado no perfil oficial da TNT Sports no TikTok, fala um pouco mais sobre esse período obscuro do esporte.
O que podemos aprender com esse capítulo da história do futebol?
A história de a época obscura em que o futebol feminino era proibido por lei no Brasil mostra como decisões políticas podem moldar, limitar ou até apagar trajetórias esportivas inteiras. Não se trata apenas de esporte, mas de direitos, acesso e igualdade de oportunidades.
Relembrar esse período é essencial para entender por que o futebol feminino ainda luta por espaço e reconhecimento. Mais do que corrigir injustiças do passado, conhecer essa história ajuda a evitar que o mesmo tipo de exclusão volte a se repetir sob outras formas.