Doença da vaca louca: Saiba tudo sobre sintomas e transmissão
Anamaria
A internação de um homem de 78 anos em Caratinga, Minas Gerais, com sintomas suspeitos da doença da vaca louca trouxe o tema de volta ao debate público. Embora exames tenham descartado o diagnóstico, a encefalopatia espongiforme bovina (EEB), mais conhecida como doença da vaca louca, ainda causa receio por sua possível transmissão a humanos. O mal pode ser transmitido por meio do consumo de carne contaminada e tem potencial de provocar graves consequências à saúde, especialmente no sistema nervoso.
Originária do Reino Unido na década de 1980, a doença da vaca louca afeta o sistema nervoso dos bovinos e é causada pelo acúmulo de príons, proteínas anormais que se alojam no tecido nervoso. Essa proteína é responsável por degenerar o tecido cerebral dos animais, gerando sintomas neurológicos progressivos que podem ser fatais. Com a adoção de medidas sanitárias rigorosas em vários países, a presença da doença foi amplamente controlada, mas o receio de transmissão para humanos permanece em evidência.
O que é a doença da vaca louca e como ela surge?
A doença da vaca louca se manifesta principalmente em duas formas: a variante clássica e a atípica.
BSE clássica: esta forma da EEB ocorre quando o gado ingere alimentos contaminados com farinha de carne e ossos de outros bovinos infectados. A prática de alimentar os bovinos com subprodutos de sua própria espécie foi banida em diversos países justamente para conter a disseminação da doença. Esse tipo de BSE foi a causa do grande surto nos anos 1990;
BSE atípica: esta forma é rara e ocorre espontaneamente, sem relação com o consumo de alimentos contaminados. Ela pode aparecer em qualquer população de bovinos e, até o momento, não há indícios de que possa ser transmitida aos humanos. Mesmo assim, a cadeia alimentar adota protocolos para reduzir qualquer possível exposição a príons atípicos.
O uso de farinhas animais em ração foi proibido na maioria dos países após o surto dos anos 1990. Segundo especialistas, como a pesquisadora Claudia Del Fava, isso contribuiu para reduzir os casos de BSE Clássica para níveis extremamente baixos, quase zero, em todo o mundo.
Doença da vaca louca pode ser transmitida para humanos?
A doença da vaca louca é considerada uma zoonose, ou seja, pode afetar seres humanos em certas circunstâncias. Quando uma pessoa consome carne contaminada com príons, existe o risco de desenvolver uma condição chamada doença de Creutzfeldt-Jakob variante (vCJD). Essa forma de Creutzfeldt-Jakob é rara, mas extremamente grave e, em geral, fatal. Embora sua incidência seja baixa, a gravidade dos sintomas e a impossibilidade de cura tornam a vCJD uma preocupação de saúde pública.
Os sintomas da variante humana da doença incluem:
- Perda de memória e alterações cognitivas: os príons causam uma degeneração progressiva das células nervosas, levando a déficits de memória, dificuldades em raciocínio e alterações de comportamento;
- Problemas motores: a pessoa pode sofrer com tremores, dificuldade para caminhar e perda de coordenação motora;
- Alterações de sensibilidade: mudanças na percepção tátil e outras sensações são comuns, já que o sistema nervoso é diretamente afetado.
Estes sintomas avançam de forma rápida e degenerativa, e a condição geralmente leva ao óbito em poucos meses ou anos após o diagnóstico. É importante notar que casos de vCJD são raros e isolados, principalmente graças ao controle sanitário na produção de carne bovina.
Qual o nível de risco atual para humanos?
Com a adoção de rigorosos protocolos sanitários no setor agropecuário, o risco de contaminação com a doença da vaca louca é atualmente considerado muito baixo. A Organização Mundial de Saúde Animal (WOAH) recomenda que os países sigam diretrizes para rastrear e evitar a entrada de príons na cadeia alimentar, e o consumo de carne bovina é, em grande parte, seguro em países que mantêm esses protocolos.
Mesmo com esses avanços, a presença de um novo caso suspeito levanta alertas, e especialistas reforçam a necessidade de medidas constantes de vigilância e prevenção, especialmente em locais onde a produção de carne ainda pode ter processos menos controlados. Para consumidores, a recomendação é confiar em carnes provenientes de redes e fornecedores que sigam normas sanitárias rigorosas.