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Há 114 anos, nascia Chico Xavier, um dos maiores expoentes do Espiritismo
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Há 114 anos, nascia Chico Xavier, um dos maiores expoentes do Espiritismo

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Aventuras Na História
02/04/2024 16h26
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Um dos maiores expoentes do Espiritismo, Francisco Cândido Xavier, popularmente conhecido como Chico Xavier, nasceu em 2 de abril de 1910.

Com um legado inquestionável de altruísmo, empatia, religiosidade e amor ao próximo, a figura do médium se transformou em uma das mais admiradas e aclamadas no país, tanto é que, em 2012, Chico Xavier foi eleito ‘O Maior Brasileiro de Todos os Tempos’ em concurso realizado pela BBC em parceria com o SBT. 

Entretanto, o que poucos sabem é como as raízes humildes do garoto nascido em Pedro Leopoldo (MG), em 2 de abril de 1910, e a morte de sua mãe, Maria João de Deus, influenciaram sua vida em prol de ajudar o próximo. 

A dor de uma perda

Em entrevista ao site Aventuras na História em 2022, o jornalista Marcel Souto Maior, autor da biografia ‘As Vidas de Chico Xavier’ (Editora Planeta), conta mais detalhes da vida humilde do médium e diz que a morte de sua mãe, uma lavadeira católica, é um fator “chave” para entendermos a trajetória de Chico

O médium Chico Xavier/ Crédito: Divulgação/Video/YouTube

 

“O Chico tinha 5 anos quando a Maria João de Deus morreu. E, ele começa a ter conversas com o ‘invisível’ quando ele começa a conversar com esse espírito da mãe no quintal de sua casa”, explica. 

Devido às condições econômicas da família, que eram muito precárias, o pai de Chico, João Cândido Xavier, se viu obrigado a ‘distribuir’ seus nove filhos entre seus familiares. O médium acabou indo morar com sua madrinha Rita de Cássia, que também era uma antiga amiga de sua mãe. 

Marcel revela que, durante esse período, Chico passou a ser castigado e torturado por Rita de Cássia. “Ele sempre vai desabafar com esse espírito da mãe morta. Ele conta história de que ela era sua conselheira. Então, antes de seu guia espiritual aparecer, aos 21 anos, que é o Emmanuel, ela era quase que uma orientadora espiritual. Ela era uma guia espiritual de Chico”.

A vida com sua madrinha, diz o jornalista, contrasta muito com o que Chico vivia ao lado de Maria João de Deus, uma mulher muito afetuosa. “[Ela] era uma daquelas mães do afeto”. 

Chico conta que uma das primeiras saídas dele com a madrinha, ele estica a mão para a madrinha segurá-lo, mas ela o deixa no vazio. E ele fica com aquela sensação de vazio na mão que ele nunca esquece. Isso explica muito da relação muito próxima que ele tinha com as mães enlutadas”, aponta. 

Souto Maior enxerga que esse episódio marcou tanto a vida do médium que permite explicar o desenvolvimento de seu trabalho de ajuda em psicografar mensagens dos filhos mortos para as mães em sofrimento imenso. “Eu vejo uma conexão forte desse trabalho com essa ausência sentida lá nessa primeira infância”. 

"Quando as mães chegavam até ele, desesperadas querendo uma carta do filho morto, Chico não pedia para elas terem calma ou para terem fé, muitas vezes ele as abraçavam e chorava junto. Em silêncio", diz. "Ele falava: ‘a dor dessas mães me atravessa o coração’. Isso tem a ver com essa ausência materna que ficou com ele a vida inteira”, completa. 

A mediunidade de Chico

Ainda em sua juventude, Chico passou a viver uma difícil missão: convencer seus familiares das coisas que ele via e ouvia. “Os familiares de Chico duvidavam muito”, explica o jornalista. 

“O pai dele era uma pessoa muito simples, vendedor de bilhetes de loteria e analfabeto. Ele, simplesmente, achava que o Chico era louco. O que salvou o Chico de ser internado, até mesmo em sanatório, já que na época se internava em sanatório, foi o tal ‘o trabalho engrossa o fio da vida’ [máxima que o moveu durante toda sua trajetória]”, continua. 

O médium Chico Xavier/ Crédito: Divulgação/Video/YouTube

 

Desta forma, Chico, desde muito menino, foi trabalhar em uma fábrica de tecidos. “Ele começou a ajudar o pai nos sustentos dos irmãos. O trabalho salvou o Chico”, diz o biógrafo do médium. 

Ele foi aconselhado, até pelo padre de sua cidade — que era católico — a trabalhar e parar de falar que estava tendo essas visões e que escutava vozes. O padre também deu uma sossegada nele”, brinca.

O fato é que Chico se via muito assustado, revela Souto Maior, visto que aquela situação ainda era muito nova e única para ele. “Aquela era uma cidade católica e ele ficava se sentindo sozinho com as visões e as vozes que ele ouvia”. 

Em 1992, aos 12 anos, quando estava no quarto ano do colégio, Chico chegou a receber uma menção honrosa por conta de uma redação que escreveu para um concurso estadual sobre o Centenário da Independência do Brasil, aponta o jornalista Hamilton Ribeiro em artigo escrito para a Revista Realidade. 

Entretanto, Marcel revela como ele era capaz de escrever redações absolutamente rebuscadas, sofisticadas e elaboradas. “A professora do Chico lia e falava: ‘Mas o que é isso?’”, impressionada com a escrita do jovem.

E ele respondia: ‘eu li esse texto, apareceu aqui na minha frente’. Ou, ‘eu ouvia esses poemas que chegavam no meu ouvido’. Eram palavras que ele nem conhecia”, relata o jornalista. “Isso era atribuído à loucura e não aos espíritos”.

A crença no Espiritismo

A situação de Chico só passou a ser compreendida por ele próprio e por seus familiares em 1927, quando ele tinha 17 anos. Na ocasião, uma de suas irmãs passou a apresentar um quadro de surto. “O pai do Chico, que era cético, resolveu recorrer ao espiritismo”, conta Marcel

Desta forma, dois espíritas da cidade foram chamados para ajudar com a situação: José Hermínio Perácio e Carmem Pena Perácio. “Chico acompanhou o tratamento dessa irmã. Então, essa irmã, através dos passes, orações e tudo mais, foi se recuperando muito rápido”. 

Devido ao interesse de Chico, José Hermínio e Carmem Perácio lhe apresentaram as obras de Allan Kardec: ‘O livro dos médiuns’ e ‘O livro dos espíritos’. “Então, o Chico conseguiu entender o que acontecia com ele. Ele foi, a vida inteira, absolutamente grato à Kardec”, finaliza Marcel Souto Maior.


+ Confira abaixo a entrevista completa que o jornalista e biógrafo Marcel Souto Maior concedeu à equipe do site do Aventuras na História.


Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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