Adoçante comum aumenta risco de doenças cardiovasculares, diz estudo
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O eritritol, um adoçante natural famoso por substituir o açúcar em bebidas e alimentos, tem ganhado destaque em pesquisas recentes. Conhecido por ser uma alternativa de baixa caloria, ele agora está sob análise devido ao seu potencial impacto na saúde cardiovascular. Um estudo realizado pela Cleveland Clinic, nos Estados Unidos, sugere que o eritritol pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares como ataque cardíaco e derrame, associando-o à formação de coágulos sanguíneos.
Publicada no periódico Arteriosclerosis, Thrombosis and Vascular Biology na última quinta-feira (8), a pesquisa é parte de uma série de investigações sobre os efeitos fisiológicos de substitutos do açúcar comumente usados. Os cientistas apontam que o eritritol pode não ser tão seguro quanto se pensava e sugerem uma reavaliação do ingrediente por agências regulatórias.
A relação entre o eritritol e a saúde cardiovascular foi explorada por meio de duas etapas. Inicialmente, um estudo anterior, publicado em 2023 na Nature Medicine, identificou que pacientes cardíacos com alto consumo de eritritol apresentavam o dobro de chances de sofrer eventos cardíacos graves nos três anos seguintes. Isso se comparados àqueles que consumiam menos desse adoçante.
No estudo mais recente, a equipe da Cleveland Clinic investigou os efeitos diretos do eritritol nas plaquetas sanguíneas. Em um grupo de 20 voluntários saudáveis, após a ingestão de uma dose tipicamente encontrada em um refrigerante zero açúcar, os níveis de eritritol no sangue aumentaram mais de mil vezes. Notavelmente, houve um aumento significativo na formação de coágulos sanguíneos após o consumo do adoçante, algo que não foi observado com a ingestão de glicose.
Qual impacto do adoçante na saúde?
O coautor do estudo, W. H. Wilson Tang, diretor de pesquisa para Insuficiência Cardíaca e Medicina de Transplante Cardíaco na Cleveland Clinic, sublinhou a necessidade de uma investigação mais aprofundada. “Esta pesquisa levanta preocupações de que uma porção padrão de um alimento ou bebida adoçada com eritritol pode estimular agudamente um efeito direto de formação de coágulos”, afirmou Tang.
O autor sênior do estudo, Stanley Hazen, também reforçou a importância de análises adicionais. “Precisamos de mais estudos clínicos de longo prazo para avaliar a segurança do eritritol e de outros substitutos do açúcar na saúde cardiovascular”, completou Hazen.
Embora o eritritol seja amplamente utilizado em diversos produtos alimentícios, sua segurança a longo prazo está sendo cada vez mais questionada. A Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos classifica o eritritol como um ingrediente GRAS (Geralmente Reconhecido como Seguro), permitindo seu uso irrestrito. No entanto, as novas descobertas sugerem que essa classificação pode precisar de reavaliação.
Os achados recentes sobre o eritritol não são isolados. Outros estudos também associaram substitutos do açúcar como o xilitol a riscos semelhantes. Por exemplo, um trabalho recente mostrou que o consumo elevado de xilitol está ligado a um maior risco de coagulação sanguínea, aumentando as chances de ataque cardíaco, derrame ou morte.
Esses estudos indicam que os álcoois de açúcar, incluindo eritritol e xilitol, precisam ser avaliados com mais rigor quanto aos seus efeitos de longo prazo na saúde. A medida mais prudente, sugerem os especialistas, poderia ser optar por consumos moderados de açúcar ou buscar adoçantes com perfis de segurança melhor estabelecidos.