Dezembrite: entenda o que é e como surge a 'síndrome do fim de ano'
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Para muitas pessoas, dezembro é sinônimo de encontros, celebrações e esperança renovada. Para outras, porém, o último mês do ano traz uma combinação intensa de cansaço, expectativas inalcançáveis e sensação de sobrecarga. O que deveria ser um período de alegria muitas vezes se transforma em estresse, exaustão emocional e ansiedade. Entre presentes, compromissos, finanças apertadas e a tentativa de “dar conta de tudo”, não é raro que a saúde mental fique em segundo plano. Surge então o que especialistas passaram a chamar de dezembrite, também conhecido como síndrome de fim de ano.
O que é a dezembrite?
O termo descreve um conjunto de sentimentos que costuma se intensificar no encerramento do ano: irritabilidade, tristeza, cansaço extremo, sensação de cobrança e ansiedade. Segundo a International Stress Management Association (ISMA), dezembro apresenta um índice de tensão maior que qualquer outro mês: 75% das pessoas ficam mais irritadas; 70% mais ansiosas; 80% sentem o corpo mais tenso; 38% têm dificuldade para dormir. Ou seja: para muitos, o clima natalino vem acompanhado de um peso emocional difícil de ignorar.
Além disso, dados da American Heart Association revelam que 79% das pessoas se esforçam tanto para criar momentos especiais para os outros que acabam esquecendo de cuidar de si mesmas. E 71% se arrependem, ano após ano, de não reservar tempo para descansar ou se divertir.
Por que o fim de ano mexe tanto com a mente?
Em entrevista ao portal Alto Astral, a psiquiatra Dra. Danielle Admoni explica que o período reúne diversos gatilhos emocionais: “O fim de ano traz uma conjunção de fatores que atuam como gatilhos de estresse e ansiedade. Temos o balanço do ano, a sensação de que ‘o que não foi feito precisa ser concluído agora’, as altas demandas sociais de festas e presentes, e, claro, as questões financeiras. É um verdadeiro ‘combo’ que sobrecarrega o sistema emocional.”
Além das exigências práticas do período – como organizar ceias, finalizar projetos, comprar presentes e planejar férias – existe também o componente simbólico: dezembro marca um fechamento de ciclo. Isso aciona reflexões profundas sobre metas não alcançadas, frustrações, comparações sociais e saudades de quem já não está mais por perto. Sentir-se mais introspectivo nesse período é natural, mas quando tristeza, ansiedade e exaustão se sobrepõem, o risco de adoecimento mental aumenta.
Autocuidado: a ferramenta mais importante da temporada
Para enfrentar esse período com mais equilíbrio, é essencial abandonar a ideia de que dezembro é uma “pausa mágica” em que tudo deve estar resolvido. Saber impor limites, respeitar o próprio ritmo e permitir pausas são atitudes essenciais para evitar o esgotamento. Confira, a seguir, algumas formas de aliviar o peso das tarefas de fim de ano:
- Organize com antecedência os grandes eventos da temporada: reuniões e jantares, compra de presentes, férias e viagens, gastos financeiros. Dessa forma, você ficará muito mais tranquilo nos dias;
- Gerencie expectativas: aceite que nem tudo será perfeito, e imprevistos fazem parte;
- Pratique autocuidado: não deixe você de lado! Mesmo com a correria, cuide do sono, da alimentação e do corpo.
Um novo olhar para a temporada
Mais do que apagar metas antigas ou viver a festa idealizada, dezembro pode ser um convite para praticar gentileza consigo mesmo. Colocar limites, desacelerar e reconhecer emoções não é fraqueza – é maturidade emocional. Afinal, o ano muda no calendário, mas nosso bem-estar precisa ser cuidado continuamente.
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