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Saúde mental pós-relacionamento abusivo: 5 passos para reconstruir sua autoestima e autonomia emocional
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Saúde mental pós-relacionamento abusivo: 5 passos para reconstruir sua autoestima e autonomia emocional

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Bons Fluidos
29/11/2025 18h00
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Sair de um relacionamento abusivo não significa o fim da dor: é, muitas vezes, o começo de uma travessia complexa entre o “sobrevivi” e o “quero viver”. Quando a relação termina, o silêncio volta a ocupar o espaço da casa, e muitas mulheres percebem que não sabem mais quem são sem o olhar do outro. Nesse momento, o desafio deixa de ser apenas sair da relação. Ele passa a ser reaprender a existir fora dela e reconstruir a autoestima.

De acordo com a pesquisa “Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil”, realizada em 2024 pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 37,5% das mulheres brasileiras, o equivalente a mais de 21 milhões, afirmaram ter sido vítimas de algum tipo de violência nos últimos 12 meses. O estudo aponta ainda que insultos e humilhações, formas de violência psicológica, estão entre as mais frequentes. Esse tipo de agressão, muitas vezes silenciosa e naturalizada, corrói a autoestima, distorce a percepção da realidade e compromete a autonomia emocional, marcas que permanecem mesmo após o término da relação.

Visão da especialista

Segundo Mayra Cardozo, terapeuta, advogada especialista em gênero e sócia do Martins Cardozo Advogados Associados, o abuso psicológico desestrutura a percepção de si. “Essas mulheres foram ensinadas, dentro da relação, a duvidar das próprias emoções, memória e valor. O agressor usava estratégias de gaslighting, culpa e controle afetivo, fazendo com que ela associasse amor à obediência e afeto à autonegação”, explica.

O impacto emocional deste tipo de relação costuma deixar marcas profundas. O trauma se manifesta em forma de confusão mental, culpa, medo, ansiedade e até sintomas físicos como insônia e tensão constante. “Quando o vínculo se rompe, a mulher não sente liberdade, sente vazio. A autoestima foi construída sob o olhar do outro, e sem esse olhar, ela precisa reconstruir o ‘eu’ que foi silenciado”, complementa Mayra.

Para a especialista, esse processo de reconstrução emocional não acontece de forma linear nem imediata. Ele exige tempo, consciência e, sobretudo, apoio. “Não se trata de esquecer o que aconteceu, mas de ressignificar a dor, compreender que o que foi vivido não define quem você é e reconstruir a autonomia a partir do reconhecimento do próprio valor”, afirma.

Passo a passo

A seguir, a especialista lista passos fundamentais para quem está reconstruindo a autoestima e a autonomia emocional após uma relação abusiva.

1. Nomeie o que aconteceu e pare de se culpar

2. Reaprenda a confiar na sua percepção

“O gaslighting e outras formas de manipulação emocional corroem o senso de realidade. Reconstruir a autoestima é, antes de tudo, reconstruir a confiança no próprio sentir. Cada vez que a mulher valida uma emoção ou diz ‘isso me incomoda’, está restaurando o fio entre mente e corpo, aquele que o abuso tentou cortar”, orienta.

3. Reencontre seu corpo

“O corpo é o primeiro a adoecer e o último a ser ouvido. Depois de uma relação abusiva, é comum viver em alerta permanente: tensão muscular, taquicardia, hipervigilância e medo constante. Cuidar da saúde mental passa por desacelerar o corpo: caminhar, respirar, dançar, dormir, sentir prazer sem culpa. Reconectar-se com o corpo é lembrar-se de que você ainda está viva, e que viver é mais do que sobreviver”, reforça a advogada.

4. Estabeleça limites mesmo que doa

“Aprender a dizer “não” é um gesto de amor-próprio radical. Toda mulher que foi condicionada a agradar sente culpa por estabelecer limites. Mas o limite não é frieza: é autocuidado. A cada limite traçado, nasce um pouco mais da mulher autônoma que o patriarcado tentou apagar”, explica.

5. Crie redes de apoio e novos significados

“A verdade é que a cura não acontece sozinha. Conversar com outras mulheres, procurar terapia e participar de grupos de apoio são passos fundamentais. A solidão é o terreno onde o abuso se perpetua; a partilha é o solo onde nasce a autonomia. Reescrever a própria história é um ato coletivo, e profundamente político”, afirma.

Exploração afetiva: o abuso silencioso

Nem sempre o abuso é explícito. Em muitos casos, ele se manifesta em gestos e palavras que, isoladamente, parecem inofensivos, mas juntos constroem um ciclo de dependência emocional e controle. Entre as formas mais comuns de exploração afetiva silenciosa, Mayra destaca:

  • Chantagem emocional (“Se você me amasse, faria isso por mim”);
  • Desvalorização dos sonhos e conquistas da parceira;
  • Controle disfarçado de proteção (“Eu só quero o melhor pra você”);
  • Críticas sutis e constantes, que corroem a autoconfiança;
  • Omissão de apoio e sobrecarga emocional, quando a mulher precisa cuidar de tudo sozinha.

“O cuidado genuíno amplia a autonomia; o manipulador, a restringe. O afeto saudável te fortalece para o mundo; o abusivo te enfraquece para depender dele”, pontua a advogada.

Como buscar ajuda

Para mulheres que se reconhecem em situações de abuso emocional, Mayra orienta que o primeiro passo é romper o silêncio com alguém de confiança: uma amiga, terapeuta, advogada ou grupo de apoio. Ela também recomenda buscar redes seguras, como o 180 (Central de Atendimento à Mulher), Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs), núcleos de gênero de universidades e escritórios especializados. “Evite confrontar o agressor diretamente, especialmente se há risco de retaliação. E lembre-se: sair do abuso é só o primeiro passo. Reconstruir-se é o verdadeiro ato de liberdade”, conclui.

*Fonte: Mayra Cardozo e Comunica PR

Leia também: Agamia, tolyamor e mais: conheça os modelos de relacionamento”

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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