Chanel celebra força histórica e une décadas com essência da marca
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Em 1912, a então desconhecida Gabrielle Chanel (1883–1971) abria sua primeira boutique na charmosa Deauville, luxuoso balneário da Normandia que, desde sempre, atrai os ricos e famosos em busca de arte, esportes, clubes e, claro, moda.
Chanel revolucionou o estilo da época justamente por apresentar uma nova proposta visual, libertando as mulheres das incontáveis camadas de roupas e dos sufocantes corsets que podiam ser substituídos por modelagens mais soltas, construções simplificadas e materiais até então inéditos ao vestuário feminino e que viriam transformar o rumo da moda para sempre.
Também foi na cidade de Deauville que o clássico filme francês Un Homme et une Femme foi gravado, em 1966. Para recriar visualmente a atmosfera do famoso destino litorâneo que foi berço da hoje gigantesca Chanel, a estilista francesa Virginie Viard (62) celebrou as formas amplificadas criadas pela fundadora da marca no começo do século XX em sobretudos elegantíssimos feitos em tweed de padronagens e cores diversas.
Conjuntos do mesmo material vinham com toda essa despretensão sofisticada das formas mais relaxadas e tinham a cintura levemente marcada. Viard ainda une de uma maneira muito perspicaz as nuances estéticas típicas da década de 1920 com dinâmicas visuais que nos remetem aos anos 1960 e 1970.
Tons inspirados pelo pôr-do-sol, acessórios robustos e com um forte perfume vintage, chapéus de abas largas e botas em suede de canos longos completam o mood litorâneo chique da coleção, que talvez tenha sido a mais bela e a mais essencialmente Chanel de todas sob o comando de Viard – ela assumiu o posto na maison francesa após a morte da lenda da moda, Karl Lagerfeld (1933–2019) – até então.
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