Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 280 milhões de pessoas no mundo têm transtorno do pânico
Márcia Piovesan
No Brasil, a entidade acredita que cerca de 6 milhões de pessoas sejam afetadas por essa condição
O ator Marcelo Serrado e a cantora Wanessa já disseram publicamente que foram diagnosticados com o transtorno do pânico. O Ministério da Saúde diz que o problema é caracterizado por crises de ansiedade repentina e intensa com forte sensação de medo ou mal-estar, acompanhadas de sintomas físicos. As crises podem ocorrer em qualquer lugar, contexto ou momento, durando em média de 15 a 30 minutos.
Segundo a psiquiatra Amanda Cavalcante (CRM-RJ 8807 e RQE 4670), o transtorno do pânico é como se um alarme estivesse descontrolado e mesmo sem uma ameaça real, a pessoa pode dispará-lo e ter os sintomas da doença, que incluem aceleração dos batimentos cardíacos e da respiração; falta de ar; pressão ou dor no peito; palidez; suor frio; tontura; náusea; pernas bambas; formigamento; tremores; calafrios ou ondas de calor; sensação de estar “fora do corpo”; medo de morrer ou de “perder o controle”; desmaio ou vômito no pico da crise.
Para diferenciar o transtorno do pânico da ansiedade, a médica comenta que o indivíduo ansioso tem um desconforto acerca da antecipação da ameaça previsível ou imprevisível que indica um perigo iminente. “Quando essa ameaça é específica, pode gerar um medo que dura mais tempo do que o medo de algo específico, o que chamamos de ansiedade. E ela vai se dissipar por mais tempo também. Mas isso também pode ser evolutivo, fisiológico (normal)”, esclarece.
Ela explica que, para fazer o diagnóstico da doença, as crises precisam ser recorrentes e provocar modificações no comportamento do paciente, ou seja, interferir negativamente no estilo de vida deles.
Gatilhos
A psiquiatra observa que, geralmente, esses sintomas ocorrem após um período de estresse significativo, como perda, ameaça ou doença, mas os ataques de pânico também podem surgir sem um gatilho específico.
Ela lembra que as mulheres apresentam risco maior de desenvolver transtornos de ansiedade ao longo da vida, quando comparados aos homens. Além disso, alguns estudos mostraram que o público feminino tem maior gravidade de sintomas. “Existem evidências de que, entre as prováveis causas dessa diferença entre os sexos, estão os fatores genéticos e a influência exercida pelos hormônios sexuais femininos. No entanto, a justificativa deste fato ainda é desconhecida”, destaca.
Tratamento
De acordo com a médica, o tratamento é realizado principalmente com medicações antidepressivas (pela psiquiatria) e terapia cognitivo-comportamental (pela psicologia), sendo um acompanhamento multidisciplinar. Amanda afirma que o tratamento tem o foco de melhorar os sintomas da doença, a qualidade de vida e prevenir a depressão e o abuso de substâncias.
A psiquiatra lembra que a ioga pode ser uma boa alternativa. Ela conta que pesquisas examinaram os efeitos dessa prática no indivíduo ansioso e relataram que a intervenção diminuiu os níveis de ansiedade e estresse, quando comparada ao grupo-controle. “A ioga, combinada com técnicas de respiração e meditação, pode ajudar a reduzir o nível de tensão emocional”, finaliza.