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Qual a ligação entre o calor extremo e o envelhecimento precoce?
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Qual a ligação entre o calor extremo e o envelhecimento precoce?

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Tecmundo
08/03/2025 21h30
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O mundo se tornou uma grande fritadeira climática e nós as batatinhas, pelo menos essa é a sensação. Nesse ballet de calor extremo nossos corpos sofrem de diferentes maneiras, como desidratação, insolação, aumento da pressão arterial dentre outros distúrbios fisiológicos, e em dados recentes, pode também ser um fator contribuinte para a aceleração do envelhecimento

O estudo publicado no periódico Science Advances por pesquisadores da Escola Leonard Davis de Gerontologia da Universidade do Sul da Califórnia, apresentam dados de uma pesquisa de seis anos que sugere uma forte correlação entre exposição ao calor e o aumento de marcadores epigenéticos de envelhecimento biológico.

Ficou com curiosidade? Pegue seu protetor solar, uma garrafa de água e vamos saber um pouco mais sobre como ondas de calor podem afetar sua idade biológica e acelerar o envelhecimento.

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Estudos anteriores já demonstraram que o calor possui uma forte influência na nossa fisiologia, contribuindo para o aumento de casos de mortalidade entre idosos e pessoas com doenças crônicas. (Fonte: Getty Images)

Rugas de calor extremo

A influência do calor extremo na saúde humana não é uma novidade. Há estudos brasileiros que apontam as relações entre o aumento do índice de mortalidade em dias quentes, principalmente entre a população idosa e de pessoas com doenças crônicas como diabetes, hipertensão arterial e outras doenças circulatórias. 

Esse incremento de risco ocasionado pelas ondas de calor está relacionado com os efeitos fisiológicos provocados no organismo humano, como a desidratação , elevação da temperatura corporal, aumento da produção de suor, dilatação dos vasos sanguíneos, dentre tantos outros efeitos colaterais.

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O calor independe da exposição direta ao Sol, contudo, em ambientes abertos, sem proteção ou sombras, a temperatura tende a ser maior, ocasionando maiores riscos. (Fonte: Getty Images)

 

Os efeitos da exposição constante ao calor podem ser visíveis através do aspecto da pele, que pode se apresentar mais ressecada, avermelhada, com descamação, dor ou mesmo em cânceres epiteliais devido às mutações ocasionadas pelo estresse térmico . Mas como estamos por dentro? 

O estudo da Escola Leonard Davis de Gerontologia da Universidade do Sul da Califórnia mostrou que o calor extremo nos afeta de uma maneira longitudinal, podendo inclusive acumular danos em nossos genes, modificando a maneira como se expressam e acelerando o envelhecimento em pessoas idosas. 

A pesquisa contou com os dados de 3.686 pessoas acima dos 56 anos, participantes do Estudo de Saúde e Aposentadoria dos Estados Unidos. A média de idade dos participantes era de 68,6 anos e 54% da amostra era composta por mulheres.

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Pode haver uma diferença entre a nossa idade biológica e nossa idade cronológica, dependendo dos hábitos e condições de vida adotados por cada indivíduo. (Fonte: Getty Images)

O grupo fez a análise de marcadores epigenéticos no sangue dos participantes, analisando o grau de metilação do DNA ao longo do tempo. A análise da metilação tem demonstrado ser um bom “contador” de envelhecimento genético, pois indícios apontam para uma maior presença de metis na cadeia genética, que interferem na expressão dos genes, conforme a idade avança.  

Assim, foram analisadas as amostras de sangue, coletadas em intervalos diferentes entre os anos de  2010 e 2017, sendo: 7 dias, 30 dias, 60 dias, 365 dias e 6 anos após o início do estudo. 

Em cada coleta, os dados do histórico do clima referente às regiões de habitação de cada participante, obtidos no National Weather Service, eram relacionados. Ao longo do período de estudo, os dados sobre o “calor” incluíam informações sobre a umidade do ar, assim, considerou-se não apenas a temperatura do ar, mas o que chamamos de “sensação térmica”

Não foram consideradas as temperaturas experienciadas dentro dos ambientes, apenas o tempo de exposição a ambientes externos. Os resultados demonstram um avanço no envelhecimento biológico das pessoas que habitavam regiões mais quentes, podendo haver uma diferença entre a idade cronológica e biológica de até 14 meses.

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Nessa perspectiva, apenas por habitarem regiões mais quentes, as pessoas naturalmente envelheceriam mais rápido. Fonte: (Getty Images)

Para o grupo de pesquisa, essa aceleração do envelhecimento ocasionada pela temperatura pode estar ligada ao modo como o organismo perde naturalmente a capacidade de regulação térmica ao longo do processo natural de senescência, tornando assim o corpo mais vulnerável à ação do calor extremo.

Essa susceptibilidade poderia inclusive ser um preditor para maior metilação do DNA, contribuindo para haver um desequilíbrio na expressão genética. Assim, genes que deveriam ser expressos podem ser silenciados , enquanto outros, podem se expressar sem regulação. 

Outro dado interessante, é que a influência do calor extremo é um fator rápido e acumulativo. Mesmo que os sinais não sejam visíveis em um primeiro momento, a ação intracelular já pode dar seus primeiros indícios, que irão acumular conformações diferentes ao longo do tempo, ocasionando em potenciais danos no futuro.

Segundo os pesquisadores, mesmo isolando fatores socioeconômicos,  diferenças demográficas, estilo de vida, atividade física, consumo de álcool e tabagismo, os indicadores epigenéticos de envelhecimento se mantém correlacionados a fatores de calor extremo.

Menos desespero e mais água

Muita calma nessa hora. Ainda que o estudo apresente bons indícios, correlação não é causa. O calor de fato pode interferir em nossa saúde , consequentemente, ser um fator de risco para um envelhecimento patológico, mas os mecanismos desencadeados por essa relação ainda não são completamente esclarecidos.

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O estudo foi realizado apenas com pessoas acima dos 56 anos e não foram ‘excluídos’ participantes com outras fisiopatologias que podem sofrer interferência devido ao calor, o que naturalmente poderia desencadear índices mais altos de alterações epigenéticas. ( Fonte: Getty Images)

Pesquisas como essa tem o papel de alertar sobre a necessidade do desenvolvimento de estratégias para podermos pensar em processos mais saudáveis para o envelhecimento, incluindo a arquitetura e urbanismo na equação

As “Ilhas de Calor”, ocasionadas pelas grandes construções, terrenos asfaltados e a inexistência de áreas verdes, contribuem para o aumento da sensação térmica e consequentemente, aumentam nossa exposição ao calor extremo, promovido pelas mudanças climáticas

Além da macroestrutura, também devemos considerar nossas ações em prol da manutenção da saúde, investindo em alimentação, exercício físico, lazer e equilíbrio ocupacional. 

Para envelhecer com saúde, mesmo nesse calorão, não esqueça da sua garrafinha de água , protetor solar e de procurar por ambientes mais frescos. E se você quiser continuar informado com conteúdos que envelhecem como vinho, continue acompanhando o TecMundo. Até mais! 
 

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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