The Big Con mistura puzzles e narrativa com maestria
Tecmundo
O mercado de games não é apenas feito de jogos de tiro, ação e com gráficos maravilhosos. A narrativa também tem seu espaço já consolidado no mundo digital e com excelentes pedidas para os fãs.
Desenvolvido pela Mighty Yell e publicado pela Skybound Games, The Big Con segue esta premissa, de tornar o enredo peça chave no game design de um título. Com um Q de comédia e um contexto voltado para a década de 1990, o game utiliza puzzles para ter sucesso.
Cem mil dólares
Você é uma garota que tem como grande paixão a locadora da sua mãe. Muitos que estão lendo este texto jamais devem ter tido a oportunidade de alugar um filme, mas saiba que um dia já foi assim. Atualmente, as coisas estão mais fáceis. Basta utilizar o controle remoto da sua televisão.
Focado no mundo em que vivemos no início da década de 1990, The Big Con transforma tudo o que encontramos naquela época numa aventura pertinente aos dias atuais. A trama gira em torno da dívida que sua mãe possui com um agiota, na casa dos 100 mil dólares.
Caso ela não consiga o dinheiro e, uma semana, a locadora será a forma de abater a dívida. Só que sua mãe não sabe que você está pronta para se aventurar no mundo do crime para tentar levantar todo o montante.
É aqui que entra o Ted. Um jovem golpista que está pronto para te ajudar a se tornar a maior criminosa já vista na história. Você vai cruzar a cidade para arrecadar todo o dinheiro necessário para salvar a locadora da sua mãe.
Narrativa
Ao longo da aventura, você começa a entender como é a vida de um criminoso. O gameplay traz um minigame, para que você possa bater a carteira das pessoas. Não é nada complexo, chega até a ficar um pouco chato com o tempo.
Você pode dar uma analisada na vítima para saber se vai roubar muito ou pouco dinheiro. Só que aqui já encontramos um leve problema. Em muitas oportunidades em que teoricamente a pessoa deveria não ter muito dinheiro, o bolso dela está recheado de notas.
Em outras oportunidades acontece exatamente o contrário. Talvez um melhor balanceamento neste quesito possa ser mais fidedigno.
Por sorte, o game utiliza um outro mecanismo para dar prosseguimento na aventura. É necessário que o jogador utilize a narrativa do cenário para captar mais dinheiro. Seja roubando itens ou utilizando da inteligência para enganar uma pessoa.
A narrativa e o puzzle se misturam de uma forma perfeita. É impressionante como em cada canto, em cada local, tudo se envolve da melhor forma possível, trazendo a intensidade necessária para prosseguir na aventura.
Para que tudo possa ser feito da forma correta, o primeiro passo é ouvir tudo escondido. Todas as pessoas merecem sua atenção, pois ela pode te fornecer uma boa grana.
Pode ser um passageiro de trem, que pode te dar uma boa grana caso você tenha um bom indicativo financeiro. Uma pena que tudo é bem simples e pouco complexo de ser feito.
Arte conceitual
Tudo o que aparece em The Big Con não seria possível se a parte gráfica não interagisse com tudo o que o jogo possui. Com muito neon e cores intensas, o game bebe muito desta fonte para tornar a aventura leve e divertida.
Eu não sei se você teve a oportunidade de jogar os primeiros jogos dos Simpsons. Os títulos nunca foram o que nós esperávamos, por ter mais ingredientes de ação. The Big Con retrata exatamente como eu gostaria que fosse a vida do Bart Simpsons nos games.
O título retrata muito da arte vista no desenho. Não estou dizendo que ele é um sucessor espiritual do game, mas que em muitos momentos me teletransportei para o passado vagando pelas ruas de Springfield.
Outro ponto positivo é que o jogo está totalmente traduzido para o Português. Em alguns momentos foi possível perceber bugs na linguagem. O mandarim apareceu em algumas frases, mas nada que prejudicasse a experiência.
Só que não imagine que o jogo foi apenas traduzido para a nossa língua. O trabalho foi muito bem feito, trazendo até algumas frases utilizadas por nós, para que a interação fosse a melhor possível.
A trilha sonora também não fica atrás, lembrando muito do que era vista naquela época. Em muitos momentos me senti em um seriado americano da década de 1990, como Blossom e Married... with Children.
Vale a pena?
Se você curte uma boa história, com ingredientes narrativos que se entrelaçam de forma perfeita no gameplay do jogo, The Big Con é um excelente jogo. Ele é bem diferente do que já encontramos em jogos.
O que pode afastar um pouco os jogadores é o fato dele ser bem simples e pouco desafiador no quesito puzzle, deixando a aventura um pouco arrastada.
The Big Con foi cedido gentilmente pela Skybound Games para a realização deste review