True Colors é envolvente, mas não supera o primeiro game da franquia
Tecmundo
Life is Strange é uma franquia que desde 2015 vem mexendo com os corações dos fãs de games narrativos, no próximo dia 10 de setembro ela chega ao terceiro capítulo, True Colors. Dessa vez, o jogador estará no controle de Alex Chen, uma garota que após passar anos e mais anos em orfanatos e algumas famílias adotivas reencontra seu irmão e tenta começar uma vida nova na cidade de Heaven Springs.
Assim como nos outros jogos da franquia, nossa protagonista conta com poderes, dessa vez ele é focado em empatia. Alex consegue ler, absorver e até manipular sentimentos fortes que as pessoas têm ao redor dela. Ela considera seu dom uma maldição, e já teve problemas por conta dele.
Ao chegar na cidade encontra seu irmão Gabe que a apresenta a que parece ser a cidade mais maravilhosa da terra, pessoas fofas, super amigáveis bem daquele jeitinho que tem algo a esconder. Mas sem spoilers por aqui, vamos falar da nossa experiência com o jogo.
O plot
O primeiro capítulo do game, como vimos nas nossas primeiras impressões, é bom para que o jogador se familiarize com o jogo e as mecânicas dos poderes de Alex, caçando objetos e conversas para entendermos melhor o que se passa por ali e conhecemos os habitantes do local, inclusive os dois possíveis interesses amorosos da protagonista: Ryan, um guarda florestal boa pinta e Steph, a radialista e vendedora da loja de discos da cidade
Quem jogou o Spin-off Life is Strange: Before the Storm vai se lembrar dela. O que importa é que quando as coisas estavam começando a se ajeitar, Gabe acaba morrendo em um acidente bem suspeito. A partir daí, Alex jura que vai descobrir tudo por trás dos acontecimentos que acabaram com a vida de seu irmão.
Exploração
O game se passa quase inteiro em uma pequena área de Heaven Springs, lá tem locais que você pode visitar, como a loja de discos, o Lanterna Negra (bar do Jed), a Floricultura da Eleanor, o parque da cidade, enfim, esses lugares ocultam diversas recompensas, surpresas e segredos. Usando o poder de Alex podemos “ler” os moradores de Heaven Springs, cujas histórias podem acompanhar e influenciar ao longo da narrativa principal ou só descobrir coisas para expandir o lore da cidade.
O poder da Alex também permite que ela veja auras ao redor de objetos com alta ressonância e evoque uma lembrança forte conectada a eles. A maior parte dos troféus ou Conquistas do jogo estão conectadas a essas lembranças.
Uma coisa legal é que a forma que Alex vê uma pessoa ou um objeto costuma mudar após usar o poder dela em uma aura, então interaja com tudo primeiro uma vez. Após usar o poder, interaja novamente para ter acesso a novos diálogos e conhecimentos.
Todas essas coisas novas descobertas ficam anotadas no diário de Alex, que o jogador pode acessar a qualquer momento para descobrir mais informações sobre alguém. Além disso, também é possível acessar uma rede social chamada “MyBlock” que é como se fosse um twitter que os residentes usam. Ele não tem lá uma influência muito grande no decorrer da história principal, mas é legal ver os comentários da Alex sobre algumas postagens.
Além disso, para “matar o tempo”, também podemos jogar os Arcades do bar, existem dois jogos para serem aproveitados, o clássico Arkanoid e o Mine Haunt que foi criado especialmente para o jogo e faz homenagem aos clássicos de 8 bits. Não é nada demais, mas elementos assim são bem divertidos nesses jogos narrativos, pois saem da convencional falação, tem até uma competição “amistosa” de pebolim entre Alex e Steph, que também tem essa pegada de sair da mesmice.
Os personagens
O game tem personagens muito interessantes, o que é um 'must have' para jogos de narrativa é claro. Porém, tudo parece pouco explorado, sem querer dar um Spoiler mas temos por exemplo o Mac, namorado da Riley, ele é apresentado como um daqueles tipos de namorados super ciumentos e otários, e apesar de ele ter um desenvolvimento legal durante o desenrolar do jogo, no fim parece meio vazio.
Isso acontece também com Eleanor, dona da loja de flores, ela tem uma história interessante. O Delegado Pike, que é bem menos aproveitado, vários outros personagens que você fazer parte de suas vidas parece que só serve para um momento crucial no último capítulo do jogo.
Ryan, apesar de ser um dos interesses românticos de Alex, também não é lá muito bem desenvolvido. Ele é filho de Jed, o herói local da cidadezinha, Ryan se tornou guarda florestal por conta do seu desejo de proteger as pessoas nas montanhas, mas não tem nada muito além disso sobre ele. Seu pai Jed é o dono do bar Lanterna Negra, um senhor gente boa que é muito bom para Alex e seu irmão.
Já Steph, tem momentos mais interessantes, como quando planeja um RPG com toda a cidade para alegrar o garoto Ethan após a morte de Gabe e todos participam. O jogo até brinca com isso se transformando em um RPG por turnos com direito até a batalhas épicas com chefes sinistros. Sentimos mais falta dessa quebra de rotina no jogo, se transformar para encantar, se True Colors fizesse isso com mais frequência, teríamos apreciado mais.
Steph é tão destacada dos demais personagens que já tem sua própria DLC programada para sair no dia 30 de setembro, para quem comprar Edição Deluxe ou Edição Definitiva, falaremos sobre essa questão do preço, mais para frente.
Existem algumas pequenas historinhas paralelas com alguns personagens mais figurantes, como o casal do sorvete, que busca criar um incrível novo sabor para sua sorveteria a observadora de pássaros, a corredora que busca inspiração para correr novamente, ou até dar um empurrãozinho para um casal apaixonado encontrar o amor.
Porém, não dá para não comparar True Colors com o primeiro Life is Strange. A história de Maxine e Chloe parecia causar mais momentos de tensão, as escolhas que tínhamos que tomar ali pareciam bem mais complicadas do que as de Alex, algumas delas até impactavam na morte de alguns personagens e falavam de coisas bem pesadas, como bullying e suicidio. Realmente, deixando um impacto no jogador e fazendo com que ele se sentisse verdadeiramente responsável.
Não que as escolhas de True Colors sejam ruins, algumas até são, mas quando comparamos com o primeiro Life is Strange, parece meio monótono.
Os Finais
As opções de final são bem sinceras e refletem a sua jornada em Haven Springs e os relacionamentos que construiu com os habitantes da cidade. Existem seis finais principais, nós fizemos dois, o capítulo cinco é derradeiro, é nele que o jogo vai computar todas as suas decisões durante a gameplay e vai revelar o resultado de todas as suas ações, interações e decisões.
Gostei dos dois finais que fizemos, não vamos passar aqui para não dar spoilers, óbvio, mas podemos dizer que em um deles tudo foi incrível, a justiça foi feita e todos viveram felizes para sempre em Heaven Springs, na medida do possível.
No outro, ainda que a justiça tenha sido feita, Heaven Springs de repente perdeu aquele seu encanto e Alex achou que fazia mais sentido tocar sua vida longe de tudo aquilo, mas ainda com sua pessoa amada. Enfim, são várias possibilidades, mas a verdade é que não ficamos tão empolgados para fazer todas como aconteceu com o primeiro game.
Vale a pena?
Life is Strange: True Colors é um game que quem é muito fã de jogos narrativos e de exploração de ambientes vai gostar. Mas também não acho que vão AMAR, mas isso é de cada um, né. Fato é que para nós, sua narrativa perde feio para a do primeiro game e apesar de ter tido MUITO mais marketing que o segundo, não é muito melhor.
Mas o que nos deixou mais chateados foi a performance. Mesmo jogando a versão de PS5 tivemos quedas de frames abruptas e até constantes, e olha que não é um jogo extremamente pesado, que vai usar todo o poder da sua máquina. De verdade, parecia que eu estava jogando a versão de PS4 mesmo, até porque graficamente ele deixa a desejar, entendemos que o estilo gráfico da série segue um padrão, mas os personagens parecem que foram criados no The Sims 4, jogo que saiu em 2014.
Agora, o ponto mais fácil de criticar, são os preços cobrados. Por mais que eu goste de Life is Strange (por isso me sinto muito a vontade de criticar), 300 reais na versão padrão dele beira o absurdo, imagina então pagar mais para uma DLC? Que, na minha opinião, deveria vir junto com o jogo por esse preço.
A versão ultimate que vem com os Remasters do primeiro e de Before The Storm, está R$ 400 na PSN, então reafirmo: por mais que eu curta a franquia, eu esperaria uma boa promoção para pegar. E não estou criticando só o preço brasileiro não, pois lá fora ele está US$ 60 a standard e US$70 a deluxe, que vem com a DLC da Steph e umas roupinhas para a Alex, ou seja também acima do que eu acredito que o jogo ofereça.
De qualquer forma, Life is Strange: True Colors, é um bom game de narrativa, com um plot que pode ser meio clichê, mas que ainda conta uma boa história. A trilha sonora é sensacional, com algumas músicas bem famosas e algumas até performadas pela própria Alex, dando aquele sentimento de imersão ao jogo, mesmo assim as canções não marcam tanto quanto “Obstacles” ou “To All of You” de Syd Matters no primeiro game.
O poder da Alex é bem interessante e te faz querer entender melhor os personagens e explorar tudo até o fim, mas como eu disse anteriormente, não fiquei tão tentado em explorar as várias outras possibilidades várias vezes como fiquei no primeiro jogo.
Life is Strange: True Colors foi gentilmente cedido pela Square Enix para a realização desta análise.
NOTA: 70
Pontos Positivos
- Personagens envolventes
- O poder da alex permite uma exploração legal de alguns personagens e lembranças
- Trilha sonora sensacional
Pontos Negativos
- Gráficos datados
- Performance ruim mesmo em um console de nova geração
- Preço alto demais pelo conteúdo oferecido