Poluição de carros gera 2 milhões de novos casos de asma infantil por ano
Tecmundo
Um estudo inédito revelou que, anualmente, cerca de dois milhões de novos casos de asma em crianças no mundo todo estão relacionados com a concentração do dióxido de nitrogênio no ar, gás emitido pelo escapamento de veículos movidos à combustíveis fósseis, como a gasolina e o diesel.
Esse tipo de poluição é um problema especialmente grave em grande zonas urbanas. A pesquisa estimou os números para mais de 13 mil cidades ao redor do planeta.
Gases de escapamento de carros estão associado ao aumento do número de casos de asma em crianças (Fonte: Pixabay/Maruf_Rahman)
"Nosso estudo descobriu que o dióxido de nitrogênio coloca as crianças em risco de desenvolver asma e o problema é especialmente agudo em áreas urbanas", disse em comunicado Susan Anenberg, uma das autoras do artigo e professora na Universidade George Washington, dos Estados Unidos.
Os pesquisadores analisaram as concentrações desse gás poluente emitido pelo tubo de escape de carros, usinas de energia e indústrias diversas. Em seguida cruzaram os dados com o número de novos casos de asma infantil.
A asma causa inflamação das vias respiratórias do pulmão. Pesquisadores já sabiam que a doença estava ligada à qualidade do ar. Estimativas anteriores apontavam que o dióxido de nitrogênio poderia estar relacionado com metade dos casos da doença em grandes cidades.
Segundo os resultados, publicados na revista científica The Lancet Planetary Health, as políticas públicas de redução da emissão de gases poluentes podem estar apresentando efeitos positivos.
Medidas de combate à poluição estão sendo tomada principalmente na Europa e nos Estados Unidos, onde o crescimento do número de casos de asma vem diminuindo nas grandes cidades.
Por outro lado, no sudeste asiático, na África Subsaariana e no Oriente Médio, a poluição tem crescido. Com ela, há aumentos explosivos da asma infantil, que tem se tornado um problema de saúde pública nessas regiões.
Mortes por poluição
Em outro estudo publicado na mesma edição da revista, os resultados mostram que 1,8 milhões de mortes podem estar relacionada à poluição nas grandes cidades em todo o mundo.
O número é referente ao ano de 2019. Segundo os dados, 86% das pessoas que vivem em grandes cidades estão expostos à um alto nível de partículas finas, excedendo as recomendações da Organização Mundial da Saúde.
Susan Anenberg, que também esteve envolvida nessa pesquisa, afirma que existem atitudes que devem ser tomadas para reverter esse quadro.
“A redução do transporte movido a combustível fóssil pode ajudar crianças e adultos a respirar mais facilmente”, afirma em nota emitida pela universidade.
“Ao mesmo tempo pode gerar grandes dividendos para a saúde, como menos casos de asma pediátrica e excesso de mortes e também reduziria as emissões de gases de efeito estufa, levando a um clima mais saudável", conclui.
ARTIGOS The Lancet Planetary Health: 10.1016/S2542-5196(21)00350-8 ; 10.1016/S2542-5196(21)00255-2