Qual o papel da proteína Tau no Alzheimer e em outras doenças do cérebro?
Tecmundo
Vou me aprofundar na razão das doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer, baseando-me no artigo científico que escrevi junto com o cientista canadense Henry Oh, chefe do departamento de saúde da Faculdade de Tecnologia da Universidade Estadual de Idaho (Estados Unidos), publicado em 13 de agosto na revista científica Cognitions Scientific, Journal membro da GPJ nos Estados Unidos.
As proteínas Tau, produto de splicing alternativo (processo pelo qual éxons de um transcrito primário são clivados em locais diferentes na molécula de RNA recém-sintetizada) de um único gene, são abundantes nos neurônios do sistema nervoso central e responsáveis pela estabilidade dos microtúbulos (estruturas protéicas que fazem parte do citoesqueleto e são formados pela polimerização das proteínas tubulina e almetralopina). Quando possuem defeito, não estabilizam bem os microtúbulos, levando ao aparecimento de estados de demência.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 35 milhões de pessoas no mundo têm a doença de Alzheimer (créditos: Bencemor/Shutterstock)
A presença de Aβ (Beta-amiloide) leva os neurônios a hiperfosforilar a proteína Tau de ligação do microtúbulo e este nível aumentado redistribui a Tau no interior do axônio para os dendritos e corpo celular gerando aglomerados; este processo vai resultar em disfunção ou morte neuronal levando a doenças neurodegenerativas.
As placas, depósitos anormais de fragmentos de proteína, se agrupam entre os neurônios que contém um emaranhado neurofibrilar formado por filamentos torcidos de outra proteína. Essas placas são formadas quando pedaços de proteínas chamados beta-amiloide se agrupam, e sendo quimicamente “pegajosos” se juntando e formando placas. Os pequenos agrupamentos bloqueiam a sinalização entre os neurônios nas sinapses e podem ativar células do sistema imunológico causando inflamações e devorando células deficientes.
A GSK-3 é uma serina-treonina quinase dirigida por prolina que foi inicialmente identificada como um agente fosforilador e inativador do glicogênio sintase. Duas isoformas, alfa e beta, mostram um alto grau de homologia de aminoácidos. GSK-3-Beta está envolvida no metabolismo energético, no desenvolvimento de células neuronais e na formação de padrões corporais. A GSK-3 tem sido objeto de pesquisas, uma vez que está relacionada a uma série de doenças, incluindo diabetes tipo 2, doença de Alzheimer, inflamação, câncer e transtorno bipolar.
Sabendo-se desses mecanismos, alguns estudos encontraram efeito neuroprotetor do mineral lítio — presente em grãos, carne bovina, ovos e verduras — inibindo a enzima GSK-3-Beta, que tem um papel importante na degeneração de neurônios. Sugerindo que a inibição da atividade da GSK-3-Beta com tratamento crônico com lítio em neurônios hipocampais obtendo efeito contrário em neurônios corticais e sem alterações na proteína Tau.
ARTIGO Cognitionis: https://doi.org/10.38087/2595.8801.90
Fabiano de Abreu Rodrigues, colunista do TecMundo, é doutor e mestre em Ciências da Saúde nas áreas de Neurociências e Psicologia, com especialização em Propriedades Elétricas dos Neurônios (Harvard), programação em Python na USP e em Inteligência Artificial na IBM. Ele é membro da Mensa International, a associação de pessoas mais inteligentes do mundo, da Sociedade Portuguesa e Brasileira de Neurociência e da Federação Europeia de Neurociência. É diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), considerado um dos principais cientistas nacionais para estudos de inteligência e alto QI