Como a vacina contra a dengue age no nosso organismo?
Anamaria
Com o aumento preocupante dos casos de dengue, a imunização se torna uma ferramenta essencial no combate à doença. Por isso, a vacina contra a dengue tem sido uma importante aliada nessa batalha. Mas muitas dúvidas ainda pairam sobre como ela age no organismo e quem deve recebê-la. Para esclarecer essas questões, AnaMaria conversou com o Dr. César Penteado, radiologista e diretor médico do CURA grupo.
De acordo com dados do Painel de Arboviroses do Ministério da Saúde, o Brasil já ultrapassou 1 milhão de casos de dengue em 2024 e é o primeiro país do mundo a disponibilizar vacinas contra a doença no sistema público de saúde. No entanto, com a alta demanda, o governo teve que definir critérios de priorização para disponibilização do imunizante.
A seguir, AnaMaria te informa como a vacina age contra o vírus da doença, por que é tão importante tomá-la, quais são os grupos prioritários para receber as doses no SUS, quais são os efeitos colaterais do imunizante e quanto a vacina contra dengue custa. Confira!
BENEFÍCIOS DA VACINA CONTRA DENGUE
A vacinação é uma das principais medidas de combate à doença. Estudos demonstram que a vacina pode reduzir significativamente o risco de infecção sintomática, hospitalizações e mortalidade causadas pela dengue. Além disso, a imunização em larga escala contribui para a proteção coletiva da população, reduzindo a transmissão do vírus da dengue na comunidade.
“Isso é conhecido como imunidade de rebanho e é especialmente importante para proteger grupos vulneráveis que não podem ser vacinados, como crianças muito jovens ou pessoas com condições médicas que as tornam inelegíveis para a vacinação. Deste modo, a vacinação é um importante aliado no combate ao vírus em países de alta prevalência de dengue, como o Brasil”, explica César.
COMO A VACINA CONTRA A DENGUE AGE NO ORGANISMO PARA PREVENIR A DOENÇA?
De acordo com o especialista, a vacina contra a dengue é produzida a partir do vírus vivo atenuado da doença, ou seja, do micro-organismo infectado, mas enfraquecido. Então, ao tomarmos o imunizante, as células de defesa do nosso organismo capturam os vírus modificados da vacina e essas mesmas células se multiplicam e produzem os anticorpos.
“Assim, quando o mosquito infectado nos pica, o vírus da dengue é reconhecido pelo sistema imunológico e os anticorpos neutralizam a ação do vírus, facilitando a sua eliminação. É bastante similar ao que já acontece com a vacina tetravalente, por exemplo”, informa César.
POR QUE É TÃO IMPORTANTE SE VACINAR CONTRA A DENGUE?
Antes de responder a pergunta diretamente, é importante entender como a transmissão da dengue acontece. Quando o mosquito do Aedes aegypti pica uma pessoa infectada e, em seguida, pica outra pessoa não infectada, ele passa a doença adiante. Por isso, quanto menos gente infectada, menos a doença se espalhará.
Deste modo, quando uma pessoa se vacina, ela não se protege apenas de forma individual, mas também contribui para a saúde da comunidade como um todo, ajudando a criar uma barreira de imunidade coletiva e, consequentemente, reduzindo a propagação do vírus na população.
“Por causadisso, a vacinação em larga escala é essencial para reduzir a propagação da dengue. Ao criar uma barreira de imunidade coletiva, a vacinação não só protege os indivíduos vacinados, mas também contribui para a proteção da comunidade como um todo. Quanto mais pessoas forem vacinadas, menor será a disseminação do vírus da dengue na população”, enfatiza César.
QUAIS SÃO OS GRUPOS PRIORITÁRIOS PARA RECEBER A VACINA DA DENGUE?
O Ministério da Saúde definiu como prioridade a vacinação contra a dengue de acordo com os critérios abaixo:
- Municípios com alta transmissão nos últimos 10 anos e nos últimos meses;
- População residente igual ou superior a 100 mil habitantes;
- Cidades próximas aos municípios com alta transmissão;
- Crianças de 10 a 14 anos devido ao alto número de internações nessa faixa etária.
A partir disso, a vacinação da população irá avançando progressivamente, conforme novos lotes de doses forem sendo disponibilizados.
QUAIS SÃO AS INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES DA VACINA DA DENGUE?
- INDICAÇÕES:
A vacina contra a dengue é indicada para pessoas de 4 a 60 anos. Ainda não foram feitos testes no público acima dos 60 anos.
- CONTRAINDICAÇÕES:
Pessoas com alergia a componentes da vacina, sistema imunológico comprometido e gestantes e lactantes não devem receber a vacina.
EFEITOS COLATERAIS DA VACINA CONTRA DENGUE
Durante estudos clínicos, observaram-se algumas reações comuns advindas do imunizante, como:
- Febre;
- Dor de cabeça;
- Dor no local da injeção;
- Mal-estar;
- Dor muscular;
- Reações no local da injeção (vermelhidão, hematoma, inchaço e coceira).
É importante mencionar que esses efeitos colaterais são geralmente de leves a moderados e tendem a desaparecer em poucos dias. Caso ocorram reações adversas mais graves, é recomendável buscar orientação médica para uma avaliação adequada.
QUAL É A EFICÁCIA DA VACINA CONTRA A DENGUE?
A vacina contra a dengue apresenta diferentes níveis de eficácia contra os diferentes sorotipos do vírus da doença. No entanto, estudos demonstram que ela é capaz de reduzir significativamente o risco de infecção pelos sorotipos mais comuns. Porém, para garantir a máxima proteção contra a dengue, é importante completar o esquema vacinal.
César informa em números mais precisos a eficácia do imunizante: “A Qdenga, vacina que será disponibilizada pelo Ministério da Saúde, chega a ter eficácia de 69,8% contra o vírus da dengue do sorotipo 1 (DENV1); 95,1% contra o sorotipo 2 (DENV-2); e 48,9% contra o sorotipo 3 (DENV-3)”.
“O imunizante em questão é composto por duas doses, as quais devem ser aplicadas com um intervalo de três meses entre uma dose e outra. Depois de completo o esquema vacinal, não é necessário tomar doses de reforço ao longo da vida”, acrescenta o médico.
QUANTO CUSTA A VACINA CONTRA DENGUE?
No Brasil, a vacina contra a dengue é oferecida gratuitamente pelo SUS, priorizando grupos determinados pelo governo. No entanto, devido à alta demanda e priorização de grupos específicos, a disponibilidade pode ser limitada no sistema público, resultando em possíveis atrasos na imunização para toda a população.
Para aqueles que optam pela vacinação fora do sistema público, empresas também oferecem a vacina. Nesses casos, o custo médio por dose da vacina Qdenga é de R$ 350.
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