Quem pode tomar a vacina da gripe em 2023? Veja os grupos prioritários
Anamaria
A campanha nacional de vacinação contra a gripe em 2023 começou nesta segunda-feira (10) para os grupos prioritários, que serão vacinados na primeira etapa. Mas quem pode tomar a vacina da gripe pelo SUS neste momento?
O Ministério da Saúde declarou os seguintes grupos como prioritários, que terão acesso às vacinas da gripe pelo Sistema Único de Saúde (SUS):
- Idosos com 60 anos e mais
- Trabalhadores da Saúde
- Crianças (6 meses a menores de 6 anos)
- Gestantes e Puérperas
- Povos Indígenas
- Professores
- Pessoas com comorbidades
- Pessoas com deficiência permanente
- Caminhoneiros
- Trabalhadores de transporte coletivo rodoviário de passageiros urbano e de longo curso
- Trabalhadores portuários
- Forças de segurança e salvamento
- Forças armadas
- Funcionários do sistema de privação de liberdade
- População privada de liberdade com mais de 18 anos de idade
- Adolescentes e jovens em medidas socioeducativas
POR QUE ALGUMAS PESSOAS SÃO VACINADAS ANTES?
Segundo o médico José Geraldo Ribeiro, epidemiologista e assessor de vacinas do Grupo Pardini, o ideal seria que toda a população brasileira tivesse acesso à vacina ao mesmo tempo. No entanto, não existe uma quantidade de imunizantes disponível para vacinar todas as pessoas. Com isso, é feita uma estratégia de imunização baseada na saúde dos mais vulneráveis e com maior risco de disseminar a doença.
“São priorizados aqueles grupos em que a gripe tem maior tendência de complicar, ou seja, maior mortalidade e hospitalização. É o caso das crianças menores de 2 anos, adultos acima de 60 anos e pessoas com doenças crônicas. E também aqueles indivíduos com um risco muito alto de contaminar outros, como professores e pessoal da segurança. Assim, são eleitas prioridades visando um impacto maior no quesito de saúde pública”, explica o especialista.
Ele chama a atenção para a importância da vacinação entre grupos de risco, como imunodeficientes (por exemplo, pessoas em tratamento de câncer) e gestantes. Conforme ele, tais grupos apresentam um risco maior caso adoeçam e, por isso, devem ser prioridade. No entanto, as coberturas vacinais entre gestantes sempre estiveram abaixo das metas.
“Isso sempre foi um problema porque o último trimestre da gravidez é um período em que a doença é mais grave, chegando a ameaçar a vida da mulher. Além disso, se ela se vacina na gestação, o neném - que só poderia se vacinar a partir de seis meses - nasce com alguma proteção. Daí a importância da vacina ser tomada na gravidez”, comenta.
Em relação aos demais grupos que não figuram na lista do Ministério da Saúde, mas têm acesso ao imunizante pela iniciativa privada, o médico indica que se vacinem o quanto antes. Ele, inclusive, destaca que laboratórios particulares possuem a vacina quadrivalente, com um quantitativo maior de vírus em relação à trivalente (protege contra as cepas A H1N1, A H3N2 e o tipo B), oferecida pelo SUS. “Pela primeira vez, o Brasil recebeu uma vacina como uma formulação mais adequada para maiores de 60 anos no serviço privado”, completa.
AS FARMACÊUTICAS QUEREM MUDAR MEU DNA PARA TER LUCRO?
Duas fake news comumente divulgadas são que as vacinas de RNA mensageiro - como a da Covid-19 - alteram o DNA da pessoa imunizada e que as vacinas são, na realidade, uma maneira de indústrias farmacêuticas lucrarem. O médico, no entanto, desmente ambas as informações.
“A vacina da gripe tem algumas proteínas externas ao grupo do vírus da Influenza, não têm material genético. Mas até mesmo a vacina de RNA mensageiro está sendo desenvolvida há décadas e, hoje, se sabe que o RNA da vacina não penetra no núcleo, ele não consegue modificar o DNA e desaparece da célula rapidamente”, explica José Geraldo Ribeiro sobre o primeiro ponto.
Em relação ao suposto interesse econômico de farmacêuticas ao fabricarem vacinas, ele revela que, na realidade, uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Imunizações, realizada antes da pandemia, revelou que as fake news no Brasil geralmente pretendem utilizar as campanhas contra a vacinação para vender produtos naturais - ou seja, beneficiar economicamente algumas empresas.
“Ao contrário do que é propagado, as vacinas, entre aspas, dão prejuízo para a indústria farmacêutica, que ganhariam muito mais dinheiro sem elas, porque o gasto com medicamentos, exames de laboratório, consultas médicas, terapia intensiva e equipamentos médicos para tratar a Influenza, seria muito maior. Então, as vacinas têm esse papel de economizar”, explica.
É PRECISO TOMAR VACINA TODO ANO?
Segundo o médico, é importante tomar o reforço da vacina da gripe anualmente por dois motivos: a mutação do vírus da Influenza e a queda dos anticorpos ao longo do ano. Além disso, entre o fim do outono e o começo do inverno, as regiões Sul e Sudeste têm a tendência de atingir o seu máximo de casos.
Esta sazonalidade, no entanto, não é igual na região Norte, onde a doença se distribui de maneira uniforme durante o ano - no entanto, o especialista diz que dificilmente a vacina fica pronta antes do período no qual o SUS começa a vacinar os grupos prioritários.
EXISTE ALGUMA CONTRAINDICAÇÃO?
Questionado se há um grupo de pessoas que não está apto para tomar a vacina da gripe, como foi divulgado durante a vacinação contra a covid-19, José Geraldo Ribeiro responde: “Geralmente não tem [restrição] nem com a vacina da Covid, nem com a da Influenza [gripe]. Houve muita má informação a este respeito, às vezes até mesmo de nós, profissionais de saúde”.
O epidemiologista comenta ainda o suposto desenvolvimento de miocardite pela vacinação contra a covid-19, mas argumenta que é 40 vezes mais comum desenvolvê-la pela própria doença. Em relação à Influenza, a única recomendação do Ministério da Saúde é que pessoas (especialmente crianças) com alergia grave a ovo sejam vacinadas em um local capaz de tratar uma possível alergia aguda. Na maioria dos países, não há nenhum tipo de restrição à imunização, pois as vacinas são muito purificadas atualmente.
E OS EFEITOS COLATERAIS?
O médico ainda destaca que o principal efeito colateral da vacina é dor no local de aplicação. Os demais efeitos costumam ser uma coincidência. “É muito raro ter os chamados ‘eventos sistêmicos’, como mal-estar e febre. O que acontece é que, nessa época que vacinamos, diversos vírus respiratórios estão circulando, e a vacina precisa de, no mínimo, 10 dias para te proteger. Assim, a pessoa se vacina hoje, pega a doença amanhã e vai sentir os efeitos depois de amanhã. Tudo isso acaba sendo atribuído, erroneamente, à vacinação”, explica Ribeiro.