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13 meses de 28 dias: Conheça o inusitado Calendário Fixo Internacional
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13 meses de 28 dias: Conheça o inusitado Calendário Fixo Internacional

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Aventuras Na História
04/12/2023 21h00
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Em 1905, o físico alemão Albert Einstein apresentou sua Teoria da Relatividade, mostrando seu entendimento sobre o espaço, tempo e a gravidade. "O tempo é relativo", já dizia ao apontar que o tempo pode ser acelerado para uns ou passar mais devagar para outros — tudo depende o quão rápido um corpo se move. 

No nosso dia-a-dia, também falamos que o tempo é relativo, tudo depende do referencial que o medimos. Afinal, horas ao lado daquela pessoa que você ama podem parecer minutos; ou até mesmo os segundos em uma montanha-russa podem se tornar uma eternidade. 

Para não nos perdemos no tempo, nossa contemporaneidade dispõe de duas ferramentas essenciais: o relógio e o calendário. Todos sabemos que existem duas medidas absolutas de cada um deles: o dia tem 24 horas e o ano, com exceção do bissexto, 365 dias. 

Mas o calendário nem sempre é uma unidade de medida exata e coerente. Afinal, um mês pode durar entre 28 e 31 dias; ou então às vezes durar quatro semanas — o quem sabe seis. Isso sem contar nos meses iniciados nos meios de semana. Não existe um padrão.  

Imagem meramente ilustrativa de calendário/ Crédito: Divulgação/ Freepik/ rawpixel.com

Podemos até dizer que as coisas ficariam mais fáceis se setembro fosse mês sete, outubro mês oito e assim por diante, não é verdade? Dá até a sensação de que o calendário é bagunçado dessa forma para todos os anos você ter que comprar uma folhinha para saber quando cairá cada dia. Um verdadeiro esquema de pirâmide do ramo da papelaria.

Brincadeira a parte, você já imaginou como seria nossa rotina caso o calendário fosse padronizado? Todo mês o dia 1º cairia no domingo, o 2º na segunda e assim por diante… Ficaria muito mais fácil de planejar as coisas; saber exatamente quando cai cada data. 

Pois bem, em 1902, Moses B. Cotsworth também chegou a essa conclusão e até mesmo apresentou a proposta para o Calendário Fixo Internacional; que constituiria 13 meses ao ano com 28 dias cada. Entenda!

A evolução do calendário

Acredita-se que os primeiros calendários da história tenham surgido há 2.700 anos antes de Cristo, pelos sumérios — povo que vivia na Mesopotâmia. Aquela época, a medição de um ano era distribuída em 12 meses lunares, cada qual com 30 dias

Apesar de parecer semelhante com o que temos hoje, o Observatório Astronômico Frei Rosário, da Universidade Federal de Minas Gerais, recorda que cada dia ainda era dividido em 12 períodos de 30 partes cada. Uma verdadeira confusão. Cerca de mil anos depois, na Babilônia, foi criado um calendário com um ano de 12 meses que se alternavam entre 29 e 30 dias — totalizando um ano com 354 dias. 

Já o calendário que usamos atualmente, tem seus primórdios marcados por um dos casais mais emblemáticos de toda a História: Cleópatra e Júlio César. Como recorda o GizModo, os egípcios já tinham a noção de que o ano tinha aproximadamente 365 dias

Afinal, no rio Nilo foi instalado estruturas que permitiam a medição das flutuações do nível da água, os chamados "nilômetros" — que ajudavam a determinar cada estação do ano devido à tendência do rio. 

Imagem de Nilômetro real, com as sessões usadas para medir o nível da água/ Crédito: Baldiri via Wikimedia Commons

Os egípcios também tinha o conhecimento de que o ano não era feito exatamente por 365 dias, portanto, adicionavam um dia a cada quatro anos no calendário; daí o surgimento do ano bissexto. 

Mas o calendário lunissolar de Júlio César era defasado, e ele sabia disso. O ano romano, por exemplo, era bradado pelas fases da lua e tinha apenas 354 dias de duração. Desta forma, o Calendário Juliano foi implementado para resolver isso. 

Um fato curioso é que o Calendário Juliano consistia em um ano de 365 dias e 6 horas, que por sua vez era dividido em 12 meses entre 30 e 31 dias. Acontece que o tempo gasto para a Terra dar a volta em torno do Sol é de 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos; ou seja, 11 minutos e 14 segundos a menos. 

Em 1582, ou seja, cerca de 1.500 anos depois, o papa Gregório XIII percebeu que essa diferença fazia com que as datas de adoração aos santos fossem celebradas em dias errados. Assim, não só suprimiu 11 dias em outubro daquele ano como também reorganizou o calendário. E até hoje adotamos o Calendário Gregoriano

+ Afinal, por que faltam 10 dias em outubro de 1582?

O calendário de outubro de 1582/ Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

Apesar de séculos sem questionar a mudança, muitas pessoas ainda não acham o Calendário Gregoriano extremamente perfeito e até mesmo funcional. Afinal, quantas vezes você não se perdeu no tempo e perguntou qual dia do mês ou da semana é hoje?

As mudanças no calendário continuaram ao longo dos anos. Para se ter uma ideia, durante a Revolução Francesa (1789 – 1799), foi adotado o Calendário Revolucionário Francês — com a semana tendo a duração de 10 dias. Uma bagunça que só acabou quando Napoleão se coroou imperador. 

Anos depois, em 1849, outro francês resolver fazer mudanças na marcação do ano e criou o Calendário Positivista. Nele, Auguste Comte reorganizou os meses e nomeou cada um deles em homenagem a grandes figuras da história (Aristóteles, Moisés e por aí vai). A moda não pegou.

Um calendário perfeito 

Mas a busca por um calendário perfeito não morreu com o tempo, muito pelo contrário. Em 1902, Moses B. Cotsworth conseguiu convencer pessoas de que seu método para marcar os dias do ano era o melhor possível. 

Tudo começou com o fato do contador britânico trabalhar com livros de registro em uma ferrovia britânica. Moses achava que o Calendário Gregoriano era muito confuso e atrapalhava seu trabalho. Assim, decidiu criar seu próprio jeito de controlar os dias de um ano.

Seu projeto previa que um ano teria 13 meses, onde cada mês teria exatamente 28 dias. A estética também jogava a seu favor, visto que cada mês teria exatamente quatro semanas e todos os meses se iniciaram no domingo; ou seja, o dia 2 seria na segunda, o 3 na terça e assim por diante. 

Um fato curioso é que todo mês teria que enfrentar uma sexta-feira 13 — mas, aparentemente, Cotsworth não acreditava muito em superstições. Mas um ponto positivo é que todos os feriados seriam movidos para segunda-feira, o que significava um mega final de semana de três dias. Como isso poderia dar errado? 

Além do mais, Moses B. Cotsworth manteve os meses com seus respectivos nomes e criou um adicional entre junho e julho — chamado Sol pelo fato de coincidir com o solstício de verão. O mês Sol também seria responsável por receber o dia adicional do ano bissexto. 

Calendário Fixo Internacional/ Crédito: George Eastman House

Os matemáticos de plantão, entretanto, já perceberam um grande problema: 13 meses com 28 dias totalizam 364 dias e não 365. Mas confia, Cotsworth pensou em tudo. Após o dia 28 de dezembro, seria celebrado o "Dia do Ano", que não se encaixaria em nenhum mês, seria um dia flutuante sempre num sábado global. 

Para tentar emplacar sua ideia, aponta o GizModo, o contador britânico rodou o mundo fazendo palestras sobre os benefícios de seu calendário e atraiu o interesse de um dos empresários mais bem sucedidos da época: George Eastman, que fundou a Kodak. 

Eastman gostou tanto da ideia que passou a promover a ideia do Calendário Fixo Internacional — imprimindo folhetos no escritório da Kodak para tentar convencer outras empresas locais a adotar a nova medição.  

O empresário não só fez isso como adotou o calendário dentro de sua própria empresa em 1924 — usando-o por 65 anos, até 1989. No entanto, vale destacar, seu uso aconteceu mais como uma ferramenta organizacional, sem a adoção do mês Sol, do "Dia do Ano" e, do mais importante, dos feriados às segundas.

Calendário impresso pela Kodak/ Crédito: George Eastman House

O planejamento de finanças e programações de produção usavam o calendário de Cotsworth, mas os funcionários ainda tinham sua rotina baseada no Calendário Gregoriano

Ainda assim, a padronização proposta por Moses B. Cotsworth foi apresentada por diversas comissões no Congresso dos Estados Unidos e chegou a ser debatida na Liga das Nações, precursora da ONU. 

Na década de 1930, a Liga das Nações continuou a discutir a possibilidade da implementação do Calendário Fixo Internacional. Mas com a ascensão de Hitler ao poder, o mundo passou a ter outras preocupações com o início da Segunda Guerra Mundial. O órgão foi encerrado em 18 de abril de 1946 e o assunto jamais voltou a ser debatido novamente. 

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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