Os alimentos que já tiveram a fama de curar doenças
Aventuras Na História
No passado, enquanto a medicina ainda não atingia o ponto avançado que conhecemos hoje, as pessoas desenvolviam suas próprias formas de curar enfermidades. De chás milagrosos até receitas elaboradas, as comidas também serviam de medicamento.
Por mais que hoje as soluções alternativas possam parecer esquisitas, elas eram alguns dos únicos caminhos conhecidos por antigas civilizações. O problema é que, com o passar do tempo, os alimentos deixaram de cumprir as promessas de cura.
Conheça sete alimentos usados como medicamentos:
1. Azeite contra a dor de ouvido
Até bem pouco tempo atrás, o azeite era considerado um santo remédio para dor de ouvido: bastava pingar algumas gotas quentes. São crenças que ainda sobrevivem na medicina popular em várias partes do mundo.
“Os camponeses da Toscana até hoje usam o azeite para reduzir as irritações produzidas por urtigas e curar machucaduras”, afirma o italiano Luciano Percussi no livro 'Azeite − Histórias e Receitas'. Muito antes, desde a Idade Média, era usado como isolante contra o frio. As mães chegavam a untar a pele dos bebês nos dias mais gelados.
2. Chás etílicos
Os árabes é que descobriram o álcool proveniente da cana. “Eles inventaram o alambique”, conta o historiador Ricardo Maranhão. A princípio, a bebida era usada para diluir os medicamentos, que não passavam de infusões ou chás misturados.
No Rio de Janeiro do século 19, essas beberagens ainda eram vendidas nas boticas, que faziam as vezes de mercearias. O povo ia até lá para fazer compras, aproveitava para
dar uma bicadinha na bebida ali mesmo, no balcão... e assim nasceu o botequim.
3. Soja, só fermentada
Cinco mil anos atrás, os chineses já consideravam a soja um grão sagrado, ao lado do arroz, do trigo, da cevada e do milheto (variedade de milho de grãos miúdos). Mas isso dependia de como ela era preparada. Os médicos aprovavam os grãos fermentados, como aparecem no shoyu e no missô.
Já a versão crua ou cozida era tida como perigosamente prejudicial. Não é que eles tinham razão? Hoje se sabe que a soja contém uma série de fatores que dificultam a digestão e impedem a absorção de nutrientes, fatores neutralizados pela fermentação.
4. Batata para voar
Para os incas, a batata significava vida, e não por acaso: poucos alimentos vingavam a mais de 3500 metros acima do mar. Os colonizadores espanhóis não compraram a ideia. Até levaram algumas amostras para a Europa, mas as plantas não passaram dos jardins.
“Seu maior crime era pertencer à família das belladonas, que contém uma substância usada para fazerem unguentos e, acreditava-se, dava às bruxas o poder de voar”, descreve Danusia Barbara no livro 'Batata'. Dizia-se também que o tubérculo propagava tuberculose, raquitismo, sífilis e luxúria.
5. A força do espinafre
Lembra a receita de força do Popeye? Pois o personagem foi criado no final da década de 1920, ainda em quadrinhos, no embalo da fama que o espinafre já tinha: a de ser um alimento capaz de fortalecer qualquer fracote.
“O objetivo da história era lançar o espinafre enlatado”, afirma Ricardo. Esse superpoder, porém, já não convence ninguém. Apesar de ser riquíssima em ferro, a verdura contém oxalato, substância que inibe a absorção do nutriente pelo organismo.
6. Doce para a fraqueza
O açúcar passou a fazer parte das receitas culinárias por volta do século 15, quando os portugueses investiram pesado no plantio da cana em suas colônias. Antes disso, era muito caro — e não servia para adoçar bebidas e alimentos, tarefa que cabia ao mel.
“O açúcar era utilizado somente para tratar doenças ligadas à fraqueza. Na Antiguidade, acreditava-se que a saúde dependia do equilíbrio dos elementos quente, frio, úmido e seco do organismo, e o açúcar era o componente quente e energético”, explica Ricardo.
7. Refrigerante de botica
Muito se especula a respeito da Coca-Cola: que desentope pia, que bronzeia, que espanta o sono... Uma dessas histórias é verdadeira: a bebida de fato nasceu para ser vendida em farmácia. O inventor era um farmacêutico, o americano John Pemberton (1831-1888), natural de Atlanta.
Em 1886, ele pesquisava a cura para dores de cabeça e chegou a uma fórmula escura e espessa. Levado à Jacob’s Pharmacy, o xarope foi misturado a água gasosa e oferecido aos clientes, pela primeira vez, no dia 8 de maio — o copo de 237 ml custava 5 centavos de dólar. Logo a farmácia passou a vender vários copos por dia.