Relação entre idade e saúde cerebral: como anda a sua?
Bons Fluidos
Só temos uma certeza nessa vida: a cada segundo, ficamos mais velhos! Há quem tenha medo das rugas, quem tenha medo de se quebrar e existem os como eu, que morre de medo de ter alguma doença neurodegenerativa.
É importante deixar claro que demência senil é um termo já ultrapassado, já que envelhecimento não implica necessariamente em demência ou perda significativa de memória. Se houver perda significativa de memória e capacidade de aprendizagem, elas estariam relacionadas a uma doença específica – e não ao envelhecimento normal do cérebro.
Saúde cerebral: mais que primordial, uma prioridade!
O fato é que nosso cérebro, assim como nosso organismo, envelhece, e esse processo pode ser intensificado por uma série de fatores que vão desde a má alimentação até a tristeza ou a raiva. Controlar esses sentimentos negativos, a ansiedade, manter a prática de exercícios físicos e a meditação caem muito bem, mas hoje também existem alguns nutracêuticos que podem dar um suporte extra na manutenção da saúde mental.
Quando falamos em preservar nosso cérebro, estamos falando em neuroproteção, em estratégias que contrabalançam, interrompem ou desaceleram a sequência de eventos bioquímicos e moleculares que levam a danos cerebrais ou neuronais irreversíveis.
Nosso cérebro é formado pelos neurônios e por outras células que talvez você nem tenha ouvido falar, as células da glia, que são vários tipos celulares presentes no sistema nervoso central que – dentre as diversas funções – ajudam a isolar, apoiar e nutrir os neurônios.
Mesmo quando essas células estão funcionando normalmente, alguns mecanismos podem acabar gerando subprodutos tóxicos, como os radicais livres – que são moléculas cujos átomos possuem um número ímpar de elétrons – e pelo fato de serem incompletos, são capazes de capturar elétrons de proteínas que compõem a célula. Para recuperar o número par, iniciam uma reação em cadeia que quando em desequilíbrio, acelera o processo inflamatório e o envelhecimento.
Costumava-se pensar que nascemos com todas as células cerebrais que teremos em toda a vida, mas estudos comprovaram que continuamos a produzir novas células cerebrais ao longo da vida – até, pelo menos, os 97 anos. Mas não podemos contar com este incrível processo, pois ele não é simples e se restringe a algumas regiões cerebrais.
Nossos neurônios, assim como todo nosso organismo, sofrem com os danos do estresse oxidativo e, quanto mais a idade avança, mais complicado fica. Portanto, proteger o nosso cérebro é tarefa mais que essencial ao longo da vida, embora a grande maioria só se preocupe quando já apresenta algum problema.
Algumas situações clínicas deveriam ter ainda mais atenção, como as doenças de Parkinson e Alzheimer – nas quais ocorre a morte neuronal progressiva. Do mesmo modo, os acidentes vasculares cerebrais (AVC), tanto isquêmico (quando há interrupção do fluxo sanguíneo e oxigenação) quanto hemorrágico (quando há um rompimento de algum vasinho que resulta em extravasamento de sangue), também devem receber maior atenção.
Estresse, o inimigo da saúde cerebral
Como citei, além do envelhecimento e das doenças propriamente ditas, algumas condutas podem acelerar esse processo. Uma das principais é o estresse crônico. Por isso é tão importante desenvolver maneiras para manejar o estresse, como praticar meditação e técnicas de respiração. Além disso, a falta de sono e a alimentação inadequada também contribuem para o aumento do estresse oxidativo.
Esses danos celulares vão se somando ao longo dos anos e podem se manifestar através de prejuízos cognitivos e comportamentais conforme a idade avança. Assim sendo, o certo é prevenir. E quando falamos de neuroproteção, a ideia é aproveitar ao máximo essa estratégia preventiva. A melhor hora para começar é agora!
Ativos aliados à saúde cerebral
Diversos ativos são capazes de proteger o sistema nervoso de lesões crônicas e silenciosas como as relacionadas o estresse. Um dos ativos com potente ação neuroprotetora é o extrato de menta, assim como a Bacopa monnieri, a cúrcuma, o inseng, o chá-verde, a ashwagandha e a gingko biloba. Outras opções são os nutracêuticos, como ômega-3, coenzima Q10 e fosfatidilserina, além de vitaminas e minerais como a vitamina B1, a vitamina B12, a vitamina D e o magnésio.
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A vitamina B1 recebe destaque, pois tem papel relevante para o bom funcionamento cerebral. A deficiência crônica desse nutriente pode gerar uma série de problemas neurológicos e cognitivos. Isso ocorre porque a falta de B1 no organismo por um período prolongado, leva à morte de neurônios e outras células, comprometendo funções de diferentes regiões do cérebro, inclusive o hipocampo – a estrutura responsável pela constituição de novas memórias.
Até então, a literatura científica indicava que as partes do cérebro lesionadas por falta da vitamina seriam irrecuperáveis, mas um estudo da Fiocruz Minas mostrou que é possível regenerar o hipocampo associando a reposição de B1 a medicamentos anti-inflamatórios descritos em uma das mais influentes na área de Neurociências, a revista Journal of Neuroinflammation .
E aí, o que você tem feito pela sua saúde cerebral?