Esclerose múltipla: causas, sintomas e tratamento para a doença
Tecmundo
Já ouviu falar em esclerose múltipla? Se você assistia televisão nos idos dos anos 2000 deve se lembrar da Marinete, personagem vivida pela atriz e comediante Cláudia Rodrigues, no seriado "A Diarista". Cláudia, que tem diagnóstico da doença, está em tratamento há mais de duas décadas. Abaixo, saiba mais sobre como é a doença, as causas e o tratamento.
A esclerose é uma doença autoimune, e crônica, que afeta os neurônios em regiões específicas do sistema nervoso central (SNC). Sua ação sobre o neurônio desmieliniza a bainha do axônio impedindo que o impulso nervoso seja carregado de forma eficiente, causando alterações no funcionamento do corpo, afetando a visão, a cognição, memória e coordenação motora. Mas vamos por partes para explicar de forma mais clara o mecanismo dessa doença.
Exames de imagem ajudam a fazer o diagnóstico da esclerose múltipla
Para conseguir desembaralhar todas essas informações, precisamos entender o que são doenças autoimunes, e o que é essa tal bainha de mielina.
Vamos começar pelas doenças autoimunes.
Quando nosso corpo sofre com alguma inflamação ou lesão celular, células específicas, responsáveis pela imunidade no nosso organismo, reconhecem e atacam agentes agressores, que podem ser vírus, bactérias, ou mesmo exposição a agentes químicos, e fazem a neutralização dessa ameaça. No entanto, em algumas ocasiões, essas células de defesa passam a interpretar células saudáveis do nosso organismo como agentes agressores, e as destroem.
No caso da esclerose múltipla, essas células de defesa atacam os neurônios, destruindo a bainha de mielina que recobre o axônio. É como se a células de defesa destruíssem a capa de um fio condutor de energia. Sem essa parte que recobre o fio, a energia não chega de forma correta ao terminal, impedindo que as informações sejam corretamente passadas de um neurônio a outro.
Aos poucos, a ação do sistema imune vai destruindo as bainhas de mielina dos neurônios
Sem essa informação, nosso sistema nervoso não funciona de forma eficiente, e no caso da esclerose múltipla, há regiões que são mais visadas por nossas células imunes com defeito, que afetam principalmente os neurônios do cérebro, tronco cerebral, nervos ópticos e a medula espinhal. Essas regiões de interesse da esclerose, afetam a fala, coordenação motora, processamento de pensamento, visão e memória. Outro sinais e sintomas clínicos, são: fadiga, sensação de formigamento dos membros, perda de força muscular, dificuldades para caminhar, entre outros.
As causas podem ser genéticas, com genes já identificados pela ciência, que podem ter fator hereditário, e por fatores ambientais, como: infecções virais, deficiência de vitamina D por tempo prolongado, tabagismo, obesidade e exposição prolongada a produtos químicos.
Acredita-se que a exposição a esses fatores durante a adolescência tem maior influência para o desenvolvimento da esclerose múltipla durante a juventude e vida adulta. Sendo que a maior parte da população afetada é composta por mulheres, entre os 20 e 40 anos.
Qual o diagnóstico e o tratamento para esclerose múltipla?
O diagnóstico para esclerose múltipla é realizado através de exames de ressonância magnética, feitos no crânio e na coluna, e coleta de liquor por punção lombar. Nas imagens, procuram-se lesões que aparecem como pontos calcificados no sistema nervoso central. Para que seja considerado como diagnóstico positivo, essas lesões devem atender a critérios específicos de localização no SNC, e ter ao menos dois pontos afetados, que em conjunto com os sinais e sintomas clínicos, e análise do liquor, indicam a presença da doença.
O tratamento é realizado de forma farmacológica, com medicações que visam suprimir a ação das células imunes no organismo, e diminuir a ocorrência dos surtos desmielinizantes. Essa imunossupressão auxilia para que o sistema imune da pessoa com esclerose não ataque de maneira desordenada os neurônios, evitando uma rápida progressão da doença.
Além do tratamento medicamentoso, também há a possibilidade de transplante de células tronco, a fim de restaurar as funções normais do sistema imune. A atriz Cláudia Rodrigues passou por este tratamento, e apresentou melhora. Mas devido a alguns mecanismos da doença ainda não estarem plenamente esclarecidos, ainda assim, houve progressão da esclerose.
Esclerose múltipla tem cura?
Infelizmente ainda não há uma cura definitiva, e a esclerose múltipla tende a ser progressiva e irreversível. No entanto, nas fases iniciais da doença, sob o tratamento adequado, há grandes possibilidades de recuperação, diminuindo o risco de sequelas a cada surto desmielinizante, proporcionando mais tempo de atividade para esse paciente.
Mesmo com a progressão ao longo dos anos, é possível manter qualidade de vida com tratamento adequado e acompanhamento médico.