Por que tazos nos pacotes de salgadinhos acabaram? Entenda fim da mania!
Tecmundo
Alguém aí pediu por um pouco de nostalgia? Então, se prepare, pois o tema deste texto vai te trazer ótimas lembranças, especialmente se você cresceu durante as décadas de 1990 e 2000. Nesses períodos, uma das maiores febres entre crianças e adolescentes eram os chamados tazos , pequenos itens que vinham "escondidos" dentro de embalagens de salgadinhos de diferentes marcas e que faziam a alegria da garotada.
Antigamente, os tazos de salgadinhos chegaram a crescer tanto em popularidade que era quase impossível encontrar algum jovem que não tivesse, pelo menos, alguns dos objetos. Inclusive, até adultos entraram na brincadeira. Havia até quem fizesse coleções de tazos , buscando incansavelmente itens considerados mais raros com outros colecionadores ou, claro, comprando dezenas de pacotes de salgadinhos na esperança de encontrar os itens faltantes.
Porém, tudo que é bom, uma hora, chega ao fim. Os tazos, com o passar do tempo, despareceram do mapa e nunca mais foram vistos nas embalagens de salgadinhos. Mas, afinal, por que isso aconteceu? Há chances de os tazos voltarem? Vem com a gente para descobrir tudo sobre o assunto.
Os tazos foram febre há alguns anos, ganhando diversas coleções e formatos diferentes. Mas o que aconteceu com eles?
Primeiramente, é importante explicar o que são os tazos. Afinal, em um mundo dominado pelas redes sociais, é possível que muitos jovens não tenham conhecido os brinquedos que vinham nas embalagens de salgadinhos.
Os tazos foram pequenos discos colecionáveis que se tornaram uma verdadeira febre entre as crianças durante os anos 90 e 2000. Esses brindes vinham dentro dos pacotes de salgadinhos, acrescentando uma dose extra de diversão ao consumo desses petiscos. Feitos de plástico ou metal, os tazos apresentavam uma ampla variedade de designs, muitas vezes relacionados a personagens de desenhos animados, filmes e programas de TV populares da época.
Entre as coleções mais memoráveis da história dos tazos de salgadinhos, estavam aquelas inspiradas em franquias como Yu-Gi-Oh, Bob Esponja , O Máskara, Naruto, X-Men, Looney Tunes e Animaniacs, apenas para citar algumas. Cada coleção trazia tazos com imagens e personagens específicos, incentivando as crianças a colecioná-los e trocá-los com amigos para completar conjuntos.
Além do fator colecionável, alguns deles possuíam formatos diferenciados, o que deixava os produtos ainda mais divertidos. Enquanto alguns possuíam efeitos 3D, outros contavam com formato de carta, com figuras incluindo diferentes atributos, permitindo realizar um minigame com a coleção completa.
No entanto, mesmo recebendo o amor de muitas crianças e colecionadores, os tazos acabaram caindo no esquecimento com o passar do tempo, deixando os pacotes de salgadinho com ainda mais espaço para vento. Mas, afinal, por que essa mania acabou chegando ao fim?
O fim da era dos tazos nos salgadinhos não tem uma explicação única e definitiva. Segundo Marcelo Vitor Silva , especialista em Publicidade e Propaganda que trabalha como Gerente de Produto na NZN, não existe apenas um culpado para o sumiço dos tazos.
Dentre os principais fatores que acabaram influenciando o fim dos tazos, dois deles acabaram tendo mais influência: a legislação brasileira e o comportamento dos consumidores.
Enquanto a Pepsico, dona da Elma Chips, nunca revelou o porquê de abandonar os tazos, a época em que a "febre" chegou ao fim acaba entregando alguns possíveis "culpados" para a morte dos tazos. "Existem uma série de fatores legais e culturais que podem ter contribuído para uma mudança na estratégia de comercialização dos produtos", explica Silva, que já atuou como professor universitário na Unicuritiba.
Durante a década de 2010, começaram a surgir projetos de lei em diversas cidades brasileiras, e até mesmo em âmbito nacional, alterando a comercialização de lanches acompanhados de brinquedos. Essas legislações podem ter influenciado as marcas a abandonarem a prática dos tazos para evitar possíveis problemas legais.
Em 2012, por exemplo, foi sancionada em Santa Carina a lei municipal n° 8985/2012, que vetava a comercialização de lanche acompanhado por brinquedo ou brinde em lanchonetes de fast food de Florianópolis. Contudo, mais tarde, em 2016, a lei foi extinta, considerada inconstitucional pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Ainda assim, o caso começou a gerar séries discussões sobre a dobradinha lanche/brinquedo e se a prática era justa ou não.
Em 2014, uma lei parecida, que proibia a venda de lanches com brinquedos, também foi instaurada na capital paulista através da Câmara de Vereadores, que entendeu a prática como um tipo de venda casada. Segundo descrições da medida, em casos assim, o brinquedo poderia ser considerado mais valioso do que a refeição em si, o que geraria um comportamento não saudável em crianças e adolescentes.
Tazos de Pokémon também marcaram bastante crianças e adolescentes.
Para completar, em 2014, o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA) criou uma resolução (163), ainda válida atualmente, que proíbe a publicidade direcionada a crianças. Com isso, propagandas que tivessem como alvo o público infantil foram banidas e proibidas por serem consideradas abusivas. E, isso claro, também minou a mania dos tazos. Afinal, como vender salgadinhos com tazos sem poder divulgá-los?
"O principal fator que devemos levar em consideração são as mudanças de legislação quanto a publicidade infantil ao longo dos anos, saindo de uma regulamentação praticamente inexistente no início dos anos 90, para normas bastante restritas no que diz respeito a comunicação mercadológica voltada a crianças", explica Marcelo Vitor Silva. "A Resolução 136 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) elenca algumas das práticas associadas a publicidade infantil, sendo uma delas a promoção com distribuição de prêmios ou de brindes colecionáveis ou com apelos ao público infantil."
Além das mudanças na legislação, o próprio mercado publicitário também começou a reconsiderar o uso da estratégia. "Muito antes dessa resolução, outras regulamentações de órgãos como o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) já colocavam limites na divulgação de produtos destinados ao público infantil", explica Silva. "Há também regras a respeito da venda casada de produtos que pode impor barreiras ao livre comércio dos snacks com brindes, o que desmotiva ainda mais a execução dessas ações."
Em suma, o surgimento de todas essas regulações pode ter assustado as produtoras de salgadinhos, que aparentemente abandonaram os tazos para que os itens não fossem enquadrados em leis mais severas, podendo render multas e outras ações legais. O fato de não ser mais possível anunciá-los para a audiência mirim também deve ter tido influência no sumiço dos itens.
Outra teoria sugere que as companhias optaram por abandonar a estratégia de brindes em lanches por conta da mudança do público e dos meios digitais. Afinal, com a chegada da internet, dos smartphones e das redes sociais, como Instagram e TikTok, as atenções do público, especialmente das crianças e dos adolescentes, se voltaram cada vez mais para jogos eletrônicos, aplicativos e outras formas de entretenimento digital.
Além disso, com o passar dos anos, os salgadinhos começaram a ser vistos pelo público como uma forma de alimentação danosa para uma dieta saudável. Assim, com as novas gerações cada vez mais conscientes com a alimentação, o alto investimento em brindes podia se tornar arriscado para as marcas. Afinal, os produtos envolvem fabricação e licenciamento de propriedade intelectual.
"A crescente consciência a respeito dos malefícios de produtos industrializados, e a entrada natural de uma nova geração de pais e mães muito mais atentos às questões nutricionais, também ajudou a frear o interesse dos pequenos a esse tipo de produto", explica o especialista em publicidade Marcelo Vitor da Silva. "Tudo isso, aliado ao custo de produção e licenciamento de novas propriedades intelectuais, dificulta ainda mais todo o processo."
Apesar do declínio da presença dos tazos nos salgadinhos, ainda existe uma centelha de esperança para os entusiastas desses colecionáveis. Em 2020, por exemplo, a Elma Chips lançou uma coleção comemorativa do Pac-Man, trazendo de volta os tazos de maneira nostálgica, mas limitada.
Esse evento levanta a possibilidade de que, mesmo que de forma esporádica, os tazos possam ressurgir em associação com marcas icônicas ou em edições especiais, conquistando novamente o coração dos colecionadores e fãs dessa divertida tradição. Porém, tudo depende.
Segundo explica Marcelo Vitor da Silva, talvez as empresas tenham que reinventar os tazos para um retorno que seja maior que uma simples campanha focada em nostalgia. "Da maneira como conhecemos, é muito difícil vermos um retorno dos tazos pelos mesmos motivos que decretaram seu fim. Se a proposta forem tazos voltados a outro tipo de público ou temática (como esportes, cultura, artes e afins), é possível vermos alguma iniciativa do tipo", declara o especialista.
"O público infantil cada vez mais conectado a dispositivos digitais pode ao mesmo tempo representar um desafio e oportunidade para ações promocionais como essas", ressalta Marcelo. "Produtos como KinderOvo ou até mesmo o HappyMeal do McDonald's mostram que há um caminho para explorar, mas que depende muito da visão estratégica e apetite ao risco das companhias que colocam esses itens no mercado."
Seja como for, as esperanças de que a mania dos tazos volte seguem vivas nos corações de quem, assim como nós, vê os itens como parte de suas infâncias e juventudes! E aí, você queria ver essa mania de volta no mercado? Siga o Minha Série no Instagram e deixe sua opinião sobre o assunto por lá!