Irmãos de Guerra: Como a série se distancia da história real?
Aventuras Na História
"Irmãos de Guerra" é uma aclamada minissérie estadunidense produzida em 2001 pela HBO. Apesar de datar do início deste século, ela ganhou popularidade recentemente entre o público brasileiro ao ser incluída no catálogo da Netflix.
A produção, ambientada durante a Segunda Guerra Mundial, acompanha a 101ª Divisão do Exército dos EUA, mostrando um batalhão de jovens soldados paraquedistas à medida que eles concluem seu treinamento militar e precisam encarar os horrores de um conflito internacional de proporções nunca vistas.
Sucesso dentre a crítica especializada, "Irmãos de Guerra" venceu nada menos que sete Emmys, destacando-se, por exemplo, por conta de seu compromisso com a veracidade das histórias relatadas.
A minissérie, vale mencionar, é baseada em um livro reportagem de mesmo nome de autoria de Stephen A. Ambrose, que entrevistou diversos militares norte-americanos a fim de construir a obra.
Outro detalhe interessante é que a produção televisiva foi criada por Steven Spielberg e Tom Hanks, que firmaram a parceria após o sucesso do filme "O Resgate do Soldado Ryan" (1998).
Com fatos tão respeitáveis, não é de se admirar que "Irmãos de Guerra" tenha conquistado os brasileiros. Mas, quanto dos eventos mostrados na duração dos dez episódios é realidade, e quanto é ficção?
1. Treinamento duro
Embora a minissérie apresente os recrutas passando por um treinamento intenso, a produção não dá realmente a perspectiva completa de como o processo afetou os aspirantes a soldados, uma vez que não incluiu um detalhe essencial: a alta quantidade de desistentes.
Os recrutas que não conseguiam lidar com os desafios diários eram transferidos para unidades diferentes, até restarem apenas os 140 que formariam o impressionante batalhão.
Essa informação é apresentada no documentário 'We Stand Alone Together', em que os verdadeiros Paul "Buck" Rogers e Bill Guarnere foram entrevistados.
"Eles eliminaram tantos. Eles estavam lá um dia e iam embora no dia seguinte", explicou o primeiro, conforme repercutiu o portal ScreenRant.
Eles não conseguiam acompanhar, você entende. Eles eram bons homens, mas não aguentavam aquele treinamento duro", complementou Guarnere.
2. Tatuagens após bebedeira
Um acontecimento curioso a respeito dos verdadeiros Irmãos de Guerra que acabou não sendo mostrado na produção televisiva foi a vez em que John W. Martin e Bill Guarnere fizeram tatuagens combinando.
Na ocasião, eles celebravam a vitória do Dia D, e conseguiram licença para ir à Escócia a fim de comemorar a proeza, onde iniciaram uma grande bebedeira. Foi esse o contexto que resultou na dupla decidindo tatuar um paraquedista em seus braços direitos.
3. Albert Blithe não morreu
Ainda de acordo com o ScreenRant, um dos maiores pontos em que a série diverge da realidade é em relação a Albert Blithe. O soldado é mostrado alvejado com um tiro no pescoço no episódio 3, e a produção informa os espectadores que ele faleceu no ano de 1948 devido ao ferimento.
O verdadeiro Blithe, entretanto, foi baleado no ombro, uma ferida que não foi fatal. Ele não apenas voltou a servir no Exército durante a Segunda Guerra Mundial, como também voltou ao campo de batalha na Guerra da Coreia.
O homem apenas faleceu em 1967, aos 44 anos, por conta de condições de saúde relacionadas não com seu período cumprindo funções militares, e sim com o alcoolismo crônico que desenvolveu ao longo da vida.