“Todo mundo sentiu falta da arte”, diz Mahmundi em entrevista exclusiva
Virgula
Uma das atrações do “Amazon Music Festival: Palco Queremos”, que acontece neste sábado a partir das 18h, Mahmundi conversou exclusivamente com o Virgula para falar sobre este novo momento do mundo após quase 2 anos de isolamento social.
A cantora, que lançou um disco em plena pandemia, revelou como foi esse período em sua vida. Além disso, ela também falou sobre o relacionamento com o público nesta retomada das atividades.
Virgula: Como rolou esse convite para participar do “Amazon Music Festival”?
Mahmundi: As meninas me convidaram e eu fiquei muito feliz. Primeiro porque eu sou fã do [Festival] Queremos e da Amazon. Tô vendo todas as séries agora na plataforma, “Normal People”, “Lol”. Enfim, tô “amazonando” total, então está sendo muito maneiro fechar esse ano com essa parceria!
Foi um daqueles convites que a gente aceita e pensa que vai dar certo porque as meninas mandam bem, a Amazon também…Então o convite chegou e eu só botei a blusa!
Como está sendo esse período agora de voltar a fazer shows?
Está sendo bom! É um pouco cansativo, porque eu não me preparei, né? Com a pandemia, estava ai zoando e tal…Mas eu amei, estou adorando estar do lado de vocês!
Já perguntei lá quem se separou, que adotou cachorro…Passamos um tempo conversando e fazendo música e entendendo também esse novo formato.
Eu estou muito interessada também em fazer outra coisa, entender o público agora. Ele parece que está muito interessado em ouvir um monte de coisa junto e a gente está aqui para servir.
Foi muito maneiro saber que as pessoas sentiram falta da arte. Todo mundo, na verdade, sentiu falta da arte. Ela conectou a gente…e essa volta vai ser um alimento para a gente, uma troca para todos. Estou super animada. Hoje, inclusive, vou me divertir aqui!
Você lançou “Mundo Novo” no meio da pandemia. Como foi esse processo de fazer um disco no auge do isolamento social?
Cara, eu tinha terminado de gravar no final do carnaval, quando a pandemia estourou. Eu mixei ele online.
Nunca tinha feito isso antes e foi uma coisa muito louca. Daí a gente entendeu que também como era essa coisa de trabalhar online, mandar guitarra, passar guitarra, e aí perde qualidade, aí tem a voz. Foi um susto! Todo mundo em um preciosismo e, de repente, a gente tava perdendo compressão de arquivo e tínhamos que nos adaptar a esse processo.
Quando eu lancei o disco, eu lembro de ficar triste e falar com um amigo meu sobre isso. E ele falou, “Cara, aceita! Dá esse disco para os seus fãs e eles vão ouvir na casa deles”. E eu estava triste porque queria fazer show, meu sonho era ter uma banda para apresentar esse som incrível…E o mundo novo foi isso, né?
Eu fiz um clipe em casa. Tinha acabado de alugar um apartamento e não tinha nada lá além dos meus instrumentos. Então foi muito louca essa parada toda.
E também aprendendo como se desenvolvem outras coisas e se aceita o que não tem controle. O disco não foi perdido, ele foi degustado, né? Mas milhões de discos foram lançados nessa época. Se você imaginar que a gente não ouviu nem “Modo Turbo” da Pabllo e da Luísa Sonza ao vivo…Foi essa loucura de muitos lançamentos que aconteceram.
Você sempre trabalhou sozinha, produzia, escrevia. Como foi trabalhar com uma banda?
Eu comecei sozinha porque não tinha grana para contratar as pessoas que eu amava…Daí corta para hoje e todo mundo está fazendo música sozinha e, enfim. Eu gastava 3 mil reais só para ter um estúdio e hoje em dia se gasta isso para fazer uma música completa.
Então eu fui e voltei, meio que me readaptei e fui entendendo que essa coisa do artista solo também é gostoso, sabe? De estar experimentando. Eu sempre fui meio mãezona, de querer ter uma equipe e estar junto. E às vezes o desafio é justamente você ser uma artista tocando com uma banda de jazz, uma de pagode. Entender como sua voz interage com isso, sabe?
Me inspiro muito nas minhas amigas como a IZA e a Gloria Groove, que são essas pessoas que valorizam essa coisa da performance, né? Seu corpo estar em movimento no mundo. Então eu, hoje, estou muito mais solta por aí.
Tem algum estilo musical que você ainda não tocou e gostaria de se aventurar?
Eu gosto de pagode, de jazz, estava ouvindo uma coisa de bossa nova também. É muito chato, às vezes, você respeitar as coisas porque você não se permite “rasgar” aquilo.
A gente fala que o governo é super conservador, mas às vezes eu mesma sou super conservadora também. No sentido de falar “ai não, tem que usar tal microfone, tem que fazer isso”. Tem nada! Quando vai para a plataforma digital, as músicas têm sempre a mesma função.
O que está acontecendo é que eu estou me desapegando, cara! Me desconstruir de tudo isso que a gente fez com o maior prazer, sabe? Coisa dos 30!