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'A morte de Sardanapalo': Confira 7 curiosidades sobre a obra perturbadora que rompeu com padrões
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'A morte de Sardanapalo': Confira 7 curiosidades sobre a obra perturbadora que rompeu com padrões

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Aventuras Na História
11/07/2021 13h00
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Este é um quadro meio maldito. Após sua exibição inicial, passou anos escondido do público, por ser considerado odioso e indecente. A crítica detestou: não só a cena é perturbadora de diversas formas, como a técnica estava toda “errada”, quebrando quaisquer noções clássicas de perspectiva e composição, estabelecidas desde a Renascença. E essa era a intenção.

Foi a partir de 'A Morte de Sardanapalo' que a carreira de Eugène Delacroix decolou. Os tempos estavam mudando e ele estava na dianteira. O quadro se tornou uma das fontes em que bebeu o romantismo, movimento com o qual Delacroix estava pessoal e profundamente envolvido.

Os românticos contestavam a veneração pelos clássicos e a (falsa) estabilidade da razão iluminista, usando de temas intensos e mórbidos. E um estilo que contrariava as convenções — tanto nos temas quanto na forma.

Retrato do pintor Eugène Delacroix / Crédito: Domínio Público/ Creative Commons/ Wikimedia Commons

 

A ideia veio de uma peça do romântico Lord Byron, baseada num relato do grego Ctésias de Cnido, que perdurou por meio do também grego Diodoro Sículo. Ctésias fala sobre o “último rei dos assírios”, lendariamente depravado e hedonista, que preferiu queimar consigo seus objetos de prazer a se render aos inimigos.

Delacroix leu não somente Byron como os textos originais, e adicionou alguns detalhes por conta própria, para aumentar ao máximo o impacto. Que foi grande: ele inspiraria outros pintores românticos e até mesmo músicos, como Hector Berlioz e Franz Lizst, que compuseram óperas sobre o rei infeliz Diodoro Sículo.

Confira sete informações sobre a curiosa obra:

1. Eunucos

Até o último momento, Sardanapalo aparece caindo em tentações carnais, servido de vinho por seus eunucos. Se Ctésias não inventou tudo, pode ter sido pura propaganda dos persas, inimigos históricos dos assírios. O nome Sardanapalo parece ser uma corruptela de Assurbanípal — mas este foi um ótimo rei, que morreu de velhice.


2. Etnia inadequada

Detalhe do homem negro na obra / Crédito: Domínio Público/ Creative Commons/ Wikimedia Commons

 

O homem negro parece fora de lugar em meio aos assírios, que existem ainda hoje e têm o aspecto típico do Oriente Médio. Podia ser um escravo, que, naquela época, vinha em todas as cores. Mas não é impossível que escravos africanos tenham ido parar na Assíria, um pedaço considerável da África.


3. Rei decadente (e inexistente)

Sardanapalo aparece nos textos de Ctésias de Cnido, um historiador grego do século 4 a.C. que viajou para a Ásia e disse ter lido fontes originais persas. O “último imperador da Assíria” teria sido extremamente decadente e corrupto. O problema é que os próprios registros assírios não têm ninguém com esse nome — o último rei foi Assuruballit II, que simplesmente desapareceu.


4. Fogo no palácio

Detalhe das concubinas sendo mortas / Crédito: Domínio Público/ Creative Commons/ Wikimedia Commons

 

Sardanapalo teria feito uma pira com suas riquezas, e no meio dela prendeu seus escravos, serviçais, concubinas, animais e, por fim, ele próprio, ateando fogo a tudo para evitar que os inimigos ficassem com o butim. Para aumentar o drama, Delacroix retratou a pira já acesa e bem perto, com as concubinas sendo mortas antes de queimadas.


5. Sexualidade

Ctésias dizia que Sardanapalo também tinha rapazes entre seus amantes. Os gregos não condenavam a homossexualidade em si, mas havia várias situações em que isso podia ser visto como vergonhoso. Uma delas era atuar de forma efeminada. Além dos rapazes no canto da imagem, o rei aparece em trajes femininos no topo da figura.


6. A favorita

detalhe de Mirra na cama do rei / Crédito: Domínio Público/ Creative Commons/ Wikimedia Commons

 

Mirra, a concubina favorita de Sardanapalo, aparece numa posição ambígua, talvez implorando, talvez venerando seu rei condenado. Na narrativa grega, ela teria se unido voluntariamente a ele no momento final.


7. Enorme tesouro

O rei pode não ter existido, mas uma coisa que não faltava a qualquer imperador neoassírio eram riquezas. Entre 911 e 612 a.C., eles dominaram vasta região do Irã até o Egito, sendo o mais poderoso Estado de seu tempo. Acabariam desintegrados por uma sucessão de guerras civis e revoltas dos povos dominados.


Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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