Biógrafo diz que Elize recebeu R$ 900 mil em bens após morte de Matsunaga
Aventuras Na História
No dia 8 de julho, chegou ao catálogo da Netflix o documentário ‘Elize Matsunaga: Era Uma Vez um Crime’. Dividida em quatro episódios, a produção narra a versão de Elize do crime que ela cometeu em meados de 2012, quando assassinou Marcos Matsunaga.
Após o lançamento da minissérie, contudo, o jornalista Ullisses Campbell, autor da biografia não autorizada 'Elize Matsunaga: a Mulher que Esquartejou o Marido', revelou alguns pontos de sua apuração, que traz uma diferente narrativa ao caso.
Em entrevista ao Universa, da UOL, o autor da obra, que deve ser lançada em agosto, afirmou que considerou os laudos de três psicólogos e um psiquiatra credenciados pela Justiça para comprovar que Elize é uma psicopata. Ainda mais, Campbell afirma, no livro, que a mulher recebeu R$ 900 mil após a morte do seu então marido.
Aos 39 anos, Elize agora cumpre sua pena na penitenciária de Tremembé, em São Paulo. Segundo Ullisses, ela não nunca foi julgada pelas outras detentas da instituição, já que não matou pais ou filhos, mas sim seu marido, que a traía constantemente.
A apuração
Para escrever a biografia não autorizada, Campbell explorou grande parte da vida de Elize, voltando no tempo até a infância da menina, enquanto ela crescia em Chopinzinho, no Paraná. Nesse sentido, ele descobriu que ela foi expulsa de casa depois que seu padrasto afirmou que a teria estuprado porque Elize teria o seduzido.
Uma vez longe de casa, a menina foi morar com sua avó e, quando completou 18 anos, Elize mudou-se para Curitiba, onde descobriu o universo da prostituição de luxo. Para contar essa parte da história, Ullisses entrou em contato com a ‘mentora’ de Elize.
“Ela me contou que Elize se apaixonava pelos clientes, tinha uma carência muito grande, e achava que encontraria o amor da sua vida”, narrou o autor, ainda ao Universa. Nesse momento, segundo Campbell, a mulher chegou a namorar alguns de seus clientes.
Relacionamento com Marcos
Na obra, o autor deixa claro que, apesar de casado com a mulher, Marcos Matsunaga nunca deixou de tratar Elize como uma prostituta. “Marcos era viciado em sexo”, narrou Ullisses. “Se uma noite qualquer ele queria transar mas ela não estava disposta, ele dizia: 'mas e quando você era prostituta e não podia negar?'.”
Tudo piorou quando Elize engravidou. De um lado, a mulher dizia que não queria ter relações sexuais por causa da gravidez, enquanto, do outro, Marcos passou a sair com prostitutas — mulheres que ele ranqueava em fórum na internet, segundo Campbell.
Eventualmente, após dias de brigas e humilhações, Marcos afirmou que entraria na justiça para tirar a guarda da filha de Elize, já que “nenhum juiz daria a guarda de uma criança para uma prostituta”, segundo Ullisses. “Ela vai se desequilibrando psicologicamente [durante a discussão], pega a arma e atira nele."
O crime e suas consequências
Em seguida, durante seis horas, a mulher desmembra o marido morto, com uma precisão absurda, que surpreende os peritos. De acordo com as análises psicológicas, é apenas desse momento que Elize se arrepende — não do tiro que deu em Marcos.
Mesmo após a morte do empresário, segundo Campbell, Elize "não saiu do casamento de mãos abanando”. De acordo com o autor, a mulher recebeu R$ 900 mil em bens do casal, que eram casados em regime da comunhão parcial de bens. Além dela, a filha dos Matsunaga, que hoje tem 10 anos, ficou com o resto da fortuna da família.
Nesse sentido, a família de Marcos acredita que Elize matou o empresário para ficar com a quantia. Pensando nisso, eles tentam tirar o nome da mulher da certidão da menina, que segue sendo criada pelos avós, segundo Campbell — a relação da mãe com a menina, inclusive, é narrada pelo autor como uma tentativa de gerar comoção.
A defesa
Em resposta à reportagem publicada pelo Universa, o advogado de defesa de Elize negou todas as afirmações de Campbell. Em nota oficial, Luciano Santoro afirmou que “Elize foi deserdada e não recebeu absolutamente nada de Marcos Matsunaga".
Ainda mais, a defesa pontuou que “é bobagem acharem que [Elize] matou seu marido por dinheiro, o que foi provado por mim no Júri que não foi". Por fim, Santoro ainda nega as afirmações de que sua cliente é uma psicopata, como Campbell teria narrado.
“Há laudos oficiais [judiciais] que atestam o contrário [e reafirmo aqui que Elize não é psicopata]", explicou o advogado de defesa. Nesse sentido, Santoro afirma que laudos que comprovam o suposto diagnóstico teriam sido comprados pela família Matsunaga.