Em 1987, Hebe defendeu os homossexuais em rede nacional: 'Ou as pessoas nascem assim ou não nascem'
Aventuras Na História
Hebe Camargo foi uma referência para a televisão brasileira nas literais primeiras seis décadas do veículo; presente em transmissões de vídeo desde a inauguração da TV Tupi, ao lado de Ivon Cury se consolidou como uma comunicadora capaz de angariar a audiência do país com segurança, se tornando, nos anos anteriores, um símbolo com seu programa homônimo.
Tamanha capacidade de comunicação passou a chamar ainda mais atenção na década de 1980, quando aproveitou a amizade com Silvio Santos para transferir seu programa da Bandeirantes para o SBT.
Por lá, além de apresentar, fez questão de enaltecer suas opiniões sobre política, problemas sociais e cultura como um palco aberto para grandes debates.
Dessa maneira, também chamou atenção como formadora de opinião, sendo convidada em 1987 para uma sabatina de jornalistas de vários veículos da imprensa promovida pelo programa Roda Viva, da TV Cultura. Contudo, sua participação no programa foi marcada por opiniões fortes, contrapondo grandes tabus comportamentais da época.
Revelações da estrela
Na conversa, transmitida ao vivo em rede nacional pela emissora e mais cinco emissoras educativas pelo Brasil, a loira transcorreu por assuntos pessoais, apoios políticos e sobre sua projeção na indústria do entretenimento.
Em certo momento, discute a legalização do aborto usando como comparação o divórcio, que havia sido legalizado anos antes: "O que as pessoas tem que pôr na cabeça é que, não é pelo fato de legalizar alguma coisa, que você vai ser obrigado a fazer". Nesse momento, o jornalista Ruy Castro indaga se a apresentadora já havia feito um aborto.
Hebe replica, revelando pela primeira vez na televisão que já havia feito e, com tranquilidade, justificou que a época e condição familiar que tinha não possibilitariam um crescimento saudável e aceitação social de um filho na época, resultando na intervenção. A surpresa maior, no entanto, ficou por conta de uma pauta que, na época, ainda era classificada como uma doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
Hebe-GBT
Durante o programa, o mediador do programa na ocasião, Augusto Mendes, pergunta para a apresentadora o motivo pelo qual ela defenderia o "homossexualismo", termo que ainda classificou como condição até 1990.
Hebe enaltece que não teria o porquê não apoiar a causa e comunidade: “Por que não defender? Por quê? Eles são piores que a gente? Eles escolheram ser assim? São seres humanos iguais à gente. Eles têm pai, têm mãe, irmãos, trabalham, pagam os seus impostos”.
O jornalista José Roberto Paladino, que representava a extinta revista Afinal, interrompe a apresentadora e indaga se o comportamento progressista de Camargo não seria um exemplo de interferência para propagação: “Mas não acha que você, como uma formadora de opinião, defendendo, você poderia estar ‘proliferando’?”, questionou.
Hebe, por sua vez, arrematou sua ideia; explicou com bom humor que não se tratava de uma orientação, mas sim, a maneira como se identificam sexualmente: "Não, meu queridinho. O fato de eu falar não vai mudar. Ou as pessoas nascem assim ou não nascem, não é porque a Hebe Camargo falou", concluiu.
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